O jornal golpista “Estadão” apresentou um editorial analisando a rejeição de Lula e de Bolsonaro. A rejeição de Bolsonaro é atribuída ao desastre que tem sido seu governo com o “gabinete do ódio” no Palácio do Planalto para atacar e difamar adversários políticos, que não se governa o país com motociata, não se vence a pandemia com cloroquina, etc ─ eis a argumentação do periódico para dizer que Bolsonaro não presta. Já sobre Lula, o jornal atribui a rejeição pela corrupção no seu governo. E por isso a rejeição apontada na recente pesquisa do Ipec, onde a rejeição de Bolsonaro é 49% e a de Lula 36%.
Ao final, o Estadão apresenta a conclusão: “que até o dia 2 de outubro o eleitor possa fazer uma avaliação responsável dos diversos candidatos, suas trajetórias e respectivas propostas. É preciso não colocar no poder gente tão eficiente em gerar rejeição.”
E é de conhecimento de quase todos que a burguesia não quer que nem Bolsonaro nem Lula se elejam, pois o que os capitalistas querem fazer de maldade contra o povo trabalhador é muita coisa. Mais cortes de salários, de benefícios sociais e etc, ou seja, o neoliberalismo elevado à décima potência.. E como nenhum deles demonstrou condições de executar esse plano, são descartados, embora Bolsonaro esteja ainda fazendo parte no plano B da burguesia imperialista. Se a terceira via não impulsionar, os banqueiros taparão o nariz e ficarão com Bolsonaro mesmo, fazer o quê?
As constantes matérias na imprensa em geral destacam muito a figura de Simone Tebet, o que nos faz crer com muita precisão que ela seria a alternativa viável para a burguesia. É o que indica o editorial do Estadão, precisamente. O problema é que ela está em quarto lugar nas pesquisas com cerca de 5% das intenções de voto, atrás de Lula, de Bolsonaro e de Ciro Gomes. Para terem êxito, os banqueiros precisam mudar os votos de cerca de 70% ou 80% dos eleitores em menos de um mês. Nesse caso, a imprensa golpista precisará ter muita intensidade na propaganda. Mas, como não se precisa ser o mais popular para se vencer uma eleição no País (haja vista a ditadura do PSDB de Serra, Alckmin e Doria em SP), basta a imprensa apresentar o candidato como apoiado por importantes parcelas da população para, como num passe de mágica, as pesquisas e mesmo o resultado eleitoral apontar uma decisão no segundo turno até então inesperada.
O fato de ser Tebet a preferida fica evidenciado na imprensa em geral, nos debates ocorridos entre os candidatos, nas entrevistas, onde as perguntas não a colocaram de “saia justa” em nenhum momento, só elogios e pura paparicação. Nem Lula nem Bolsonaro tiveram boa apresentação, sendo os principais atacados pelos outros candidatos. Isso joga luz na imagem da Tebet como a suposta melhor candidata.
Toda a imprensa golpista e capitalista tem noticiado mais sobre ela que sobre Ciro Gomes, que está em sua frente. Nunca houve um candidato em quarto lugar nas pesquisas com tanta cobertura na imprensa, ela daqui a pouco vai ter tanta cobertura quanto têm Lula e Bolsonaro. Esses dois candidatos são os únicos que possuem uma base eleitoral real. Tanto um como o outro ao convocarem seus eleitores para um ato público podem fazer grandes atos, enquanto que os candidatos restantes não conseguem levar nem mesmo suas famílias para algum ato. Essa é a realidade.
Assim fica ainda mais evidente que a imprensa golpista e imperialista tem como objetivo central retirar Simone Tebet do quarto lugar e levá-la ao terceiro e, depois, com alguma mágica (uma chantagem sobre Lula?), colocá-la no segundo turno. Para isso os capitalistas estão dispostos a usar todo seu poder, que não é pouco, para tentar colocar essa candidata do MS, latifundiária, no segundo turno das eleições. Será que conseguem essa façanha? Já fizeram isso em 1989 e em 2014 por exemplo, com Collor e Aécio Neves. Não podemos subestimar todo esse poder. Portanto, estamos diante de possível novo golpe eleitoral a caminho.
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