No dia 1º de julho, o presidente do Chile, Gabriel Boric, teceu elogios ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski afirmando que a “Ucrânia tem um amigo na América do Sul”. A afirmação de Boric é reveladora do nível de capachismo do presidente do Chile.
Acabo de conversar con el Presidente de Ucrania, @ZelenskyyUa, a quien le expresé mi solidaridad y nuestra disposición a apoyar las condenas a la invasión en organismos internacionales. Los 18 muertos hoy en Odesa por ataque ruso son inaceptables.
— Gabriel Boric Font (@gabrielboric) July 1, 2022
Como mostra o tuíte acima, Boric também se solidarizou com Zelenski e afirmou estar disposto a apoiar as “condenações à invasão [da Ucrânia pela Rússia] em órgãos internacionais”.
Com essa política, Boric apenas reforça sua posição pró-imperialista, que já estava clara durante as eleições que deram a vitória a ele. O presidente eleito criticou a Venezuela e a Nicarágua, países cujos governos estão sofrendo ameaças golpistas do imperialismo.
Agora, com a declaração de amor vergonhosa a Zelenski, Boric cumpre sua missão de se colocar como um representante da política imperialista no continente, um “amigo na América do Sul”.
O imperialismo apoiou a eleição de Boric, que foi também apoiado por setores da esquerda pequeno-burguesa, em especial a chamada “nova esquerda”, como é o caso de Guilherme Boulos no Brasil.
A subserviência diante do imperialismo é tão grande que Boric, que se apresenta como um político de esquerda, não fica nem corado ao declarar amor a Zelenski, que é uma espécie de Bolsonaro da Ucrânia.
Para ser justo, Zelenski é muito mais do que Bolsonaro. Ambos foram eleitos após um golpe de Estado dado pelo imperialismo após mobilizar setores da direita e da extrema-direita. Zelenski, no entanto, conta com o apoio explícito dos setores fundamentais do imperialismo, como o presidente norte-americano, Joe Biden. Já Bolsonaro enfrenta a oposição desses setores, já que ele é ligado a capitalistas menos poderosos internacionalmente. Isso não significa que Bolsonaro não seja pró-imperialista, apenas que está ligado a um setor secundário deste.
Outro ponto que pesa “a favor” de Zelenski é o fato de que seu governo se sustenta em grupos abertamente fascistas e nazistas que compõem o governo e domina boa parte das ruas do País, impondo um regime de total controle e repressão contra o povo.
É esse regime fascista que está sendo desmantelado pela ação da Rússia na Ucrânia. E é a esse regime que Boric, a “nova esquerda”, presta solidariedade.
Boric nã o é nada mais do que um lado da mesma moeda da qual também faz parte Zelenski, a moeda dos governos pró-imperialistas. Cada um a sua maneira, eles foram colocados no governo pelo imperialismo para cumprir a tarefa de conter as massas.
Não é surpresa, portanto, a posição de Boric. Talvez os representantes da “nova esquerda” insistam no caráter progressista da vitória de Boric no Chile apenas porque eles mesmos defendem uma política que está completamente orientada pelo imperialismo.
É preciso denunciar os elementos do imperialismo infiltrados na esquerda. Derrubar as ilusões que a esquerda cultiva sobre esses elementos, como no caso da eleição de Boric que a esquerda pequeno-burguesa apresentou como sendo a salvação do Chile, mas que sempre foi o nome escolhido pelo imperialismo para conter as massas no País.