Neste sábado (26/02), o bloco de carnaval “Amantes de Lula” fará a sua grande estreia às 17h, um verdadeiro ato de luta contra o golpe e defesa da cultura popular, com folia e união da esquerda em torno de uma posição revolucionária. A brincadeira acontecerá em João Pessoa, capital paraibana, no bairro do Castelo Branco ao lado do Mercado Público do Castelo Branco, sendo uma iniciativa do Bloco Vermelho e do bloco carnavalesco Quengas de Peito.
Amantes de Lula
Nada mais natural para aqueles que lutaram nos momentos mais difíceis contra os golpes de 2016 e 2018 do que continuarem essa luta, quando a candidatura do Lula abre uma possibilidade de mobilização massiva. Também é totalmente natural para os elementos oriundos da classe trabalhadora, dos bairros populares, festejar apaixonadamente nos poucos momentos possíveis. O carnaval é um desses momentos, que em suas diferentes manifestações já está cristalizado na cultura do brasileiro de todas as regiões.
Foi com esse amor pela luta e folia que membros do Bloco Vermelho (composto por militantes do PCO e PT e simpatizantes do ex-presidente Lula) e membros do bloco de carnaval Quengas do Peito se reuniram no domingo (20/02) para organizar a brincadeira. O trabalho foi bastante produtivo, acordamos a linha política de luta contra os golpes e já saímos com a primeira marchinha:
“Amantes de Lula
Foi golpe, foi golpe sim
Foi golpe que tirou você de mim
Agora vamos lutar
É Lula, é Lula, é Lula, é Lula já!
Sua estrela brilhante
Contagia o nosso povo
Tá todo mundo gritando
Queremos Lula de novo
Volta meu velhinho
O povo te quer de novo
Já não aguenta mais
Comer churrasco de ovo
Amantes de Lula na rua
Com esperança no coração
Com coragem pra vencer
Os golpistas na eleição”
A irreverência e disposição para luta marcaram a reunião, estando presente no nome do novo bloco, até nas primeiras estrofes das marchas. Após as primeiras divulgações, já manifestaram apoio a brincadeira diversos artistas e dirigentes da esquerda.
É proibido festejar, mas para trabalhar pode aglomerar
Neste período pandêmico a burguesia está aproveitando para atender suas vontades. Uma dessas vontades era de acabar com as folias de rua, mantendo apenas as comemorações fechadas, onde os capitalistas podem explorar comercialmente. Agora no período pandêmico, sob o pretexto de manter o isolamento social para controle da pandemia, a burguesia ataca as festas populares, assim como atacam o futebol nos estádios.
O que denuncia a farsa dessa política é o fato de não haver nenhuma medida contra a pandemia além do distanciamento social para a pequena-burguesia e agora as vacinas, as quais tiveram sua escolha submetida a claros interesses econômicos privados. Não há testagem massiva ou um acompanhamento do desenvolvimento real da pandemia, a política da burguesia é de economizar com a população e gastar livremente com os banqueiros.
A política do ficar em casa, que se transformou num assédio da esquerda pequeno-burguesa, foi apenas para a classe média. Os trabalhadores tinham que sair de casa para sobreviver, se expondo em ônibus lotados.
A classe operária não teve trabalho remoto, as indústrias não pararam de produzir, assim como os lucros de fruir. Nasceram 42 novos bilionários brasileiros em 2021, eles são a base da insegurança alimentar de 118 milhões de brasileiros.
Na educação não houve diferença, docentes e discentes foram apinhados em salas de aulas fechadas. Apenas com máscaras, às vezes com ar condicionado, ventiladores e álcool em gel, mas dificilmente com ventilação natural e distanciamento recomendado.
O apartheid do Rei Momo
Ao menos 15 capitais já cancelaram os carnavais tradicionais de rua, proibindo todas as manifestações populares. Há uma campanha intensa da imprensa capitalista, seguida pela esquerda pequeno-burguesa em apoio a essas medidas draconianas.
O pretexto para atacar a população seria o aumento dos números de casos de covid-19 no Brasil após as festas de fim de ano. O primeiro ponto a ser observado é que os dados não correspondem à realidade, eles refletem apenas uma pequena parcela que teve acesso aos testes, todo o universo de dados, 2020, 2021 e 2022 é questionável.
Fora esse questionamento básico é visível a insuficiência de investimentos públicos e medidas de efetivo combate à pandemia. Esse cenário é o fator central para uma nova magnitude da pandemia no país.
Mas o que realmente desmascara a farsa política da burguesia é o fato de enquanto criminalizam as festas populares, aprovam espetáculos pagos, com ingressos, com milhares de pessoas. Quem puder pagar pode se divertir, desde que seja promova lucro para os capitalistas.
O carnaval além da “delícia da folia” sempre foi um momento político de protesto, onde os populares extravasam seus sentimentos. Desde o golpe não há uma aglomeração de populares que não resulte em uma forma de protesto contra o golpe.
Essa política de apartheid e cancelamento imposta pela burguesia, visa mitigar a manifestação da revolta popular latente. Isso se torna uma necessidade maior da burguesia nesse ano de eleição, quando ela prepara outro golpe contra o povo brasileiro.
Sair às ruas contra a ditadura, crescer o Bloco Vermelho
O carnaval de rua no Brasil é uma festa popular adotada pela classe trabalhadora, onde o povo toma as ruas. Não podemos deixar que a burguesia, com auxílio da esquerda pequeno-burguesa, faça o que nem mesmo a ditadura militar conseguiu: acabar com o carnaval de rua.
Esse momento, pela pressão popular, também é propício para a unificação e organização da esquerda de luta. O Bloco Vermelho tem a vanguarda dessa esquerda, setores que se colocaram contra os golpes de Estado e luta pela derrubada do regime golpista.
Temos que sair às ruas contra o golpe, pela candidatura de Lula, pela derrubada do regime golpista imposto pelos golpes de 2016 e 2018. Os trabalhadores devem construir um programa próprio, que atenda suas necessidades e lute por este. Essa luta será vantajosa, tanto quanto a população estiver mobilizada, será mais fácil o atendimento de suas reivindicações sob um governo com amplas bases e vínculos estreitos com estas, como provavelmente seria um governo Lula.