A cerimônia de entrega do Oscar, maior festa da indústria cinematográfica norte-americana, vem caindo na mais completa decadência há já pelo menos uma década. Na cerimônia do último dia 27, por exemplo, o que se viu nas manchetes do dia seguinte não foi nada relacionado aos filmes.
Aparentemente, o ponto alto da festa de domingo passado foi uma cena protagonizada pelo astro Will Smith, que supostamente se irritou com uma brincadeira feita pelo comediante e apresentador da noite Chris Rock sobre a sua mulher, a atriz Jada Pinkett Smith. O episódio foi só sobre o que se falava na segunda-feira (28), ao passo que pouco se viu comentar antes e depois da cerimônia sobre o trabalho daqueles que concorriam ao prêmio.
A festa, que sempre foi conhecida pelo conservadorismo no conteúdo das películas que premia e pelo privilégio dado às produções hollywoodianas, conseguia impor sua posição quando o acesso às produções cinematográficas se dava em primeira mão exclusivamente por meio das salas de cinema dominadas pelas grandes distribuidoras de filmes.
Com o advento do mercado de Streaming, esse monopólio se quebrou e o cardápio de filmes disponíveis ao público hoje é infinitamente maior, tornando o formato da festa do Oscar obsoleto.
A academia tentou se adaptar à nova realidade primeiro aumentando o número de concorrentes nas principais categorias, em especial na categoria de melhor filme que atualmente engloba 10 concorrentes no lugar dos tradicionais 5 finalistas.
A cerimônia hoje não tem mais condições de causar o impacto de outrora e portanto para ser lembrada de alguma forma pelo público precisa apelar para “causos” como o ocorrido entre Will Smith e Chris Rock, cujo episódio tem, inclusive, toda a cara de ter sido combinado para acontecer.