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Roberto França

Militante do Partido da Causa Operária. Professor de Geografia da Unila. Redator e colunista do Diário Causa Operária e membro do Blog Internacionalismo.

Muito pior que o macarthismo

Boa noite, e boa sorte

ALERTA MÁXIMO: A esquerda jurídica poderá levar o país para um nível de repressão jamais visto

Para que o esforço de despir o socialismo de seus “ornamentos” econômicos e históricos, se posteriormente ficamos sabendo que os “ornamentos” constituem seu real conteúdo? Por que nos é comunicado apenas ao final que toda a pesquisa não tinha nenhuma finalidade, já que o objetivo do movimento socialista não pode ser conhecido por meio da transformação das ideias socialistas em sensatos conceitos jurídicos, mas somente por meio do estudo do desenvolvimento social e de suas causas motoras? (Engels e Kautsky, O  socialismo jurídico)

Vivemos o ápice do uso do Estado para finalidade de eliminação, física ou não, de inimigos políticos. Nessa operação vemos desde a extrema-direita, atualmente no poder, passando pelo extremo-centro (créditos ao companheiro João Jorge Pimenta), até a esquerda parlamentar, notória pelo vício no Direito, que norteia sua política, contribuindo de modo decisivo para o fortalecimento do regime político.

Consolidando a direitização da esquerda parlamentar, leis de endurecimento e aprofundamento da Lei de Segurança Nacional vão sendo criadas, além de processos fúteis de denúncias de “fake news”, que concedem facilidades para a burguesia controlar o que é verdade ou mentira. A Rede Globo, segunda maior rede de TV do mundo, mente quase sempre, ou apresenta ângulos que favorecem a burguesia. Infelizmente, a esquerda jurídica vem exercendo junto à direita uma reforma jurídica silenciosa, tijolo por tijolo, a fim de consolidar os alicerces para um regime ainda mais opressor.

Como exemplo da utilidade da esquerda parlamentar ao regime político, podemos citar o famigerado Senador Humberto Costa (PT-PE), conhecido por ter virado a página do golpe. O indefectível direitista, após assassinato, por motivo fútil, do guarda municipal e secretário de finanças do PT (Foz do Iguaçu), Marcelo Arruda, Costa propôs que a pena de reclusão, que hoje é de 6 a 20 anos, fosse aumentada para 12 a 30 anos. De acordo com o virador de página “a prática de homicídio cometido por razões políticas, além de atentar contra o bem jurídico mais relevante tutelado pelo Estado, qual seja a vida, representa ainda uma grave ameaça à democracia, valor sobre o qual se fundamenta a nossa república e interessa indistintamente a todos”, afirmou Humberto Costa, defensor ardoroso do Estado.

O crime cometido contra Marcelo Arruda, por motivo fútil, também alimentou o imaginário da esquerda em combater o bolsonarismo juridicamente, não politicamente. Na esteira disso tudo vimos a escalada petista para agregar valor à invisível “lei das fake news”, uma proposta de um político da direita tradicional, o Senador Alessandro Vieira (CIDADANIA – SE), por intermédio do PL 2.630/2020, também chamado como a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet.

Diz a versão final do texto no caput de seu art. 1º e “estabelece normas, diretrizes e mecanismos de transparência para provedores de redes sociais e de serviços de mensageria privada a fim de garantir segurança, ampla liberdade de expressão, comunicação e manifestação do pensamento”. [Atualmente o projeto encontra-se assim: Aprovada pelo Plenário; Destino: À Câmara dos Deputados Último local: 30/03/2022 – Coordenação de Arquivo; Último estado: 03/07/2020 – REMETIDA À CÂMARA DOS DEPUTADOS]. Apesar do arquivamento, o inquérito da mão invisível da internet e do poder judiciário avança.

Certamente, ações como essas atingirão a esquerda verdadeira, vanguarda da luta contra a opressão do judiciário.

Good Night, and Good Luck

“Boa Noite, e Boa Sorte” é um drama dirigido por George Clooney, com roteiro escrito por Clooney e Grant Heslov. Good Night, and Good Luck é como Edward Murrow se despedia da apresentação de seu programa. Morrow, notório e popular jornalista dos Estados Unidos, que durante o período que se convencionou chamar de macarthismo, como âncora de televisão fazia duras críticas ao Senador Joseph McCarthy, denunciando as embusteirices para perseguir supostos comunistas. Morrow, uma das principais vítimas do macarthismo.

Em virtude de McCarthy utilizar como ardil, o crime por associação (quem não denuncia é também responsável), pessoas que sequer eram comunistas foram perseguidos duramente por McCarthy. Essa situação levou até mesmo a sionista Columbia Broadcasting System (CBS), propriedade da Paramount, a reagir. Desde sua criação, a CBS é a rede de TV mais assistida dos Estados Unidos, sendo a terceira maior emissora do mundo, atrás somente da ABC (EUA) e Globo (Brasil). A partir de Morrow dá-se início a um dos maiores confrontos públicos entre a então jovem rede de TV contra uma das maiores ditaduras abertas ocorridas no seio de um país imperialista. Morrow não era comunista, mas crítico ao governo Truman, profundo anticomunista responsável por uma doutrina que leva seu nome, a Doutrina Truman, onde se efetiva a geopolítica dos Estados Unidos contra o comunismo na escala mundial.

Truman, na realidade, só colocou em prática um plano mais antigo dos Estados Unidos. Antes mesmo de 1929, estima-se que o Partido Comunista tenha atingido algo em torno de 90 mil membros. Esses quadros foram sendo colocados fora da política tanto pela política do entre guerras, quanto por leis que dificultavam a incursão eleitoral de parte desses militantes, ou ainda a repressão contra membros do Communist Party USA. Repressão contra o Partido Comunista já era rotina no país, e a propaganda da extrema-direita avançava a passos largos, o que gerava simpatia de parte da população ao fascismo. Políticos dos Estados Unidos e corporações, tanto de imprensa como de bens de consumo, duráveis e não duráveis, até mesmo o sistema financeiro dos Estados Unidos, contribuíram para a ascensão de Mussolini e Hitler.

Boa noite, Cinderela

“Boa Noite, Cinderela” é o nome de um coquetel de drogas que causa sono, e é aplicado por pessoas que visam aplicar golpes em alguém com quem iria para a cama. A vítima, sob sono profundo, é roubada ou furtada, dependendo do lugar onde esteja. No Brasil, essa droga vem sendo aplicada à esquerda em larga escala. Desde a Rede Globo que captura pautas a serviço do imperialismo, passando pela imprensa progressista e, finalmente ONGs como o IREE, a WBO, WWF, Kope, Greenpeace dentre outras. A anestesia é tamanha que ninguém é capaz, em uma conversa, de explicar a santidade de Dom Phillips aos indígenas, bastaria viver entre os índios e repassar informações sobre a Amazônia.

Em tempos de judicialização da esquerda contra a esquerda, é preciso informar aqui que o “Boa Noite, Cinderela” é uma metáfora, e anestesia não é alusão a nenhum médico. Entretanto, a esquerda jurídica brasileira é um retorno à Europa dos séculos XVII a XIX. Trata-se de uma esquerda atrasada em país atrasado dominado pelo imperialismo. De acordo com Engels e Kautsky: “A bandeira religiosa tremulou pela última vez na Inglaterra no século XVII, e menos de cinquenta anos mais tarde aparecia na França, sem disfarces a nova concepção de mundo, fadada a se tornar clássica para a burguesia, a concepção jurídica de mundo”. Esse socialismo jurídico favoreceu a burguesia, não progressista, a avançar a patrola sobre os trabalhadores.

O direito jamais serviu aos trabalhadores e, ultimamente, a esquerda parlamentar tem dado sustentação e legitimidade ao regime político, galgando patamares mais altos na confiança da burguesia. Não à toa, o caso Marcelo Arruda tem sido utilizado amplamente pelo imperialismo e a esquerda irrefletida sobre sua real condição servil incorporada ao enredo da “democracia”. Tem sido assim desde o golpe de Estado de 2016, página virada, com Supremo, com tudo…

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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