No Brasil, mais de 80% das mulheres estão endividadas, conforme pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo – CNC.
No último mês de setembro, a CNC publicou uma pesquisa que demonstrou que 80,9% das mulheres estão sem condições de pagar suas dívidas, sendo que esse valor em comparação com os homens é de 2,7 p.p. (pontos percentuais) maior. Também é importante salientar que 81,5% dos lares chefiados por mulheres recebem o Auxílio Brasil, já que as mulheres foram as primeiras a perderem seus empregos na crise econômica que se aprofundou com a pandemia COVID19.
No geral, 79,3% dos lares brasileiros estão endividados, sendo que este valor é recorde da série histórica que foi iniciada em 2010. Entre agosto e setembro de 2022, o endividamento das famílias cresceu 0,3%.
Deste total de famílias endividadas, 80,9% são de mulheres, sendo que de setembro/2021 para setembro/2022 houve um aumento de 5,9 p.p. segundo a Pesquisa de Inadimplência do Consumidor – Peic. Em comparação com agosto/2022, houve um crescimento de 0,9 p.p. entre as mulheres e queda de 0,1 p.p. entre os homens.
A pesquisa revela que a inflação elevada e as altas taxas de juros são os responsáveis pela inadimplência no país, sendo que cartões de crédito e carnês são os grandes causadores dos endividamentos. As mulheres devem mais nos cartões de crédito 85,6%, enquanto os homens são 84,6%; e nos carnês, mulheres 19,4% e homens 18,8%. Já nas outras modalidades que seriam financiamento de carro, crédito pessoal, financiamento de casa, cheque especial, os homens estão na frente… aparentemente as mulheres não possuem crédito nos bancos para esses fins, já que uma grande parcela trabalha em subempregos ou estão desempregadas.
Estes dados nos levam a questionar mais uma vez a política identitária que prega que as mulheres tornam-se “empoderadas”, seja lá o que isso significa, por motivos subjetivos, quando não pela questão da “liberdade sexual”, pois uma mulher empoderada seria uma mulher independente. No entanto, estes dados acima mostram que as mulheres que não são emancipadas economicamente, são mulheres dependentes.
As mulheres não são as primeiras a serem demitidas e as últimas a conseguirem um emprego devido à má sorte, ou à falta de empoderamento. Isso ocorre porque existe uma política de exclusão das mulheres. Todos sabemos que as mulheres ganham menos mesmo tendo melhor formação e executando a mesma função que um homem. A questão da legalização do aborto vem na mesma situação, que é manter as mulheres escravas do lar, dependentes e bitoladas.
Para que a mulher seja verdadeiramente independente, é preciso lutar por sua emancipação econômica, ou seja, que ela tenha condições materiais, concretas para sobreviver e levar adiante uma vida digna. Caso contrário, ela fica à mercê ou do trabalho doméstico, ou dos patrões, duas situações de opressão.
É preciso dizer que a única forma da mulher alcançar sua verdadeira emancipação econômica e portanto sua liberdade, é através da luta pelo socialismo. Mulheres trabalhadoras, uni-vos!