A esquerda brasileira continua mais concentrada do que nunca em ajudar a burguesia na campanha reacionária pedindo a repressão contra os bolsonaristas. Morderam a isca direitinho e repetem tudo o que a imprensa golpista fala e assinam embaixo de todas as medidas repressivas feitas pelas “democráticas” instituições da burguesia sob o pretexto de estarem “combatendo a extrema-direita”.
Dessa vez foi o PCB, partido que se apresenta como comunista no nome e faz a propaganda de que seria a “esquerda radical” no País, que embarcou na campanha reacionária. A bola da vez é acusar os adversários políticos de terroristas.
“Mas eles estão falando dos bolsonaristas”, argumentarão os incautos. Nesse caso, não importa contra quem o Estado capitalista irá voltar todo o seu poder repressivo, o que importa é que esse poder se voltará necessariamente contra o povo. Vejamos o que diz o PCB:
“A tipificação do terrorismo doméstico tem base na própria concepção e cosmovisão da extrema-direita fascista. Um tema que se tornou comum na América do Norte (EUA), devido à formação das milícias armamentistas de extrema direita e de organizações messiânicas de cunho religioso. A definição de terrorismo doméstico é a ação violenta cometida por cidadãos de um Estado contra seu próprio povo ou governo, sem influência estrangeira. Seu objetivo é causar medo na população e as autoridades como uma tática para avançar em seus objetivos políticos, ideológicos ou religiosos.”
Essa citação é do artigo escrito por Antonio Alves, que foi candidato a vice-presidência pelo partido, chamado “O fascismo e o terrorismo doméstico”. Fica claro pela citação, logo no início do artigo, que o autor tem bases no mínimo duvidosas para conceituar o terrorismo. Sua base é o departamento de Estado norte-americano. Aqui, o PCB já revela sua completa integração ao Estado capitalista.
Exceto se acreditarmos que o governo norte-americano, o mais repressivo do mundo, tem boas intenções, não dá para levar a sério o uso de uma “tipificação” de terrorismo criada no EUA. Menos ainda para um grupo que se diz comunista.
O autor acredita, ainda, que os norte-americanos estão agindo de boa fé ao coagir a extrema-direita no seu próprio País, pior, acredita que o “terrorismo doméstico” é apenas contra a extrema-direita.
O autor do artigo ignora que o Estado capitalista está preparado para reprimir o povo, em primeiro lugar os trabalhadores. Quer enquadrar os bolsonaristas na “tipificação” norte-americana de terrorismo.
“A situação mais emblemática desse prelúdio de terror foi o bloqueio de uma rodovia por bolsonaristas em MT, quando um pai implora para passar e levar seu filho para uma cirurgia oftalmológica, e o grupo impediu a passagem. Na discussão do pai aflito com um dos terroristas, pediu: – Por favor, meu filho tem que fazer a cirurgia, senão vai perder o olho! Um dos terroristas responde de pronto: – Segue a pé! Não estou nem aí se teu filho vai perder o olho!”
Vejam só que interessante e ilustrativo o exemplo dado pelo autor para “provar” por que os bolsonaristas são “terroristas”. Um fechamento de uma estrada, um pai desesperado, um manifestante sem coração. Essa história, que hoje o PCB conta para acusar os bolsonaristas, foi contada um milhão de vezes contra a esquerda e os movimentos populares quando estão se mobilizando.
Será tão difícil assim perceber que chamar esses bolsonaristas de terroristas por esses motivos é abrir o caminho para que os movimento populares e a esquerda sejam qualificados de terroristas pelos mesmos motivos? Não deveria ser difícil de perceber, o problema é a mentalidade da esquerda de classe média, controlada pela propaganda feita na imprensa capitalista.
E essa propaganda é tão intensa que o grande militante comunista do PCB crê no todo poderoso Alexandre de Moraes:
“o Ministro Alexandre de Moraes (…) determinou a prisão preventiva das lideranças, agitadores e patrocinadores, além de bloquear as contas dos empresários que estão financiando esses atos antidemocráticos. A prisão do indígena Serere Xavante, que se autodenomina Cacique e pastor evangélico, foi preso na segunda-feira (12/dezembro). (…) Alexandre de Moraes ordenou uma mega operação contra as lideranças dos atos antidemocráticos. O ministro determinou 103 medidas de busca e apreensão e quatro ordens de prisão, além de quebras de sigilo bancário e apreensão de passaportes.”
Os grandes modelos do comunista autor do artigo: o Estado imperialista norte-americano e o ministro golpista e direitista Alexandre de Moraes. O primeiro é um exemplo do conceito de terrorista e o segundo um exemplo de como combater o fascismo terrorista.
A concepção apresentada no artigo é ferozmente anti-comunista e anti-marxista. Para um partido que se autodenomina leninista, a posição do PCB sobre o terrorismo é uma aberração.
Os marxistas, incluindo logicamente Lênin, defendiam o terrorismo como ação legítima e possível da luta da classe operária. O PCB, ao contrário, quer transformar em crime o “terrorismo”. Quer dar ao Estado capitalista o poder para reprimir ainda mais qualquer manifestação política.