O Maranhão, Estado com o maior número de assassinatos no campo em 2021, já contabiliza nas últimas duas semanas mais três tentativas de homicídio contra os camponeses. O ocorrido se passou na Baixada Maranhense entre os moradores da Comunidade Quilombola de Cedro, localizada dentro da Área de Proteção Ambiental-APA da Baixada Maranhense, na cidade de Arari, distante 170 Km de São Luís.
Na madrugada do 18/12/2021, o camponês José Verde Diniz, teve sua residência invadida por três pistoleiros fortemente armados, todos encapuzados, dizendo serem da polícia, José conseguiu escapar depois de pular a janela do quarto e se esconder. José Diniz sofreu um processo de criminalização de lideranças populares quando foi preso no ano de 2019, pelo juiz da comarca à época Luiz Emílio Bittencourt Júnior, após representação do delegado de Policia, Alcides Martins Nunes Neto e ratificada pela promotora de justiça, Lícia Ramos Cavalcante.
É prática deliberada das autoridades de Arari a criminalização das lideranças sociais, com representações criminais, inquéritos policiais, denúncias, decisões judiciais favoráveis ao latifúndio, o que é feito com o aval do Governo Flávio Dino, que constantemente ignora as denúncias feitas pelos lavradores aos órgão estaduais em um claro conluio com os latifundiários da região.
Já na primeira semana de 2022, na noite desta segunda-feira, 03/01/22, por volta das 21h, o camponês Francisco Pereira Rodrigues “Quinquim”, 55 anos, e sua neta de apenas 10 anos, foram alvejados dentro de sua própria casa. O atirador estava escondido na mata próximo à casa do camponês que logo em seguida fugiu. O Sr. Francisco foi atingido na região do tórax, foi submetido à procedimento cirúrgico ainda na madrugada e seu estado de saúde é grave. Sua neta teve os primeiros cuidados médicos e encontra-se fora de risco de morte.
Nos últimos anos, os conflitos agrários têm se intensificado no Município de Arari, principalmente pela falta de vontade política do Governo do Estado do Maranhão em não regularizar as posses das comunidades que vivem há séculos nessa região, comunidades constantemente fustigadas pelo latifúndio que grilam, cercam as terras públicas para criação de búfalos em larga escala, para a piscicultura em açudes cavados dentro dos campos e a monocultura do arroz transgênico.
O governo do Estado do Maranhão precisa agir para regularizar a posse da terra das comunidades e acabar com a blindagem aos criminosos. Segundo o advogado Waldemir Soares Júnior, que atua em movimentos sociais na região : “(…)Tocam o inicial, boletim de ocorrência e perícia, mas não existe dedicação para acabar com essa violência no campo. O movimento sabe quem foi, quem mandou, mas o governo oficialmente diz que não tem nenhum indício de autoria e fica por isso mesmo. O Maranhão tem uma delegacia agrária. Eu acompanhei o trabalho, porque sofri um atentado lá, uma tentativa de homicídio. Só não aconteceu porque estava com equipe de segurança. As pessoas são boas, dedicadas e comprometidas, mas não têm estrutura. Há um delegado e dois investigadores para o estado inteiro.”