A nova secretária de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo, Soninha Francine, apresentou a ideia de montar um camping onde os moradores de rua possam se instalar. Essa é mais uma proposta surreal apresentada pela burguesia para se livrar da obrigação de garantir moradia ao cidadão.
Segundo um levantamento feito, houve um aumento de 31% da população em situação de rua entre 2019 e 2021 na cidade de São Paulo. Uma consequência direta da política direitista promovida por PSDB e João Dória, fruto também do golpe de Estado contra a presidenta Dilma Rousseff em 2016.
Segundo a própria secretária, são 31 mil pessoas morando nas ruas de São Paulo, com muitas famílias tendo chegado a essa situação por não conseguirem manter o pagamento do aluguel e do gás, devido ao absurdo aumento do custo de vida, deteriorização cada vez mais acentuada do salário mínimo e alta taxa de desemprego.
Com urgência para resolver a situação, os tucanos, depois de terem proposto alimentar os mais pobres com ração humana, agora querem promover favelas institucionalizadas para abrigar famílias que estão na rua. Nesse programa, a prefeitura custearia um terreno para que essas pessoas montassem suas barracas e ali tivessem acesso a banheiros, chuveiros e onde lavar roupas. Isso teria um custo mensal de 100 mil reais aos cofres de São Paulo, que arrecadará em 2022, segundo a própria prefeitura, 82,7 bilhões de reais.
É dessa forma que a burguesia trata a população mais pobre: como um resto com o qual deve lidar, e o faz da maneira mais porca possível. É uma política higienista de tirar as pessoas que estão nas ruas (por culpa da própria burguesia) nobres da cidade e pôr num terreno como se fosse lixão. Além de ser ineficiente é indigna, por não garantir a dignidade das pessoas em situação de rua.
O cinismo da secretária é tão grande que ela chega a culpar o Padre Júlio Lancelloti pelo projeto ainda não ter saído do papel. O padre, obviamente, se opôs a tal política porque os moradores de rua já têm suas próprias barracas. Segundo Soninha, isso gerou uma oposição tão forte que desmobilizou a medida.
A Constituição federal de 1988 determina o Estado como garantidor do acesso à moradia, à educação e à saúde ao cidadão brasileiro. Medidas como essa são gambiarras na própria Constituição. É curioso que, nessas horas, os célebres defensores da Constituição da burguesia brasileira enfiam a cabeça no buraco e não entram em ação.
Não se pode aceitar uma prefeitura abrir mão de suas obrigações para promover uma política pública esdrúxula como essa. Esse tipo de coisa só poderia sair da cabeça de uma burguesia que trata pobre como uma pedra no meio do caminho, que, quando não se pode ignorá-lo, a solução é pensar numa ideia inovadora para enfeitar a situação trágica.
As lideranças e os partidos de esquerda, os movimentos de trabalhadores etc devem lutar por uma política verdadeiramente eficaz de moradia para os trabalhadores. Essa é uma luta concreta de defesa da população por seus direitos, que estão explícitos na Constituição.