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Fábio Picchi

Militante do Partido da Causa Operária (PCO). Membro do Blog Internacionalismo e do Coletivo de Tecnologia do Partido da Causa Operária. Programador.

Mundo paralelo

Como mentir sem faltar com a verdade

“Fake news” é com a extrema direita… a imprensa imperialista é mais sofisticada

Semanalmente, aos sábados e domingos, eu faço um levantamento dos principais tópicos colocados em pauta pelos porta-vozes da burguesia monopolista mundial. Reuters, The New York Times, The Economist, The Guardian e outros. Faço isso não por masoquismo, mas como parte de uma apreciação geral da situação mundial que visa preparar, somada à análise do nosso Partido, a pauta do caderno internacional de Causa Operária.

Esse trabalho tornou-se extremamente árduo nos últimos três meses, desde que a Rússia iniciou sua operação militar na Ucrânia. Os artigos desses “medalhões” da imprensa mundial, que já raramente podemos chamar de jornalismo, viraram verdadeiras peças de propaganda. É cada vez mais raro um artigo com informações de fato, que não seja mera opinião ou republicação dos “fatos” não confirmados. E esse processo acelerado de degeneração atingiu seu ponto mais baixo na última vitória russa em Mariupol, após a rendição do Batalhão Azov, regimento nazista que havia se enfurnado, com outros militares e civis, no complexo subterrâneo da siderúrgica de Azovstal.

Ucrânia encerra missão para defender a siderúrgica de Azovstal”, disse Reuters no último dia 17. Ao ler uma manchete dessas, tenho dificuldade em imaginar um leitor que acompanha as notícias casualmente extrair dessas palavras vagas o tamanho da derrota ucraniana. Imagino, no melhor dos casos, que seus leitores entenderiam que houve um recuo estratégico por parte da Ucrânia, ou no pior deles – mais distante da realidade – que os ucranianos tenham vencido uma dura batalha e tenham finalmente “encerrado” a missão.

Ucrânia declara fim à batalha por Mariupol, cedendo controle de porto chave à Rússia”, anunciou a emissora norte-americana NBC News. Agora, somos introduzidos à ideia de que ao menos houve uma concessão por parte dos ucranianos. “Centenas de ucranianos evacuados da siderúrgica de Mariupol, após 82 dias de ofensiva [russa]”, reportou  o jornal britânico The Guardian. Se “encerrar a missão” foi um termo reservado aos campeões máximos do cinismo, a “evacuação” esteve por todos os lados. É difícil dizer que, em algum sentido, não tenha havido uma evacuação, mas quando se usa o termo, espera-se que aquele que realiza a ação tenha alguma parte nela. Isto é, quando dizem a Ucrânia evacuou seus “bravos guerreiros” – sim, os membros de um regimento nazista… a figura de linguagem favorita da imprensa imperialista é o eufemismo – espera-se que as Forças Armadas ou o Estado ucraniano tenha ao menos enviado alguém para resgatar seu pessoal mediante um cessar-fogo.

Sim, é fato que foi ordenado que os soldados ucranianos se rendessem. De fato, as lideranças ucranianas negociaram com seus adversários russos um acordo para que os que estavam em Azovstal não fossem simplesmente mortos ao abandonarem sua posição e fossem evacuados para algum lugar segurou ou, talvez, menos hostil. Ainda que, num certo sentido, tenha havido uma evacuação, o fato dela ser realizada pelo oponente na guerra é um fato grande demais para ser ocultado. Ao menos na opinião deste que vos escreve.

Os sorrateiros jornalistas e editores desses órgãos de imprensa parecem treinados para mentir sem faltar com a verdade. Trabalham num estado intermediário, no crepúsculo da verdade. Bolsonaro e suas ditas “fake news”, seu “gabinete do ódio”, são amadores perto do que fazem os grandes órgãos de imprensa tanto em escala com em conteúdo. Conseguiram transformar uma derrota humilhante, na qual mais de 2.400 soldados se renderam ao seu adversário após um mês cercados num beco sem saída, num feito heróico do governo ucraniano; e tudo isso quase sem emitir mentiras.

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