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Caso Malvinas

“Autonomia”: vale para Ucrânia mas não para a Argentina?

A ingerência imperialista nas Malvinas revela o cinismo do imperialismo no caso da Guerra na Ucrânia

No dia 8 de junho de 1982, dois aviões argentinos, um Lockheed C-130H Hércules (modificado para carregar e lançar bombas) e um bombardeiro BAC Canberra da FAA (Fuerza Aerea Argentina) atacaram o superpetroleiro VLC Hercules, lançando contra o petroleiro 15 Bombas de 250 kg, com três delas acertando o navio. 

O navio, de 221 mil toneladas, estava indo buscar óleo no Alasca para uma refinaria nas Ilhas Virgens. Entretanto, por causa de suas dimensões, ele era grande demais para usar o Canal do Panamá, sendo obrigado a contornar o Cabo Horn no extremo sul da América do Sul, o que o levava a passar no “corredor” entre a zona de exclusão marítima imposta pelo imperialismo inglês e a costa argentina.

A Argentina era comandada por uma ditadura das Forças Armadas em cujo núcleo havia uma guerra pelo poder. Uma hora, a Força Aérea estava no poder. Outra a Marinha. Então, esta tomava um golpe do Exército.

A crescente insatisfação popular e a crise econômica que assolava o país portenho estava minando as bases da ditadura. Era só questão de tempo até ruir de podre. A invasão foi a cartada final perpetrada pelo General Leopoldo Galtieri, o Almirante Jorge Anaya e o Brigadeiro Basilio Lami Dozo. A decisão de invadir as Malvinas foi tomada com o objetivo de desviar os problemas internos para um inimigo externo e conter a crescente insatisfação do povo argentino em relação à ditadura militar.

Com o governo do imperialismo inglês à beira do colapso, a decisão da Primeira-Ministra Thatcher de entrar em guerra em 1982 mudou tudo. A Guerra das Malvinas, travada entre abril e junho de 1982, foi o ponto de virada na liderança da Srª. Thatcher em sua carreira política. Apostas estavam sendo feitas sobre se ela sobreviveria no novo ano seguinte. Um conflito armado seria a saída triunfal para ambos os lados. Os motivos da guerra das Malvinas estão longe de ter origem somente na defesa da autonomia de um ou de outro governo, pois há várias versões sobre a origem do território. Não, a guerra foi para atender interesses políticos.

Há 40 anos do cessar fogo entre Argentina e o imperialismo inglês pelo controle das Ilhas Malvinas. Desde então, a Argentina não consegue autonomia de parte do seu território, as Ilhas Malvinas, impedida até hoje pelo imperialismo. 

Assim como na guerra das Malvinas, o conflito na Ucrânia passou por várias fases. A Rússia foi instigada a se expandir e depois foi criticada quando o fez. A expansão da OTAN para leste, contra o que tinha sido combinado com Gorbatchov em 1990, foi a peça-chave inicial da provocação. A violação dos acordos de Minsk foi outra peça de provocação. A Rússia, inicialmente, não apoiou a reivindicação da independência de Donetsk e Lugansk depois do golpe de 2014, preferiu uma forte autonomia dentro da Ucrânia, como está estabelecido nos acordos de Minsk. Estes acordos foram rasgados pela Ucrânia com o apoio dos EUA, não pela Rússia.

Em março deste ano, Joe Biden, em uma de suas falas de puro cinismo do imperialismo americano, reafirmou o artigo 5.º do tratado da OTAN, estipulando que “um ataque a um país membro é um ataque a todos”, constitui “um dever sagrado” para os Estados Unidos; cinismo já ratificado pelo chefe de diplomacia do imperialismo americano, Antony Blinken, quando disse que “o que a Rússia está fazendo é a brutalização continuada da Ucrânia e de seu povo”.

Contudo, a realidade aparece em declarações econômico-científicas como as de Cardoch, Robson Coelho Cardoch Valdez pesquisador de Relações e Assuntos Internacionais da FEE (Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul), que em um artigo publicado em 2015 afirma que

“Adicionalmente, a desvalorização do preço do petróleo comprometeria, financeiramente, a influência do Irã no Oriente Médio, o que beneficiaria a Arábia Saudita e Israel – principais aliados dos Estados Unidos na Região. Ainda que seja de amplo conhecimento, vale lembrar que Arábia Saudita e Irã rivalizam-se por maior influência política na região. No caso de Israel, Irã é o maior apoiador de Bashar Al-Assad na Síria e do Hezbolla no Líbano. Percebe-se, então, que o conflito na Ucrânia tem reflexo em várias agendas da política externa norte-americana e na de seus aliados mais próximos. Assim, o maior desafio para entender os conflitos nos quais os Estados Unidos estão envolvidos, é enxergar a interdependência e os interesses das agendas da política externa” do imperialismo geral e do imperialismo americano.

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