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Victor Assis

Editor e colunista do Diário Causa Operária. Membro da Direção Nacional do PCO. Integra o Coletivo de Negros João Cândido e a coordenação dos comitês de luta no estado de Pernambuco.

Porto de Galinhas

Bruno Araújo, o repórter vacilão que trabalha para a polícia

Funcionário da TV Guararapes, de Pernambuco, serviu de isca para emboscada contra morador de Porto de Galinhas perseguido pelo BOPE

As coisas não andam fáceis para quem vive nas redondezas da badalada praia de Porto de Galinhas, no litoral sul pernambucano. Graças a uma revolta generalizada do povo pobre da região, sobretudo de Nossa Senhora do Ó, de Salinas e de Socó, que paralisou por completo a atividade comercial no balneário durante 24 horas, hoje o País inteiro sabe que a população lá vem comendo o pão que o diabo amassou por causa da ocupação criminosa do BOPE.

O BOPE que desfila pelas ruas de Ipojuca — município onde está situada a vila de Porto de Galinhas — é o mesmo BOPE do Rio de Janeiro. Um destacamento fascista, especializado em torturar, matar e intimidar a população. Uma milícia armada até os dentes para tocar o terror, sob o pretexto de “combate ao tráfico”.

Não bastasse a experiência macabra de ter esses homens portando seus fuzis em plena luz do dia, os moradores ainda são obrigados a aturar toda uma corja imunda que dá sustentação a seus crimes. É o caso, por exemplo, da grande imprensa, financiada pelos mesmos patrões, banqueiros, empresários e barões do turismo que mandaram o BOPE para expulsar o povo pobre de Porto de Galinhas.

Um exemplo claro da aliança entre a imprensa e a ação do BOPE foi a emboscada nojenta armada pela TV Guararapes, afiliada da TV Record, para tentar prender um morador de Socó. Em uma reportagem ao vivo, o repórter Bruno Araújo, do programa Balanço Geral, foi até a casa de Manuel Aurélio Nascimento Filho para supostamente acompanhar a sua ida voluntária à delegacia. Bruno Araújo fingiu que apenas iria entrevistá-lo, prometeu que não havia policiais no local e fez uma série de perguntas ao rapaz. Quando ele saiu de casa, no entanto, logo apareceram policiais em carros descaracterizados para tentar prendê-lo.

Essas informações, por si só, já mostram a cretinice total do cidadão que se diz repórter. Mas a coisa não para por aí.

Não há mandado de prisão algum contra Manuel. Não há prova alguma de que tenha cometido algum crime. O interesse de Bruno Araújo no morador de Socó, bem como o interesse da polícia em prendê-lo a todo custo, ainda que passando olimpicamente por cima de seus direitos, está no fato de que ele foi filmado fugindo de uma perseguição covarde por parte do BOPE. Durante essa perseguição, em que Manuel sequer estava armado, os policias do BOPE atiraram pelas suas costas até atingir uma criança, a menina Heloysa, que morreu na hora. Foi esse assassinato que serviu de estopim para que o povo se revoltasse contra a polícia no dia 31 de março.

Logo após a morte da garota, a polícia afirmou que estava trocando tiros com dois “suspeitos” sobre uma motocicleta. Quando os vídeos vieram à tona, ficou clara a mentira: havia apenas Manuel, e ele não estava “trocando tiro”, mas apenas fugindo, e com toda razão, dos carniceiros do BOPE. Manuel estava sem a documentação do veículo — o que não é um “crime”, mas no máximo uma infração de trânsito — e, apavorado com as histórias contadas sobre o BOPE, tentou fugir dos agentes.

Qual seria o interesse da polícia agora em Manuel? Ora, somente ele, por meio de uma “confissão” forçada ou por meio de uma prova implantada poderá modificar, de alguma maneira, a única versão possível para o acontecimento: que o BOPE, por perseguir covardemente um morador da região, abriu fogo contra uma criança de seis anos. E se o BOPE tortura os moradores à toa, por que não faria isso para que Manuel “confessasse” que teria atirado, de modo a “justificar” os tiros da polícia?

A colaboração de Bruno Araújo não é uma colaboração qualquer com a polícia. A partir do momento em que montou uma emboscada para que o rapaz fosse preso, o repórter estava ajudando os fascistas do BOPE a encobrir um dos crimes mais macabros que o povo de Porto de Galinhas já viu. E por colaboração, entendam uma cumplicidade, intencional e consciente, com o plano de prender Manuel. Antes de os policiais se revelarem como tais, Bruno Araújo já havia dito na reportagem que os policiais estavam chegando. Além disso, quando Manuel fugiu, o repórter fez questão de dizer a polícia para onde o rapaz havia ido.

O que Bruno Araújo faz não é jornalismo; portanto, nem de repórter merece ser chamado. É um vacilão, um comédia, merece ser tratado como um X-9, um informante da polícia. Um inimigo de todo o povo de Porto de Galinhas, que quer trazer a polícia para dentro das comunidades.

Por isso, ao mesmo tempo em que luta para expulsar as tropas do BOPE de Porto de Galinhas, a população deve estar atenta aos abutres que, embora não usem as armas da polícia, estão lá infiltrados com os mesmos objetivos.

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