Desde as eleições nacionais de 2010, a primeira com um impacto digital substantivo, a participação da internet nas campanhas eleitorais tem crescido exponencialmente e atingiu o seu ápice recentemente com as redes sociais utilizadas por bilhões de pessoas diariamente.
Nessa nova realidade de tráfego de informações a capacidade de influenciar a opinião política do público e consequentemente o resultado dos pleitos ganhou um novo contorno abrindo uma crise junto aos antigos monopólios da comunicação tradicional: o jornal impresso, o rádio e a televisão.
Um sinal claro desta crise entre setores da burguesia é a enxurrada de matérias veiculadas nos principais jornais do país, como o Estadão, onde a principal mensagem é a tentativa desesperada de continuar controlando as eleições através da comunicação. Para isso o jornal utiliza-se do velho expediente lavajatista da criminalização da política.
Preparando a manobra e a fraude, a burguesia inventa pretextos para censurar campanha na internet. É disso que se trata uma matéria do Estadão que servindo para criar um clima, tenta associar deputados federais a supostas irregularidades na promoção de postagens pagas nas suas redes sociais.
Em última instância o jornalão do Golpe deseja censurar a todos criminalizando a atividade parlamentar e incentivando a criação de alguma barreira legal (mais uma!) que culmine finalmente na proibição de campanhas eleitorais na internet.
A burguesia não deseja que campanhas estejam na internet justamente porque se trata de uma campanha minimamente mais democrática que a realizada pelos monopólios tradicionais. Para a burguesia seria melhor deixar apenas na mão da Rede Globo o debate político e assim poder controlar totalmente as eleições brasileiras.
Devemos recordar que em março de 2019, início do primeiro ano do mandato de Bolsonaro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) através do ministro Luiz Edson Fachin (aquele mesmo que Dallagnol comemorou porque era “nosso”) resolveu multar o candidato derrotado do PT nas eleições do ano anterior em R$ 176,5 mil por “impulsionamento irregular de conteúdo” contra o Jair Bolsonaro.
Na oportunidade Fachin disse que a coligação do petista teria pagado R$ 88 mil ao Google para destacar conteúdos negativos contra Jair Bolsonaro, o que feriria a lei eleitoral e causou desequilíbrio na disputa eleitoral. Uma verdadeira picaretagem.
Com tantos fatores que desequilibram o sistema eleitoral burguês, como o tempo de rádio e televisão e o fundo eleitoral e partidário desproporcionais, o TSE resolveu agir na época contra uma simples postagem que fazia críticas à Bolsonaro. O episódio da última eleição deixou claro que as instituições do Estado burguês sempre vão agir contra a esquerda.
A nova tentativa de criminalizar a propaganda eleitoral na internet, portanto, não é novidade, mas deveria acender o sinal de alerta das organizações ditas progressistas, uma vez que estas serão o alvo principal de qualquer precedente antidemocrático que venha a ser criado no atual regime.