─ Rafael Dantas e Eduardo Vasco, de Moscou ─
Nos últimos dias de nossa viagem à Rússia e ao Donbass, tivemos a oportunidade de participar de uma manifestação que recordava o início da invasão alemã à União Soviética, em 1941. Realizada nos muros do Crêmlin, ela foi organizada pelo Partido Comunista da Federação Russa e contou com o depósito de flores na Chama Eterna do Monumento ao Soldado Desconhecido, em homenagem aos heróis soviéticos que derrotaram o nazismo.
Da cerimônia, participaram algumas centenas de militantes comunistas e uma parte dos deputados do PCFR na Duma Estatal, o parlamento russo. Dentre eles, o secretário-geral do partido, Guenadi Zyuganov. Denis Parfenov, jovem deputado de 34 anos que está em seu segundo mandato na Duma, concordou em nos conceder uma entrevista.
Ele falou sobre o trabalho do PCFR em apoio às repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, o crescimento do fascismo na Europa e o apoio da população russa à operação militar especial desencadeada pelas forças armadas russas no leste da Ucrânia.
Por que o Partido Comunista apoia a operação especial?
A URSS foi separada de modo oficial de diversas maneiras. É por isso que as fronteiras criadas entre os novos países são muito estranhas para nós, que não as aceitamos. E o que está acontecendo agora é resultado do que ocorreu 30 anos atrás. Especialmente se levarmos em conta que os nossos oponentes por todos esses anos criaram essa atmosfera que estamos vendo neste momento.
Qual tem sido a repercussão dessa operação entre os trabalhadores?
Para nós, neste momento, a questão mais importante é proteger a soberania do nosso país. A classe trabalhadora na Rússia e na Ucrânia foram separadas e colocadas uma contra a outra pela burguesia, o que é inaceitável para nós. A maior parte da classe operária russa apoia esta operação. No início, muitas pessoas ficaram chocadas. Mas depois o apoio foi consolidado dentro da opinião pública e a maioria apoia a operação.
Isso é algo natural para muitas pessoas, porque elas entendem que, em uma perspectiva de longo prazo, a união de Rússia, Ucrânia e Bielorrússia é algo lógico.
Que resultado o partido espera dessa operação e no que ela favorece a luta pelo socialismo?
Estamos muito preocupados com a ideologia fascista e racista que está levantando a cabeça na Europa. E é claro que não podemos permitir essas marchas de tochas e outras manifestações fascistas que ocorrem na Europa quando elas começam a demolir os monumentos em homenagem aos soldados e oficiais soviéticos. Acreditamos que só se pode falar de luta pelo socialismo de uma maneira muito limitada quando se está sob um regime fascista. Mas achamos necessárias as intenções que foram declaradas no início desta operação, de desmilitarização e desnazificação daqueles territórios.
O partido tem trabalhado em conjunto com o governo e outras forças para contribuir com a libertação do Donbass?
Desde 2014 o PCFR tem feito muito com relação à ajuda humanitária para o Donbass. Nós lideramos até o momento 97 comboios de ajuda humanitária, levando bens necessários como alimentos e remédios.
E qual a política que o partido tem levado a cabo no parlamento com relação ao Donbass?
Em todos estes anos tem sido o nosso partido que iniciou a campanha pelo reconhecimento das repúblicas de Donetsk e Lugansk. Finalmente houve o reconhecimento oficial da Rússia e nós consideramos uma vitória do nosso partido. Agora, nossa principal tarefa, em todos os níveis, é que haja paz em Donetsk. E para que isso ocorre é preciso libertar todo o território da Ucrânia dos nazistas e acreditamos que isso será feito.