O ex-presidente Lula realizou um comício em Curitiba (PR) no último sábado (17), que contou com alguns milhares de presentes. Conforme relatos da imprensa independente, o ato com palanque na Boca Maldita, centro da cidade, também lotou ao menos três quarteirões do calçadão da rua XV de Novembro e ruas laterais.
Mais uma vez, como tem ocorrido em todos os comícios eleitorais do petista, houve um esquema de segurança controlado pela Polícia Federal e pelas demais forças de repressão do Estado, para justamente impedir que a base social e eleitoral de Lula saísse do controle dos golpistas. A parte de trás do palanque foi totalmente cercada e bloqueada para que ninguém se aproximasse e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) fez revista em todos os manifestantes que entraram na área cercada, com detector de metais, revistando mochilas e impedindo até mesmo que garrafas de água passassem. Havia, ainda, seguranças à paisana.
Um aspecto positivo com relação à segurança, apesar do controle geral por parte da polícia fascista, foi o fato de que militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se aglomeraram na parte da frente próxima ao palco para, eles mesmos, protegerem o ex-presidente caso alguém tentasse algum ataque. Esse é o único caminho a ser seguido com relação à segurança: ela deve ser feita pelos próprios militantes do PT e dos movimentos sociais como MST e CUT, e não pela polícia, que está aí apenas para reprimir precisamente essa base social de Lula.
Os militantes do Partido da Causa Operária estiveram presentes ontem na Boca Maldita, em Curitiba, no comício de Lula. pic.twitter.com/inJQAGlxv5
— DCO – Diário Causa Operária (@DiarioDCO) September 18, 2022
Os militantes do Partido da Causa Operária (PCO) e dos Comitês de Luta, como sempre, estiveram presentes, armando uma banca do lado de fora do cercado e estendendo a enorme faixa com a palavra de ordem “Lula Presidente, por um governo dos trabalhadores”.
“O ato foi positivo, seria melhor no Centro Cívico mas foi positivo. Estava o povo pobre. Conversamos com algumas pessoas e elas disseram que tem que ser ‘Lula ou nada’, se for eleito Bolsonaro ‘vamos invadir Brasília’. O interessante é que essas pessoas não são militantes”, destaca o candidato do PCO ao Senado pelo Paraná, companheiro Roberto França.
Caravanas de ônibus chegaram de diversas cidades do estado e muitos habitantes de Curitiba também compareceram ao comício. Os companheiros do PCO no Paraná enfatizaram que esse ato reflete a tendência de mobilização da população, muitas vezes espontânea, que só não está radicalizada o bastante porque a direção do PT, também pressionada pelos “aliados” da esquerda (PSOL e PCdoB) e da direita (PSB, PV, Solidariedade, Avante etc), está conseguindo freá-la até este momento.
“O nosso trabalho se comprovou novamente contrastante em relação ao dos outros partidos que supostamente apoiam Lula, que fazem uma campanha meramente eleitoreira, enquanto nossa participação é sempre militante, como vimos neste novo comício”, afirma Diogo Furtado, militante da juventude do PCO e candidato a deputado federal no Paraná. Esse evento demonstrou, realmente, o caráter popular da candidatura de Lula, apesar de toda a sabotagem que está sendo feita pela burguesia e pela direita que se infiltrou em sua campanha. Durante uma reunião de balanço realizada pelos militantes do PCO logo após o ato, ainda na rua, uma companheira que participou do ato, que não é militante do PCO nem do PT, mas sim uma trabalhadora comum, deu a seguinte declaração, espontânea e emocionada, para a nossa reportagem: “eu gostaria de falar para o Lula que eu amo o Lula. Graças ao Lula eu tenho minha casinha. Eu amo você e você é o nosso presidente, Lula. Vai, vai, porque você é o nosso presidente!”
De modo geral, ao invés de realizar uma campanha popular, de rua, de massas, nos bairros operários e nas fábricas, o PT prefere traçar alianças com alguns dos setores mais reacionários e golpistas da política nacional (como Geraldo Alckmin e Márcio França do PSB). O problema é que nem o PSB nem os apêndices de banqueiros que fingem suportar Lula ─ como o neoliberal Pérsio Arida ou a tchutchuca de George Soros, Marina Silva ─ moverão uma palha quando o conjunto da burguesia investir ferozmente para derrotar Lula. E essa investida não precisará vir quando este já estiver no governo, caso ela consiga fazê-lo ainda durante as eleições.
Se Lula e o PT querem realmente vencer as eleições, precisam abandonar essas crenças e essa atitude conservadora e direitista. Precisam alertar a sua base eleitoral e social para os perigos de uma derrota, para a união das diferentes forças da burguesia contra o seu êxito no pleito. O perigo não são os cachorros loucos bolsonaristas. O perigo é muito maior: uma classe de conjunto, com todo o seu aparato estatal, a imprensa e o Judiciário.
A CUT e o MST não passam de figurantes na campanha de Lula. Estão completamente de escanteio. Isso é inadmissível. São eles que garantirão a vitória do petista. Não apenas porque a maioria esmagadora de seus eleitores são da classe trabalhadora e camponesa, como também porque, se há milhares de pessoas nos comícios, isso é devido ao chamado dos movimentos populares (embora fraco e burocrático). Mas, principalmente, porque, na hora do “pega pra capar”, na hora do “arranca rabo”, na hora do “vamos ver” ─ ou seja, quando a “chapa esquentar” ─ serão os trabalhadores, os camponeses e os militantes de base os únicos que estarão ao lado de Lula exigindo que a vontade popular seja atendida e seu presidente assuma o cargo.
Por isso essas últimas semanas de campanha no primeiro turno precisam sofrer uma reformulação radical. Nada de beijos e abraços com aqueles que podem nos trair a qualquer momento! Nada de reduzir a participação popular nos eventos de campanha! Nada de “paz e amor” nos discursos e propagandas! É preciso polarizar e levantar os trabalhadores, encher as ruas com centenas de milhares de panfletos, jornais, adesivos, cartazes, bandeiras vermelhas, colocar a imensa base militante do PT à frente da campanha, mobilizar todos os sindicatos da CUT e os acampamentos e assentamentos do MST, os grêmios estudantis, os DCEs, os Centros Acadêmicos, as associações de bairro e todos os movimentos populares para fazer o País ferver e mostrar à burguesia que esse povo com sangue nos olhos não irá aceitar nada que não seja a vitória de Lula e a ascensão ao poder de um governo dos trabalhadores da cidade e do campo.