Golpe de Estado

Como está o Peru após 10 dias do golpe contra Pedro Castillo

Grande crise se espalha por todo o país após destituição de Castillo

Continuam as mobilizações no Peru após o golpe de Estado para exigir a libertação e retorno a presidência de Castillo. A população reivindica também uma nova Assembleia Constituinte. 

O último relatório do Ministério de Saúde peruano (até a publicação desta matéria) afirma que há 24 mortes até o momento pelas mãos da polícia, em sua repressão aos protestos. Os registros são das regiões de Apurimac, Arequipa, La Libertad, Cusco, Junín e Ayacucho. 

Além destas mortes, há ainda pessoas hospitalizadas. Segundo o mesmo relatório são 77 pessoas que necessitam apoio médico das cidades acima mencionadas e também de Lima e Huancavelica. Há ainda o número de pessoas que foram hospitalizadas e receberam alta, que chega a 244. 

Essas informações foram retiradas do jornal Resumen LatinoAmericano e oficiais governamentais. 

A situação peruana é bastante crítica e o golpe fez explodir a mobilização popular. Mas uma breve recapitulação é necessária para a crítica. 

Castillo sofreu uma grande pressão da direita desde sua posse como presidente do país. A consumação de sua destituição foi a terceira tentativa de impeachment que o Congresso Nacional abriu. Foram três processos de impeachment em 16 meses de governo. Ele assumiu em julho de 2021, após uma vitória apertada sobre a candidata da direita Keiko Fujimori, que chegou a contestar na justiça o resultado. 

A situação, por sua vez, esclarece que o processo do impeachment é uma arma da direita golpista contra governos de esquerda. Trata-se de um mecanismo golpista para a destituição de governos não aliados ao imperialismo. 

Veja as principais notícias dos últimos dias: 

Castillo será transferido para presídio de Barbadillo

Seguindo a situação atual, o Instituto Penitenciário Nacional (INPE) informou que a Junta Técnica de Classificação determinou a transferência do ex-presidente para o presídio de Barbadillo. 

Isto é, com base na resolução de prisão preventiva emitida pelo Supremo Tribunal de Investigação decidiram que Castillo será classificado no regime comum. No dia anterior o juiz Juan Carlos Checkley decidiu imputar 18 meses de prisão preventiva por suposto crime de rebelião. 

Advogados denunciam penalmente Boluarte e Primeiro-ministro do Peru

Dois advogados, Abimael Méndez e Jack Diburga, apresentaram uma denúncia criminal contra a presidenta golpista Dina Boluarte, Pedro Angulo, Primeiro-ministro peruano, César Cervantes, ministro do interior e Alberto Otárola, ministro da defesa. A denúncia se trata das mortes ocasionadas pela repressão policial aos protestos contra o golpe de Estado promovido no país. 

Mencionam também o chefe policial da macrorregião de Ayacucho, o comandante geral da segunda brigada de infantaria militar e o deputado Jorge Montoya do partido Renovação Popular, oposição ao governo de Castillo. 

Todos foram acusados da prática de crimes de genocídio e homicídio num grave contexto de violação dos direitos humanos. 

Governo regional de Ayacucho acusa presidenta de ser responsável pelas mortes nos protestos

O departamento regional de saúde da região de Ayacucho indicou que oito pessoas foram mortas na repressão aos protestos desta quinta e sexta-feira. E também que mais duas pessoas foram mortas na região de La Libertad. 

A repressão se iniciou após uma tentativa de ocupação do aeroporto local. Inicialmente foram informadas a morte de setes pessoas e ferimentos em 52 pessoas, mas na sexta um oitavo cidadão faleceu, um jovem de apenas 17 anos, que não resistiu aos ferimentos após ser baleado enquanto socorrido um ferido na saída do aeroporto. 

O governo local publicou uma nota oficial culpando a presidenta Boluarte e seus ministros da Defesa e Interior pelas mortes causadas pela repressão. 

Por fim, o governo regional reivindica a instalação de um governo de transição que convoque imediatamente novas eleições. 

Exército é convocado para cidades que não reconhecem presidência de Boluarte

As forças armadas foram convocadas para as províncias de Huamanga, Huanta e La Mar para apoiar a força policial local para o controle das manifestações que não reconhecem o governo da presidenta golpista e exigem a libertação de Castillo. 

O exército está utilizando armas de fogos e bombas de gás lacrimogêneo lançadas de helicópteros para o controle do povo manifestante. 

Situação peruana é alerta para o Brasil 

O golpe de Estado no Peru, bem como a situação no restante do continente, como a tentativa golpista na Argentina, demonstra que a política golpista do imperialismo para a América Latina não acabou. 

Pedro Castillo venceu as eleições com uma pequena margem e seu governo não obteve maioria no Congresso, o que impossibilitou seu governo. O mesmo ocorre com Lula no Brasil, que venceu uma eleição apertadíssima, em um cenário que o bolsonarismo dominou o Congresso Nacional e os principais estados do país. 

Diferentemente de Lula até o momento, Castillo não soube como reagir ao golpe, tentou ele mesmo dar um golpe que não obteve o apoio das Forças Armadas e acabou destituído. O grande erro de Castillo foi que não mobilizou em nenhum momento a população que o elegeu para defender reivindicações populares, mas tentou se aliar a direita. 

Lula, no Brasil, venceu pela mobilização dos trabalhadores e dependerá dessa mobilização para governar.

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