A situação da cultura e das artes no atual momento de decadência capitalista é algo absolutamente lamentável. Isso se reflete de forma bastante clara nas produções artísticas que ganham notoriedade pela divulgação na imprensa, mas também pela forma como ela se manifesta no ambiente político.
Um exemplo disso, no caso brasileiro, é o do Ministério da Cultura. Durante o governo Bolsonaro, o órgão foi desmontado e transformado em uma secretaria especial. Passaram por essa secretaria todo um zoológico de criaturas aberrantes. Entre elas, o ator bolsonarista sem talento Mário Frias, a atriz global apaixonada pelos militares, Regina Duarte, o cosplay de Joseph Goebbels, Roberto Alvim, e muitos outros que são menos conhecidos e notórios, mas não menos grotescos.
Ao que tudo indica, Lula irá reabrir a pasta, dando a ela novamente status de Ministério. Os boatos que correm é que a pessoa mais cotada para assumi-lo é a cantora Margareth Menezes. Uma péssima escolha, caso venha a se concretizar.
Aqui, a questão não é debater sua carreira como artista ou cantora. Mas sim o fato de que ela é, aparentemente, uma daquelas figuras identitárias cooptadas pelo imperialismo para depredar a cultura e a história nacional. Como todas as outras na mesma situação, ela se passa por grande esquerdista, mas, no fim das contas, é mais uma defensora do câncer identitário na cultura.
Menezes é fundadora da ONG Fábrica Cultural, instituição que realiza trabalho filantrópico/cultural/educativo, localizada na Ribeira, bairro de classe média em Salvador. O objetivo da Fábrica Cultural seria, supostamente, ensinar pessoas através da arte a desenvolverem “produtos, serviços e negócios derivados da economia criativa como dinamizadores de territórios, para auxiliar no desenvolvimento econômico inclusivo e sustentável”.
Além disso, também têm o objetivo de desenvolver trabalhos colaborativos “visando gerar crescimento a partir do fomento às redes, particularmente redes de mulheres empreendedoras”.
Esse é o objetivo declarado pela página do projeto, que recebeu um espaço de sete mil metros quadrados, cedido pelo governo da Bahia e tem projetos patrocinados por empresas como Carrefour Brasil. Pelas descrições e imagens que se tem da ONG, é um pouco difícil de compreender sua função, mas ao que tudo indica, se trata de uma casa que ensina as pessoas a fazerem artesanato.
Outro indicativo de sua boa relação com o imperialismo e com os identitários é que, em 2002, ela foi eleita uma das 100 personalidades negras mais influentes do mundo pela MIPAD – Most Influential People of African Descent, instituição chancelada pela ONU. Ela também é embaixadora no Brasil da missão IOV-Unesco, que supostamente teria como objetivo a preservação e promoção da arte popular e cultura folclórica como elementos do patrimônio cultural imaterial.
O boato dessa indicação está sendo, naturalmente, muito celebrado por toda a imprensa, que acredita que a cultura deve ser um meio de infiltrar o imperialismo com a ajuda dos identitários.
Infelizmente, a esquerda parece não se dar conta de que a penetração identitária na cultura é também uma penetração dos tentáculos do imperialismo. O boato sobre a indicação de Margareth Menezes para o Ministério da Cultura surge em meio à pressão feita pela imprensa golpista para que Lula indique mais mulheres, negras, LGBT, indígenas etc para os ministérios. É um aceno de Lula aos identitários, em meio ao malabarismo político que o petista tenta fazer para viabilizar seu governo.
A situação da cultura no Brasil parece ser esta: ou está na mão dos identitários, ou está na mão de pessoas que são totalmente opostas a ela, como estava durante o período de Bolsonaro. A ausência de uma presença da esquerda revolucionária nesse campo é lamentável e é algo no qual se deve investir, para combater essas duas tendências reacionárias.