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Entrevista

Conferência será um “um marco na luta do negro no Brasil”

Conferência acontecerá nos dias 19 e 20 de março

Em virtude da realização da Conferência Nacional do Coletivo de Negros João Cândido, a Conferência de Negros do PCO, que acontecerá nos dias 19 e 20 de março, no Rio de Janeiro, entrevistamos o companheiro Juliano Lopes, coordenador do Coletivo de Negros João Cândido e membro da Direção Nacional do Partido da Causa Operária. O evento acontecerá na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, e segue com as inscrições abertas.

Segundo Juliano Lopes, o propósito da conferência é “fazer uma discussão em torno das reivindicações fundamentais da população negra e, a partir desse debate, colocar em prática as propostas ali levantadas: comitês de luta, comitês de autodefesa, comitês Lula Presidente — enfim, tudo o que for debatido na Conferência enquanto política e enquanto teoria, de modo a, nos dias seguintes, colocar a luta em prática e dar um novo pontapé na luta do movimento negro brasileiro”.

A Conferência é aberta para qualquer pessoa que queira participar e tenha interesse em discutir as questões do movimento negro. O caráter amplo da conferência foi bastante destacado pelo coordenador do Coletivo João Cândido: “todas as organizações políticas, ou mesmo pessoas avulsas, os ativistas, os companheiros que estiveram conosco na luta contra o golpe e todos aqueles que estiverem interessados podem participar da conferência”.

Para Juliano Lopes, a expectativa é que seja realizada uma grande conferência, que dê conta de organizar “um movimento negro de fato”. Isto é, que debata aquilo que considera as “questões mais fundamentais da população negra”, como a questão da fome, da habitação e do desemprego. A questão do identitarismo também terá um capítulo no debate da conferência. Na opinião do dirigente do PCO, o maior destaque deverá cair sobre a repressão policial, “uma coisa que afeta diretamente a vida da população negra”.

O evento já conta com grande variedade de pessoas inscritas. Entre elas, companheiros do Partido dos Trabalhadores, capoeiristas, companheiros de terreiros, do Movimento Negro Unificado (MNU) e do PCO.

Juliano Lopes considera a conferência “um marco na luta do negro no Brasil”, uma vez que “temos um golpe de Estado dado em 2016 que ataca os direitos econômicos, democráticos e sociais do povo negro”. A conferência será, portanto, “um chamado daqueles interessados em lutar contra tudo isso, de maneira séria e organizada, com todos aqueles que queiram estar do nosso lado”. Juliano ainda sublinhou a necessidade de organizar um movimento negro de fato independente: “se a gente não organizar um debate, vamos acabar deixando que outros o façam, como a imprensa e a própria universidade. A história já comprovou que esses meios não resolvem o problema do negro: é preciso um debate amplo para colocar em marcha um verdadeiramente combativo, revolucionário”.

Por amplo, Juliano Lopes quer dizer verdadeiramente amplo. “Mesmo os companheiros brancos podem participar. Não tem problema nenhum, o que vale para nós é ter um programa de luta. Não somos identitários, que defendem que basta ser negro para defender uma política revolucionária, combativa e negra. A gente entende que é preciso ter um programa, um debate, uma discussão. É preciso colocar em marcha um programa de luta do povo negro que envolva todos que queiram lutar pelo programa. No brasil, a classe trabalhadora corresponde em muito ao povo negro, mas todos os interessados em realizar a luta estão convidados para a conferencia e para participar da luta após a conferência”.

Além da ampla participação, Juliano Lopes destaca que não é possível fazer uma discussão “puramente negra”, apontando a necessidade de uma discussão política geral. “É preciso ter em mente que após um golpe de Estado, após a deposição de um governo de esquerda, o caminho ficou aberto para os ataques da direita contra o povo negro. Por isso, a primeira questão de nosso programa deve ser reverter o golpe de Estado. Não há condição de discutir questões setoriais do movimento negro, sem colocar em debate a luta pelo fim do golpe de estado, da derrota da direita, da derrota dos fascistas. Não é possível fazer uma discussão separada da discussão central, por isso mesmo a necessidade de lutar por Lula Presidente, tendo em vista que é a única personalidade política capaz de levar adiante os interesses da maioria da população”.

Ao final da entrevista, Juliano Lopes teceu suas impressões sobre o movimento negro. Militante do Coletivo João Cândido há 16 anos, Juliano Lopes passou a se envolver com a luta da população negra a partir do momento em que ingressou no PCO. “Desde que entrei no Partido, fui compreendendo que para a luta do negro, é necessário um partido revolucionário, que integre as questões sociais, agregue as demais questões que estão colocadas na sociedade, das mulheres e dos índios e que o movimento puro não conseguiria dar conta”.

Sua principal crítica a movimento negro atual é ao identitarismo, que caracteriza como “um câncer imposto pelo imperialismo ao movimento negro”. Segudo o coordenador do João Cândido, o identitarismo buscaria transformar a luta do negro em algo “subjetivo, cultural”, que não seria capaz de sem alterar as bases do racismo, que são a situação econômica e social em que vive o negro. “É a partir da situação econômica do povo negro, baixos salários, o desemprego e a falta de habitação de onde surge o racismo, e não o contrário”.

Outra crítica que Juliano apresenta ao identitarismo é o de que busca apresentar a ideia de que basta que uma pessoa de uma parcela do movimento negro consiga “um cargo nas instituições golpistas” que isso resolveria o problema do racismo. “Isso na verdade se mostra como uma ideologia de alpinismo social para poucas pessoas, como é o caso de Djamila Ribeiro, para dizer que existe uma igualdade racial no País, para passar um verniz, dizendo que existe um negro no Jornal Nacional, na Folha de S.Paulo, na direção do Carrefour etc. O objetivo é mostrar que na verdade estamos vivendo uma democracia racial, e não uma ditadura da burguesia racista e golpista contra o povo negro trabalhador”.

Ainda dá tempo de se inscrever na Conferência de Negros do PCO! Acesse já o formulário de inscrição e garanta a sua vaga!

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