─ Por Pedro Burlamaqui ─
É seguindo a trilha do dinheiro que se descobre a verdadeira face de determinada figura. As eleições são, nesse sentido, uma verdadeira mina de ouro da informação, pois, legalmente, é preciso tornar público o financiamento de todas as campanhas independentemente de quem seja. Decerto que tal jurisdição não é seguida à risca, mas, mesmo assim, o que é divulgado é o suficiente para desmascarar aqueles que se dizem amigos do povo.
Na última semana, a equipe do Diário Causa Operária realizou uma série de levantamentos por meio da plataforma de consulta pública do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com essa pesquisa, determinou a distribuição do fundo eleitoral do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), bem como denunciou o financiamento do Itaú ao identitarismo nas eleições por meio de figuras como Carmen Silva. Sem contar no financiamento de Armínio Fraga à candidatura de Freixo e Molon.
Agora, vem à tona ainda mais uma campanha obscura. Dessa vez, por parte da índia de estimação do PSOL e grande amante do imperialismo americano, Sônia Guajajara.
Segundo a plataforma do TSE citada anteriormente, Sônia recebeu R$ 190.000,00 de Elisa Sawaya Botelho Bracher, ninguém menos que a filha de Fernão Carlos Botelho Bracher, um importante banqueiro brasileiro. Fundador do banco BBA (posteriormente adquirido pelo banco Itaú), Fernão ocupou o cargo da vice-presidência no conselho de administração do Itaú. Além disso, foi vice-presidente do Bradesco e presidente do Banco Central durante o governo Sarney. Ou seja, um capitalista de primeira categoria.
Fica claro que a especulação financeira já está no sangue de Elisa. Entretanto, o que a ligaria, hoje em dia, ao Itaú?
Em primeiro lugar, é preciso levar em consideração que Elisa é uma artista plástica. Todavia, Elisa também é empresária, possuindo participação em 20 CNPJs, dos quais 19 estão ativos. O capital social de todas as empresas das quais é sócia, somados, resulta na “singela” quantia de R$ 149.642.778,00.
A empresa mais antiga da qual faz parte é a FCBB Empreendimentos e Comércio LTDA, que declara como seu principal ramo as “atividades de apoio à agricultura não especificadas anteriormente”. Por mais obscura que seja, cabe a hipótese de que FCBB provém de Fernão Candido Botelho Bracher. Afinal, seu quadro de sócios é composto por toda a família Botelho Bracher e presidido por Candido Botelho Bracher, irmão de Elisa.
Pouco antes da morte de Fernão, Candido assumiu, em 2016, a presidência do Itaú. O capital social de todas as suas empresas juntas é de R$ 1.405.640.660,06; uma quantia digna de um capitalista do banco Itaú. Além disso, nas eleições deste ano, ele doou quase R$ 200 mil para as campanhas do MDB e do PSDB. Enquanto isso, outra irmã de Elisa, Beatriz Sawaya Botelho Bracher, fez uma doação de R$ 220 mil para a Rede.
Todo o histórico familiar de Elisa já deixa clara sua estreita ligação com os grandes banqueiros brasileiros, principalmente com o banco Itaú. Ademais, Elisa fez uma doação de R$ 100 mil para a campanha de Wesley Teixeira (PSB), candidato que, em 2020, quando estava no PSOL (mesmo partido de Sônia Guajajara), recebeu financiamento de Armínio Fraga e da irmã de Elisa, Beatriz. Nas eleições deste ano, está sendo financiado por toda a família herdeira do Itaú.
Uma das outras empresas da qual faz parte, a Bellalluna Participações Ltda., tem como principal atividade “Holdings de instituições não financeiras”. Essa atividade, por sua vez, tem como definição “instrumento jurídico, cujo capital é composto por bens imóveis, ou seja, o patrimônio dos sócios”. Em outras palavras, serve puramente à especulação financeira. Seu capital social é de R$ 41.034.400,00.
PSOL: um partido dos banqueiros, para os banqueiros
À medida que o tempo passa, o PSOL adquire uma caracterização cada vez mais reacionária. Este Diário já denunciou, no ano passado, a ligação da principal liderança do partido, Guilherme Boulos, com o imperialismo americano. Todavia, fica claro que não é uma política individual, apenas de Boulos, mas sim do partido de conjunto.
Além disso, deve ficar claro que não se trata de um mero financiamento. Ainda mais no que diz respeito às eleições, é um tipo de doação que representa uma troca, ou seja, “lhe dou dinheiro se me beneficiar”. Sem contar que é um atestado de confiança material.
Nesse sentido, por meio dessas relações, o PSOL vem se tornando completamente refém dos banqueiros, como os do do Itaú, que, de maneira geral, financia a campanha do partido há anos. É, nesse sentido, um reconhecimento, por parte do capital financeiro, à ideologia e à atuação prática da legenda.
Por fim, fica evidente que Sônia Guajajara, ao receber centenas de milhares de reais de banqueiros, não representa os interesses dos trabalhadores, tampouco dos indígenas. Finalmente, é porta-voz do imperialismo principalmente no que concerne à questão da Amazônia. Não é à toa que ela foi, pessoalmente, pedir para que os Estados Unidos intervenha no Brasil. As quantias em questão são tão somente uma confirmação de que age à serviço do imperialismo.
A esquerda brasileira, caso queira travar uma luta real em prol dos trabalhadores, deve se desvencilhar completamente da burguesia. E isso começa pelo seu financiamento. Caso contrário, não será diferente de figuras como Gabriel Boric, que, no Chile, leva uma política de ataque aos direitos do povo.
A luta da classe operária não se dá em aliança com o imperialismo, regime que, por definição, serve para massacrar os trabalhadores e garantir que um punhado de capitalistas mantenha as suas exorbitantes fortunas. Como é o caso do amigo do PSOL, o banco Itaú.