A aprovação de 1 bilhão de dólares adicionais em armas para a Ucrânia mostra a disposição do imperialismo em lutar até o último ucraniano. O anúncio da verba adicional, além de outros US$ 225 milhões para “ajuda humanitária”, deixa bem clara a intenção em prolongar o conflito.
A ideia da Otan é desgastar a Rússia, mas o problema é que a Ucrânia está dando sinais de fadiga. O governo Zelensky admitiu pesadas perdas em Severodonetsky, cidade crucial para o domínio da região do Donbass. Pelo menos mil soldados foram mortos por dia. Nessa conta, porém, é preciso considerar que para cada baixa se somam de quatro a oito feridos.
Segundo o Global Times, Biden conversou por telefone com Zelensky afirmando que enviará “armas adicionais de artilharia e defesa costeira e munição para artilharia de sistemas avançados de foguetes”. Tudo isso para apoiar operações na região do Donbass.
Aquilo que a Casa Branca classificou como ‘ajuda humanitária’ corresponde a água potável, suprimentos médicos, comida, abrigos. O que dá uma pequena dimensão dos graves problemas que a Ucrânia vem enfrentando.
O Canadá é outro país que anunciou mais ‘ajuda’ militar à Ucrânia, serão mais 9 milhões de dólares canadenses em munição. Os ucranianos, não restam dúvidas, estão sendo usados em uma guerra por procuração, estão sendo sacrificados em nome do imperialismo para agredir a Rússia.
Ucrânia na União Europeia?
De acordo com o GT, Lloyd Austin, o secretário de defesa americano, convocou uma reunião de 45 países em Bruxelas, Bélgica, para discutir apoio aos ucranianos. Na quinta-feira (16/jun), Zelensky e líderes da União Europeia discutiram, em Kiev, a possibilidade de a Ucrânia ser admitida no bloco. Participaram do encontro o chanceler da Alemanha, Olaf Sholz; o presidente francês, Emmanuel Macron; o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi; o presidente romeno Klaus Iohannis; além do próprio Volodimir Zelensky.
Na sexta-feira (17/jun), Zelensky se reuniu com Boris Johnson, para discutirem temas de segurança e defesa. O Reino Unido está disposto a continuar oferecendo armas à Ucrânia, bem como treinamento militar. O presidente ucraniano repetiu para Johnson o que vem dizendo o tempo todo “precisamos de armas pesadas”. Não poderia ser diferente, uma vez que a Rússia neutralizou o equipamento militar pesado do exército ucraniano.
A presidenta da Comissão Europeia, Ursula von de Leyen, recomendou que a Ucrânia e a Moldávia recebam o status de candidatos à adesão à UE. Nesse grupo a Geórgia também poderá admitida.
A Turquia, que há anos vem tentando ingressar no bloco e sempre é preterida, não deve ter ficado muito contente com o anúncio. Muito provavelmente a UE está fazendo essa manobra como uma maneira de chantagear o governo turco que vem sendo um problema dentro da Otan. Recentemente, a Turquia levantou objeções para o ingresso de Suécia e Finlândia à Organização.
Os EUA recém ocuparam três novas bases militares na Grécia, além de uma que já ocupava, e essa é uma maneira conhecida de pressionar a Turquia, país que tem a segunda maior força na Otan.
Os bastidores
Enquanto a imprensa demonstra toda essa movimentação do imperialismo para ‘ajudar’ a Ucrânia. O fato é que existem muitas pontas soltas dentro do próprio imperialismo. Inúmeros países dependem do fornecimento de petróleo, gás natural, fertilizantes, metais e a falta desses produtos pode colocar a indústria e produção de alimentos mundiais em sérios problemas.
Existe uma crise no imperialismo que não está conseguindo coesão no seu ataque contra a Rússia. A Organização Mundial do Comércio (OMC) elaborou um documento de apoio à Ucrânia, assinada por mais de 50 países da União Europeia, Canadá, Japão, EUA, dentre outros, mas o Brasil não assinou, o que causou um grande escândalo. (leia)
Antes do encontro do dia 16, Zelensky acusou o governo alemão de estar “sentado em duas cadeiras” e cobrou uma postura mais clara, abandonar a postura que permite um equilíbrio de relações tanto com Kiev, quanto com Moscou. Além de ter demorado bem mais que outros países a iniciarem sua ajuda à Ucrânia.
O governo alemão sabe que enfrentará graves problemas na sua indústria caso falte o gás russo. Existe um sentimento crescente na Europa de que esta crise não é deles, mas dos EUA e o sentimento geral é que toda essa tensão termine o quanto antes.
Há uma forte pressão inflacionária que se soma à crise de produção de alimentos na Ucrânia, que é um dos maiores fornecedores mundiais de trigo, cevada e milho está com sua exportação praticamente paralisada em decorrência do conflito e de os nazistas terem minado os portos. Por conta disso, o Brasil conseguiu acordos de fornecimento de milho à China. Essa situação no Leste Europeu acaba criando conflitos de interesses que o imperialismo é incapaz de gerir.
Armas e mais armas
Enquanto aumentam as tensões sociais nos EUA, pobreza e violência crescentes, o governo Biden só consegue aprovar orçamentos bilionários para a guerra.
Quando das eleições presidenciais, alertamos diversas vezes que Joe Biden, ao contrário do que pregavam as imprensas corporativas e independentes, bem como a grande maioria da esquerda, não era o ‘mal menor’, mas o candidato preferencial do mercado financeiro e da indústria bélica.
Fomos acusados de trumpistas por aqueles que comemoravam a vitória de Biden e de sua vice, ao estilo identitário, Kamala Harris. Hoje, com a realidade se impondo, com a Europa à beira de uma guerra, todos escondem a mão e fingem que não têm nada a ver com isso.
Uma coisa está ficando muito clara: enquanto governa para o mercado e para a indústria bélica, Biden está afundando em uma enorme crise doméstica, podendo perder as eleições de meio de mandato (midterm elections) e ficar sem a maioria no Congresso, o que poderá sepultar de vez o seu mandato.