Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de janeiro de 2019 a dezembro de 2021, 562 mil brasileiros entraram para o grupo dos milionários. Nesse período, foram registrados 2,1 milhões de pessoas com rendimentos anuais acima de R$1 milhão.
É interessante notar que os estados que mais contabilizaram novos milionários foram, respectivamente, Roraima, Rondônia, Tocantins, Mato Grosso, Santa Catarina, Pará, Goiás e Maranhão. Estes são alguns dos locais com as maiores concentrações de latifúndios de todo o Brasil. O Mato Grosso, por exemplo, está em primeiro lugar, acima do Pará, que está em terceiro.
Os dados apresentados surgem logo após a divulgação, também pelo IBGE, dos números relativos à pobreza e à extrema pobreza no País. Segundo a Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), 62,5 milhões de brasileiros (quase 30% da população) estavam na pobreza em 2021. Os números foram os mais elevados desde o início da série estatística, em 2012.
Ou seja, Bolsonaro não só jogou o povo em uma miséria que bateu recordes, como também fez isso entregando o patrimônio dos trabalhadores aos patrões, roubando dos pobres para entregar para os ricos. Não é à toa que, logo no começo da pandemia, Paulo Guedes, ministro da Economia de Bolsonaro, liberou mais de 1 trilhão de reais para o mercado financeiro. Tudo isso enquanto o povo sofria por conta da COVID-19.
Ademais, os dados em questão revelam como se deu a relação entre Bolsonaro e os latifundiários do País. Finalmente, ele foi um verdadeiro patrono desse setor que, fundamentalmente, serve à especulação imobiliária. Sua motivação, por esse ângulo, não poderia ser mais clara, pois estava em busca de, em primeiro lugar, uma sustentação ao seu governo – algo que se mostrou valiosíssimo durante as eleições e que quase fez com que ele levasse o pleito.
É curioso que um dos principais efeitos de seu governo foi o aumento exponencial do assasinato no campo. Ficou cada vez mais frequente a notícia do assassinato de um índio, de um sem terra ou, em geral, de qualquer camponês. Agora, fica mais evidente qual foi o papel de Bolsonaro nesse quadro: ao que aparenta, financiou os latifundiários para aumentarem o seu poder e, consequentemente, conseguirem garantir a sua dominação sobre os povos oprimidos do campo.
Por outro lado, a derrota de Bolsonaro nas eleições deste ano e a eleição de Lula prometem dar um fôlego ao movimento sem terra. Finalmente, o Estado não deve ser mais favorável ao extermínio do povo no campo e, acima disso, deve atuar junto com o MST, em especial, para retomar as ocupações em todo o território brasileiro.
Coloca-se também na ordem do dia a luta pela reforma agrária, a única medida que pode, efetivamente, derrotar o latifúndio e os seus carrascos que vivem para enriquecer e matar o povo pobre no Brasil.