A esquerda pequeno-burguesa brasileira tem como único objetivo ganhar, a qualquer custo, as eleições. O que vale não é o programa, não é a organização dos trabalhadores para a luta, mas sim os mais espúrios acordos, que a todo custo, poderão garantir um cargo a mais no Estado brasileiro. Nesse sentido, quando o assunto é eleição a esquerda pequeno-burguesa mostra a todos sua grande “inteligência”, sua estratégia infalível para driblar os candidatos burgueses e com o apoio de próprios setores da burguesia, que sempre a massacrou, garantir seus votos.
O golpe de Estado ocorreu no Brasil há exatos 6 anos, de lá para cá o centrão derrubou a presidenta do Partido dos Trabalhadores, figuras como Geraldo Alckmin e partidos como o MDB, foram os pilares da pesada campanha contra toda a esquerda, que além do golpe, levou inclusive a prisão do ex-presidente Lula, agora, novamente candidato.
Como não bastasse, é este mesmo centrão que esteve a frente da sustentação do governo Bolsonaro e o principal impulsionador de toda política de destruição nacional realizada nos últimos anos no país. No entanto, para a esquerda pequeno-burguesa brasileira, a única maneira de derrotar Bolsonaro é justamente se aliando aos pais da criatura.
No jargão popular, aquele que sofre nas mãos de outro com quem se relaciona, mas mesmo assim não aprende a lição é a típica “mulher de malandro”. Com a pressão da ala direita do PT, Lula cedeu e tornou Alckmin, um golpista de primeira, seu vice. Agora, com a pressão dos “aliados”, como o PSOL, a candidatura do PT se vê pressionada a negociar amplamente com setores do centrão, sobretudo do MDB, com o objetivo de, na ilusão eleitoral desta esquerda, dividir o centro e garantir apoio a candidatura de Lula.
A ideia parece simples, você se unifica com todos em nome da luta em defesa da “democracia”, contra o mal do bolsonarismo, No entanto, os “democráticos” com quem a esquerda quer se unir são nada mais nada menos do que seus principais algozes. O democrático centrão foi o responsável por derrubar a presidenta Dilma Rousseff do PT, em 2016, o democrático Geraldo Alckmin é o maior inimigo dos trabalhadores em São Paulo, sendo conhecido nacionalmente pela sua ampla política de repressão contra a população. Tudo o que a esquerda pequeno-burguesa vê como apoio eleitoral, nada mais é que um retrocesso, um ataque a candidatura de Lula e a todos os trabalhadores, é permitir mais uma vez o ressurgimento do que há de pior na burguesia brasileira, ajudando a reciclar o lixo político.
E esta é a preocupação número um destes setores. As declarações de Dilma sobre Michel Temer, após o mesmo de maneira cínica afirmar que a ex-presidenta era uma figura honesta, geraram um grande desconforto em setores da esquerda pequeno-burguesa, que viam na figura de Temer e no MDB, uma possibilidade de se reaproximar com aqueles que seis anos atrás foram responsáveis por golpear a esquerda e impor um regime golpista no país.
O mesmo pode ser visto nos elogios a Alexandre de Moraes, do STF, que se tornou um inquisidor oficial do golpe, que vem perseguindo todos aqueles que demonstrem qualquer oposição aos interesses do principal setor da burguesia golpista e do imperialismo.
O papel da esquerda não deve ser de garantir as eleições por meio de acordos com o que há de pior na política brasileira. Ir à direita não é um benefício a não ser a própria direita golpista, o dever da esquerda nas eleições é de recorrer aos trabalhadores, recorrer a mobilização das amplas massas na luta contra o golpe e por Lula Presidente.
A esquerda que se ajoelha perante os golpistas, lambe as botas do judiciário e da Suprema Corte, que abaixa a cabeça perante a campanha do imperialismo contra o país em nome das eleições, prova apenas que existe um setor masoquista na esquerda brasileira, que adora apanhar para o imperialismo e para todo regime golpista.