Às vésperas do primeiro turno das eleições de 2022, apesar do alinhamento da burguesia em torno da terceira via e de uma operação política em curso para se livrar dos candidatos com popularidade — no caso: Lula e Bolsonaro — a classe dominante não descarta que a sua operação não vá como o planejado e que, nessa hipótese, tenha que arcar com um eventual governo Bolsonaro ou até mesmo um novo governo Lula. Sendo assim, a imprensa capitalista já opina sobre os possíveis caminhos que o Brasil pode seguir nos próximos meses.
Em matéria recente, o direitista O Estado de S. Paulo colocou às claras as concepções do mercado financeiro sobre as candidaturas de Lula e Bolsonaro. Segundo os economistas, existe uma maior segurança de que as privatizações serão expandidas no governo Bolsonaro, e que também um eventual governo Lula faria “apenas concessões marginais”. Segundo o sócio da Mauá Capital e ex-diretor do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo:
“Em um novo mandato do Bolsonaro, acho que aconteceria não só a venda de ativos da Petrobras, mas também o trabalho de preparação para ela ser privatizada”
A matéria do jornal golpista mostra que, apesar da desconfiança da burguesia em Bolsonaro, sua eventual reeleição seria mais produtiva no sentido da continuidade das privatizações do que um novo governo Lula. A matéria cita positivamente o programa econômico do ministro Paulo Guedes e afirma que: “De qualquer forma, a percepção do mercado financeiro é de que o trabalho foi cumprido”. Nas palavras do estrategista-chefe da gestora RPS, Victor Cândido:
“O governo de Bolsonaro teve um programa robusto de privatizações e a Eletrobras foi a joia da coroa”
Através dessas declarações podemos ver uma maior concessão política da burguesia ao governo Bolsonaro, que até ontem era a personificação do fim dos tempos, da barbárie e da catástrofe econômica. Essas declarações da burguesia devem servir de sinal de alerta para setores do PT que ainda acreditam que a burguesia pode apoiar Lula contra Bolsonaro caso isso seja o último caso. E, ademais, também deve servir como uma demonstração para os setores mais sectários da esquerda de que Lula, por mais direitista que esteja sendo a sua campanha, não é o candidato da burguesia para 2022.