A crise no imperialismo se aprofunda, nenhum país do planeta escapa das grandes agitações políticas. Nos países europeus e nos EUA, o regime político tradicional se desmonta completamente e cresce a extrema direita; no Oriente Médio, os povos se levantam em armas; na América Latina os regimes golpistas todos entram em impasses. E a principal manifestação dessa crise no momento é a derrota do imperialismo na Ucrânia, por meio da ação militar russa. Historicamente, todos os momentos em que esse regime político mundial entrou em crise, a classe operária se levantou, e em muitos países tomou o poder.
Analisar os acontecimentos no principal país do imperialismo mundial deixa claro o tamanho da crise em que o capitalismo internacional se encontra. Os partidos que controlavam o regime político por décadas estão totalmente desmoralizados. Precisaram realizar uma gigantesca manobra com investimento bilionário nas eleições de 2020 para voltar ao poder por meio de Joe Biden. Trump no momento é o político mais popular do país e provavelmente retornaria ao governo caso as eleições acontecessem hoje. A situação econômica interna é terrível, e a pobreza se ampliou ainda mais com a pandemia de COVID-19.
Mas é a política internacional que revela o tamanho do buraco em que o imperialismo vem caindo. Foi no dia 15 de agosto de 2021 em que isso ficou evidente para todos, quando uma organização nacionalista muçulmana em um dos países mais pobres do mundo derrotou a maior força militar já formada na história da humanidade. A libertação do Afeganistão pelo Talibã deixou claro que o rei Biden não está apenas senil como também nu. E não só todos os povos do Oriente Médio notaram esse enfraquecimento como os governos da China e da Rússia.
O governo Biden depois do fiasco tentou expandir a sua presença militar na Ucrânia por meio da presença oficial da OTAN no país. O confronto que havia se iniciado em 2014 com o golpe de Estado protagonizado por neonazistas financiados pelos EUA assim adentrava um novo estágio. Em fevereiro de 2022, Vladimir Putin decidiu intervir, iniciou uma operação especial militar para desnazificar a Ucrânia e libertar as Repúblicas de Donetsk e Lugansk, que vinham pedindo esse auxílio militar a anos.
Mais uma vez um país atrasado derrotou o imperialismo militarmente e desta vez também revelou para todo o planeta as atrocidades que o governo norte-americano está disposto a fazer para manter seu domínio mundial. A primeira delas, a criação de todo um exército de nazistas, sendo o maior e mais famoso grupo o Batalhão Azov e a segunda o financiamento, com relação direta do Partido Democráta e do filho de Joe Biden, de laboratórios de armas biológicas. O imperialismo não só era derrotado militarmente como sua real face revelada a todos.
Se a vitória do Talibã já foi um estímulo a todos os povos do mundo a se levantarem contra a ditadura mundial que é o imperialismo, com destaque para os povos árabes e muçulmanos em geral, a vitória da Rússia teve o mesmo efeito à décima potência. No caso do Talibã a guerra estava terminando, houve apenas grandes comemorações nos 4 cantos do planeta pela derrota dos exércitos imperialistas. Já no caso da Rússia, com o início da guerra em dezenas de países, os trabalhadores saíram às ruas em solidariedade ao povo russo e contra a OTAN.
Não só isso como também os governos dos países oprimidos tenderam em sua grande maioria a se alinhar com a Rússia e não com o imperialismo. No Paquistão, por exemplo, o governo se demonstrou tão nacionalista que o imperialismo organizou um golpe para derrubar o presidente Imram Khan que agora lidera um movimento para voltar a ser o primeiro-ministro. O governo da Síria, aliado de Putin, já anunciou que no futuro próximo expulsará as tropas norte-americanas que se encontram ocupando o nordeste do país. O apoio à OTAN ficou quase que restrito aos seus membros e lacaios totais, como a Colombia.
Como visto acima a crise se manifestou nos governos e em demonstrações de solidariedade dos trabalhadores de todo o mundo. Mas visto que a tendência é o seu crescimento cada vez maior o que provavelmente será visto num futuro próximo é um novo ascenso da classe operária mundial. As crises mundiais do imperialismo, Primeira Guerra Mundial, Crise de 1929, Segunda Guerra Mundial, Crise de 1974, todas deram origem a gigantescas mobilizações e processos revolucionários e ao que tudo indica uma etapa semelhante se aproxima.
As enormes sanções aplicadas na Rússia pelo imperialismo já se mostraram totalmente ineficientes em desestabilizar o país. Putin na realidade ganhou mais popularidade desde o início da ação militar. Pelo contrário, os trabalhadores da Europa são quem estão sentindo o peso das sanções que levam a alta no preço do gás, produto de base tão essencial como a gasolina no Brasil. A classe operária dos países atrasados, como se vê na América Latina e no Oriente Médio, já se levantou em muitos países, e essa crise agora pode estourar até mesmo no centro do capitalismo mundial.