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Eis os "ambientalistas"

Britânicos “empurram” ao Brasil agrotóxicos que nem eles usam

Imperialismo britânico usa o Brasil e nossas florestas como colônia, onde despeja todo o seu lixo

─ Paulo Motoryn, Brasil de Fato ─ “O Reino Unido está exportando sua pegada de agrotóxicos para outros países”. É assim que o jornal britânico The Guardian começa um texto em que divulga um novo relatório da Pesticide Action Network UK, publicado nesta quarta-feira (23). Clique aqui para ler a íntegra do relatório.

Baseada no estudo, a reportagem mostra que o aumento do comércio com o Brasil está “financiando” por aqui o uso de agrotóxicos que são proibidos no território da Grã-Bretanha. 

Ambientalistas consultados pela reportagem do The Guardian disseram que o aumento do comércio exterior com o Brasil no pós-Brexit (saída do Reino Unido do bloco econômico da União Europeia) pode incentivar o uso desses agrotóxicos e contribuir com a destruição do meio ambiente brasileiro, em especial da Amazônia.

“O secretário de comércio do Reino Unido está promovendo o comércio com o Brasil como ‘oportunidades reais para avançar no comércio verde’. Enquanto isso, o uso excessivo de pesticidas altamente tóxicos no Brasil está contribuindo para a destruição da Amazônia e de outros ecossistemas de importância crucial, contaminando a água e envenenando trabalhadores rurais e comunidades”, afirmou à reportagem o chefe de políticas e campanhas da Pesticide Action Network UK, Josie Cohen.

“No entanto, o governo não forneceu detalhes sobre como garantirá que os alimentos brasileiros vendidos nas prateleiras do Reino Unido não contribuam para a crise global do clima e da natureza”, concluiu Cohen.

Contradições

Em entrevista, Vicki Hird, coordenadora da campanha de agricultura sustentável da Sustain, afirmou que o Reino Unido promove campanhas valorizando a redução no uso de agrotóxicos em seu território. Segundo ela, porém, parece não ter problemas em “exportar” os impactos ambientais e de saúde humana para o Brasil.

“A maioria dos consumidores do Reino Unido não tem ideia de que parte da carne que estão comendo foi alimentada com soja cultivada com produtos químicos altamente tóxicos. No momento, o governo do Reino Unido está falando bem na redução dos danos causados ​​pelos pesticidas no Reino Unido, mas parece não ter problemas em exportar nossas pegadas ambientais e de saúde humana para o Brasil”, disse Hird.

A reportagem aponta ainda a possibilidade de os impactos se aprofundarem com a aprovação de novas normas legais para regulação do uso de agrotóxicos no Brasil, como o Pacote de Veneno. O Brasil de Fato tem mostrado que esse projeto de lei flexibiliza ainda mais o uso de agrotóxicos e é “patrocinado” por ruralistas e representantes do agronegócio.

“O governo brasileiro está atualmente promovendo um projeto de lei que reduziria as leis para proteger a saúde humana e ambiental dos pesticidas. Mesmo sem esse novo pacote de leis, os agricultores brasileiros podem usar quase o dobro de pesticidas perigosos que os do Reino Unido, incluindo o herbicida letal Paraquat, que causou dezenas de milhares de mortes em todo o mundo por envenenamento agudo, e neonicotinóides , que são tóxicos para as abelhas”, diz o texto. 

Recentemente, o governo do Reino Unido propôs um projeto de lei que punirá as empresas que têm desmatamento em suas cadeias de suprimentos, incluindo agricultores na Amazônia que desmatam a floresta tropical. No entanto, não existe tal lei para pesticidas.

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