Neste ano, o Brasil comemora o centenário de nascimento do grande escritor, teatrólogo, contista e romancista baiano, Dias Gomes. Nascido em Salvador, no dia 19 de outubro de 1922, Gomes ocupou a cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras, sendo recebido em sua posse por Jorge Amado.
Filho do engenheiro Plínio Alves Dias Gomes e Alice Ribeiro Freitas Gomes, Dias Gomes estudou o curso primário no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, dos irmãos maristas, e fez o secundário no Colégio Ipiranga. Muda-se com a família para o Rio de Janeiro em 1935, conclui o ensino secundário no ginásio Vera Cruz, ingressa no Instituto de Ensino Secundário e com 15 anos escreve sua primeira peça, intitulada A comédia dos moralistas, que lhe rende o 1º lugar no Concurso do Serviço Nacional de Teatro, em 1939. Em 1940, faz o curso preparatório para o curso de Engenharia. Estuda também direito, mas não finaliza o curso.
No teatro profissional estreia em 1942 com a comédia Pé-de-cabra, que fora encenada por Procópio Ferreira excursionando em todo País. Em 1944, foi trabalhar na Rádio Pan-americana, em São Paulo, a convite de Oduvaldo Viana. Faz adaptações de peças, romances e contos. Além das peças de teatro, escreveu romances como Duas sombras apenas (1945); Um amor e sete pecados (1946); A dama da noite (1947) e Quando é amanhã (1948). Trabalhou ainda nas rádios do Rio de Janeiro – Tupi, Tamoio, Clube do Brasil e Rádio Nacional.
Dias Gomes casou-se em 1950 com a escritora Janete Clair, com quem teve cinco filhos. Em 1953, viajou para a URSS com uma delegação de escritores para comemorar o 1º de Maio dos trabalhadores. Esse evento provocou sua demissão na Rádio Clube, uma perseguição aos escritores de esquerda e comunistas da época. A publicação dos textos de Dias Gomes nesse período tinha que ser negociada para ser publicada, quando não era censurada.
Um dos grandes clássicos do teatro brasileiro escrito por Dias Gomes foi o Pagador de Promessas, que estreou em São Paulo, sob a direção de Flávio Rangel, em 1959, no TBC, com Leonardo Vilar no papel principal. Com essa peça, Dias Gomes ganhou projeção internacional. A peça fora traduzida para mais de 12 idiomas. Foi adaptada para o cinema por Anselmo Duarte e ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 1962. Nesse mesmo ano, Dias Gomes ainda recebeu o Prêmio Cláudio de Sousa com a peça A Invasão.
Na época da ditadura militar, no ano de 1964, Dias Gomes fora demitido da Rádio Nacional, na qual era diretor artístico. Teve várias peças censuradas como O Berço do Herói; A revolução dos beatos, A invasão, O pagador de promessas, Roque Santeiro, dentre outras. Dias Gomes escreveu ainda peças importantes como Dr.Getúlio, sua vida e sua glória, em parceria com Ferreira Gullar, e o O Bem Amado.
Dias Gomes recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais por sua produção no cinema, no teatro e na televisão, uma produção voltada para retratar a cultura nacional, além das ácidas críticas ao regime militar no Brasil e nossas mazelas político-sociais.
Nas comemorações do centenário de nascimento do escritor, a ABL irá homenageá-lo com o ator Tony Ramos lendo trechos de suas obras, além da presença de familiares, artistas e escritores da instituição sediada no Rio de Janeiro.