Cerca de quinhentos mil bancários de todo o País entraram em mais uma campanha salarial, convivendo com uma situação ainda mais dramática do que nos anos anteriores.
As sucessivas medidas adotadas contra os trabalhadores nos governos golpistas de Michel Temer e Jair Bolsonaro, nada mais são do que mecanismos de utilização do Estado para a crescente transferência de fabulosos recursos para os grandes banqueiros e capitalistas nacionais e internacionais, num processo de ataque às já precárias condições de vida das massas, comparáveis, apenas, na famigerada era do governo de FHC (PSDB) do começo da década de 1990.
Este processo vem conduzindo a maioria da população a níveis de pobreza e miséria alarmante, ao rebaixamento dos salários, desemprego em massa, matança de crianças, negros, índios etc.
A categoria dos bancários, em virtude de sua característica numérica nacional e sua natureza central na economia capitalista na atual etapa, pode deslanchar um importante movimento nacional de luta, unindo-se, inclusive, ao conjunto da classe trabalhadora, contra o governo e os grandes capitalistas. Somente uma luta unitária dos bancários nacionalmente pelas suas reivindicações poderá abrir perspectiva de reversão do atual quadro social brasileiro.
No entanto, em função de uma política de avestruz das atuais direções sindicais, não está sendo impulsionada uma campanha salarial realmente de luta pelas reivindicações da categoria bancária. Ao invés de impulsionar uma campanha real, buscam sustentar a luta nas intermináveis mesas de negociações com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos).
Os banqueiros, maiores financiadores do golpe de Estado de 2016, vêm, desde lá, implantando uma política de terra arrasada para a categoria bancária através de um arrocho salarial gigantesco, demissão em massa (do ano de 2016 para cá, somente os maiores bancos demitiram mais de 43 mil bancários), fechamento de centenas de agências bancárias, descomissionamentos, o aprofundamento do assédio moral para pressionar os trabalhadores na venda de produtos etc.
A pauta de reivindicação aprovada na Conferência Nacional dos Bancários, ou seja, a luta por reajuste salarial, contra as demissões, semana de trabalho de quatro dias, escala móvel de salários etc., está sendo tratada como mera formalidade, sem uma agitação efetiva de mobilização da categoria para lutar por estas reivindicações. Até agora, não se viu nas ruas os materiais de campanha, como selinhos, cartazes, jornais e boletins.
É necessário reverter os rumos da atual campanha salarial. É necessário colocar, imediatamente, a campanha nas ruas. Organizar comitês de lutas em cada local de trabalho, cujo objetivo seja organizar a greve de toda a categoria. Nenhuma reivindicação dos bancários será conquistada nas intermináveis mesas de negociações com os banqueiros. Os patrões só entendem um método para atender às reivindicações dos trabalhadores e esse método sempre as mobilizações da classe trabalhadora que, para arrancar as suas reivindicações, precisam utilizar os seus tradicionais métodos de lutas: greves, ocupações, passeatas, atos de luta, entre outros.
Além das questões específicas e imediatas da categoria, esta campanha salarial deve também servir de instrumento de mobilização e de luta pelas reivindicações do conjunto dos bancários e dos trabalhadores:
- Salário Mínimo real (7 mil reais);
- Reposição de todas as perdas salariais;
- Escala móvel de trabalho e emprego;
- Não às privatizações;
- Não ao pagamento da dívida;
- Não às demissões;
- Não à terceirização.