A eleição de Lula, no segundo turno das eleições deste ano, representou uma enorme vitória dos trabalhadores brasileiros contra o golpe de Estado imperialista que assola o País há mais de uma década. Mais do que isso, significa a possibilidade de uma retomada completa da luta da classe operária, uma vez que Lula, sendo o principal representante dos trabalhadores no Brasil, é muito mais pressionado pela população do que qualquer outra figura e, portanto, tem a capacidade de levar as reivindicações do povo a um novo patamar.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT), a maior central sindical de toda a América Latina, tem o dever de organizar a luta dos oprimidos em prol de suas necessidades. A organização é a principal arma do proletariado, e a CUT deve ser pensada justamente nesses termos, como um artifício poderosíssimo que pode empurrar o governo Lula cada vez mais à esquerda apesar de todas as forças que tentam freá-lo, como a burguesia e a sua imprensa.
Em artigo publicado nessa quarta-feira (16), a central indica que pode travar essa luta de maneira mais contundente. Além de levantar dados relacionados à popularidade da implementação de uma semana de trabalho de 4 dias no Brasil, o artigo, intitulado “Cresce apoio a semana de trabalho de quatro dias, aponta pesquisa”, revela que as entidades da CUT estariam preparando um documento unitário detalhando reivindicações destinadas ao presidente eleito. Todavia, destaca-se justamente a proposta histórica do movimento operário de redução da jornada de trabalho sem perda salarial.
“Esse debate vem sendo construído dentro das centrais para apresentar ao novo governo vários pontos, inclusive sobre esse ponto (da redução da jornada) que está combinado com a redução do desemprego”, coloca Ari Nascimento, secretário da organização.
Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que se trata de uma reivindicação absolutamente essencial para iniciar a retomada dos direitos trabalhistas retirados do povo pelo golpe no País. Finalmente, trata-se de um dos pontos que melhor representa os rumos que a mobilização popular deve tomar, algo que levaria a classe operária cada vez mais próxima de reivindicações mais acabadas e, consequentemente, em direção a um verdadeiro governo dos trabalhadores.
Os trabalhadores precisam conquistar a redução da jornada de trabalho ─ ponto que consta nas reivindicações do Partido da Causa Operária ─ sem redução salarial, pois isso, além de permitir mais tempo de descanso e destinado às suas atividades políticas, faz com que mais trabalhadores tenham emprego. Trabalhar menos para que todos trabalhem ─ esse é um dos lemas do PCO.
A luta política no Brasil avança a passos largos. Após sofrer derrotas importantes, como é o caso do impeachment de Dilma e a prisão de Lula, o movimento operário vem se radicalizando cada vez mais nos últimos anos, algo que desembocou na eleição de Lula contra a burguesia golpista. É imprescindível, portanto, que o próximo governo acompanhe essa polarização e expresse, também, o acirramento da luta de classes no País. Algo que, ao que tudo indica, tende a acontecer.
Lula, por sua vez, vem dando sinais claros de que governará para os trabalhadores, e não para o imperialismo. A declaração da CUT, por esse ângulo, mostra que o presidente eleito terá apoio das principais organizações operárias para levar adiante a sua luta contra a burguesia. Somado à recente declaração de Stédile, de que é preciso intensificar a organização dos comitês populares, mostra uma perspectiva positiva ao povo brasileiro.
Fica cada vez mais claro, portanto, que é imprescindível que a mobilização popular continue para que Lula consiga emplacar, uma vez empossado, os verdadeiros interesses dos trabalhadores.