Na manhã de ontem (21), o Partido dos Trabalhadores (PT), em convenção realizada junto ao PCdoB e PV, oficializou a escolha de Luiz Inácio Lula da Silva como pré-candidato à presidência da República. O evento aconteceu a portas fechadas, na sala de um hotel, restrita a membros da Executiva Nacional dos partidos citados. O próprio Lula, no momento da convenção, estava em Pernambuco, preparando-se para o ato público que aconteceria na capital naquele dia.
A convenção a portas fechadas, ao que tudo indica, serviu para evitar um mal estar no interior do PT viesse à tona. Há muita insatisfação, entre os militantes da base do partido, com uma série de decisões equivocadas tomadas pela direção a respeito da pré-candidatura de Lula, como a aliança com partidos de direita (Solidariedade, PSB, Rede e PV) e a indicação de Geraldo Alckmin (PSB) como vice. Esses decisões, motivadas por uma pressão da ala direita do partido, tem dificultado que a campanha em torno de Lula decole.
Independentemente dos erros da direção, o fato é que, agora, o nome do maior líder operário da América Latina está oficializado como pré-candidato à presidência da República do país mais importante da América Latina. Na prática, Lula agora já é candidato — basta que seja registrado no mês de agosto, como manda a burocracia do TSE, para que possa ser assim chamado.
A candidatura de Lula vem em um dos momentos de maior crise política da história do País. Após cinco anos do golpe de Estado que derrubou o governo do Partido dos Trabalhadores, o Brasil se transformou em um barril de pólvora. Parte significativa da indústria nacional foi arruinada, o desemprego chegou em números impressionantes, a inflação atingiu os dois dígitos, a perseguição e a censura tornou-se comum e os direitos trabalhistas e sindicais foram atirados à lata do lixo. Lula é visto pelas massas, portanto, como aquele capaz de reverter todos os ataques recentes da direita golpista.
O que está em jogo em 2022 não é uma mera escolha eleitoral. O confronto entre Lula e Bolsonaro, ou entre Lula e qualquer outro candidato de direita apoiado pelos bancos, será uma expressão da luta vigente entre a continuidade do golpe e a sua reversão. Uma luta, portanto, que exigirá não apenas um convencimento genérico da “opinião pública”, mas sim um enfrentamento contra o Judiciário, a imprensa e até mesmo as Forças Armadas.
Para que Lula possa ser eleito, e, caso eleito, empossado, e, caso empossado, mantenha-se no governo e ainda consiga levar adiante um programa popular, será preciso que as massas intervenham diretamente no processo. Do contrário, a direita irá, como tem feito nos últimos anos na América Latina, impedir sua eleição ou mesmo derrubá-lo.
Neste sentido, é preciso romper por completo com a política paralisante dos setores mais conservadores em torno da campanha de Lula. A ideia de que Lula “já ganhou no primeiro turno”, ou mesmo a de que deve-se evitar sair às ruas por causa da violência da extrema-direita levarão à liquidação da campanha. São armadilhas para que a burguesia tenha um cenário mais favorável para controlar as eleições — isto é, um cenário sem pressão popular.
Agora que é oficial, é preciso tomar uma decisão: ir com tudo para as ruas para ganhar, nas ruas, as eleições. Não há mais tempo a perder, as eleições serão em 70 dias.
As viagens recentes de Lula a Salvador, Rio de Janeiro, Brasília e Pernambuco mostram o caminho correto, da mobilização. Mas é preciso fazer mais. É preciso aumentar o número de atos públicos, fazer uma ampla convocação desses comícios e organizar, em cada cidade, comitês de luta para mobilizar os trabalhadores em torno da candidatura do povo. Lula Presidente!