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Crise histórica

Brasil, um país em agonia

Desde o golpe de 20216, orquestrado pelos EUA, o Brasil vem sendo sugado pelo grande capital financeiro mundial e para isso joga a população na mais absoluta miséria.

Brasil

Os brasileiros vivem um pesadelo horripilante há alguns anos. Com a crise mundial do capitalismo, após quase quatro décadas de destruição neoliberal (praticamente sem interrupção), uma pandemia, e todo o estrago feito a partir do golpe de 2016, a situação beira ao insuportável. A polarização política existente no país, que vigora nos últimos anos, é fruto dessa brutal crise econômica, política e social. Com o golpe de 2016 foram cometidos crimes em série contra o Brasil e o seu povo. Os direitos sociais, e o que restava de soberania, foram quase exterminados. O golpe foi engendrado e operado pela direita tradicional “civilizada” sob coordenação dos EUA. O governo Bolsonaro é fruto do segundo momento do golpe, a fraude eleitoral de 2018 que, com Supremo, Forças Armadas, Lava Jato, “com tudo”, encarceraram o ex-presidente Lula por 580 dias, tirando-o do jogo eleitoral e elegendo o desgoverno atual.

É relevante listar alguns dos principais problemas que tornam a situação presente uma das mais graves da história (a lista poderia ser muito mais extensa):

1. Baixo crescimento da economia. Entre 2016 e 2021, a economia cresceu meros 0,23% ao ano. O que significa que o PIB per capita decresceu. Possivelmente é o pior período de evolução do PIB da história do Brasil que se tem registro;

2. Pobreza e retorno da fome: Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua- IBGE) 2021: “Rendimento de todas as fontes”, em 2021 a renda média mensal domiciliar per capita foi de R$ 1.353. É o menor valor real em dez anos, considerando a série histórica da pesquisa iniciada em 2012, o que revela a tragédia que foi o golpe de 2016. Segundo pesquisa da Rede Penssan, 40% dos domicílios brasileiros convivem com algum tipo de insegurança alimentar, equivalente a cerca de 125,2 milhões de pessoas, mais da metade da população do país. Cerca de 15% da população, equivalente a 33 milhões de pessoas, estão passando fome, das quais 14 milhões entraram nessa condição no último ano;

3. Deterioração da infraestrutura. Não há obras públicas importante no País, o que compromete o próprio futuro da nação. Com a entrega da Eletrobrás, como investimentos em infraestrutura são realizados pelo setor público, o país corre o risco de apagões, por exemplo. Por outro lado, as despesas totais com juros chegaram a R$ 448,3 bilhões no ano passado, e a previsão é que o Brasil gaste entre R$ 600 a 700 bilhões neste ano. Se tomarmos apenas o que o Brasil pagou de juros da dívida pública entre 2015 e 2021, chega a R$ 2,8 trilhões, equivalente a 32% do PIB brasileiro. Nenhum país do mundo gasta tanto dinheiro com juros da dívida, é como se o Brasil caminhasse com uma bola de ferro muito pesada, amarrada ao tornozelo;

4. Destruição do mercado consumidor interno, através da destruição da renda dos trabalhadores, não reposição das perdas salariais, ausência de crescimento, do fim dos aumentos do salário-mínimo, da elevação da taxa de desemprego, etc., todas políticas que reduzem o tamanho do mercado consumidor interno. Essa é uma receita para o país nunca ser potência econômica;

5. Política Fiscal: a lei que estabeleceu o Teto de Gastos, uma das primeiras medidas do governo golpista de Michel Temer em 2016, quase que inviabiliza o crescimento, e especialmente investimentos nas áreas estratégicas e de caráter social. Ao par disso, a estrutura tributária brasileira, é extremamente regressiva, cobrando mais impostos de quem pode pagar mais;

6. Inflação alta: principalmente a dos alimentos, combustíveis e de eletricidade. A inflação é um problema mundial atualmente, mas o Brasil tem o agravante da classe trabalhadora estar em um dos maiores ciclos de empobrecimento da sua história;

7. Taxas de juros estratosféricas: Com o último aumento da Selic, os juros reais, ou seja, juros nominais menos taxa de inflação, superaram 8% ao ano. Essa política não resolve o problema inflacionário (porque a inflação não decorre de excesso de demanda), mas enche os cofres dos especuladores e banqueiros. Durante o governo Bolsonaro o Banco Central se tornou independente, ou seja, literalmente as raposas estão administrando o galinheiro;

8. Política de preços dos derivados do petróleo: É um mecanismo de assalto à população brasileira. Com essa política, mesmo sendo o Brasil uma potência petrolífera, a população é roubada em benefício de dividendos fabulosos aos especuladores e rentistas, muitos dos quais, mal sabem onde fica o Brasil. Segundo o vice-presidente da AEPET (Associação dos Engenheiros da Petrobras) Felipe Coutinho, a política de preço de paridade de importação (PPI)é responsável pela perda de mercado de 30% para a petrolífera brasileira. Com a política atual, é como se o país não produzisse uma gota de petróleo e tivesse que importar todos os seus derivados;

9. Desindustralização e ausência de investimentos em inovação: A economia nacional vem se desindustrializando desde a década de 1980. Nos governos Lula e Dilma foram feitos planos para reverter esse processo (por exemplo, o PAC, programa de aceleração do crescimento e outras medidas). Sem indústria não existe nação e nem soberania. Exterminar a indústria brasileira é o sonho de Paulo Guedes e Bolsonaro, ou seja, tornar o país um mero provedor de matérias-primas para o desenvolvimento dos países ricos;

10. Insegurança hídrica: No país com o maior volume de água doce do mundo, uma parte substancial da população não tem acesso regular à água potável e suas inúmeras utilizações. Não há dúvidas que a dificuldade de uma parte da população consumir água barata é um traço dramático do subdesenvolvimento brasileiro e da dependência política e econômica dos países imperialistas;

11. Privatizações e entrega do patrimônio público: do golpe para cá foram feitas várias as privatizações na Petrobrás e na Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), todas lesivas aos interesses nacionais. Acabaram de entregar a Eletrobras, maior empresa de geração de energia elétrica da América Latina, por cerca de 10% do seu valor (sem contar a importância estratégica da companhia). Além disso, estão preparando várias empresas para a privatização como ocorre nos Correios, Banco do Brasil e outras estatais importante. O sonho de Paulo Guedes, conforme palavras suas é “privatizar tudo”. Se o governo Bolsonaro se reeleger, o Brasil entra definitivamente em temporada de “queima de estoques”;

12. Risco de perda da Amazônia: É fundamental entender o que está acontecendo, porque a ambição imperialista sobre a Amazônia está mais exacerbada do que nunca, justamente em função do agravamento da crise internacional. Não existe região em qualquer parte do globo terrestre que disponha de mais recursos naturais do que a Amazônia. O potencial de existência de grandes quantidades de minerais raros, gás, petróleo, naquela região, é muito grande. Nesse contexto, o atual debate sobre gestão internacional da Amazônia, obviamente está sendo fomentado pelos grandes capitais internacionais, que querem simplesmente roubar os recursos da área. Essas ambições são disfarçadas por objetivos indiscutivelmente nobres, como a proteção das populações indígenas, preservação do meio ambiente, e outros.

Uma das teses bastante difundidas recentemente é que o Estado brasileiro é incompetente para administrar a Amazônia e que, portanto, essa deveria ser gerida por um conjunto de países, inclusive de fora da Região Amazônica. De preferência os países ricos, que seriam mais “organizados” e, portanto, mais preparados para administrar a Amazônia. Neste momento de grande turbulência internacional e de imensa voracidade dos capitais, esse debate é singularmente perigoso. O assunto aqui não é sobre uma floresta pequena ou de médio porte. Está se falando em entregar para administração internacional 59% do território brasileiro, compreendido pela Amazônia Legal, que é distribuído por 775 municípios. A Amazônia compreende nada menos que 67% das florestas tropicais do mundo. Se fosse um país, como querem alguns, a Amazônia Legal seria o 6º maior do mundo em extensão territorial.

Enquanto isso, uma delegação brasileira com representantes de 18 organizações da sociedade civil está de visita aos EUA, entre 24 e 29 de julho, para alertar aquele governo em relação às ameaças ao processo eleitoral brasileiro e solicitar ao governo de Washington uma posição em relação aos resultados das eleições no Brasil. Segundo informações da imprensa, a comitiva deve participar de mais de 20 reuniões com membros do Departamento de Estado Americano, deputados, senadores e representantes sociais.

Essa notícia revela os perigos que o Brasil corre neste momento. Os EUA são, com folga, na história mundial, o país que mais organizou golpes de estado, em todos os continentes. Seguramente, na casa dos milhares. Os golpes de 1945, 1954, 1964, 2016, no Brasil, sabidamente, foram todos coordenados pelos norte-americanos. As ditaduras mais sanguinárias da América Latina, incluindo a de Augusto Pinochet, Rafael Videla e Emílio Médici, foram todas alavancadas e sustentadas pelos EUA. Foi a esse país que a comitiva brasileira foi pedir para intervir no Brasil em nome da “democracia”.

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