Neste ano de 2022, um novo grupo armado se formou na Palestina, especificamente na Cisjordânia. O ano de 2022 foi o com mais assassinatos de palestinos por tropas israelenses desde 2006, segundo o jornal Al Jazeera, com mais de 200 mortos, sendo mais de 50 crianças. A primeira aparição oficial do Cova dos Leões foi no dia 2 de setembro, num memorial para dois de seus combatentes, mortos por tropas israelenses.
Até o momento, informações dão conta que os membros são jovens em torno dos 20 anos, e que compõem os quatro partidos de luta da Palestina: Hamas, Fatah, Jihad Islâmica e Frente Popular pela Libertação da Palestina. A Cova dos Leões organiza todos, numa frente única de luta armada contra o Estado de Israel. O grupo surgiu na cidade de Nablus, e vem aumentando de maneira exponencial frente aos ataques de Israel. Ele já tem presença em Balata, Jenin, Al-Khalil (Hebron), e outros lugares.
Membros do Cova dos Leões, em Nablus. – Foto: Reprodução
O Cova dos Leões reivindica ataques a ocupações israelenses na Cisjordânia, além de a bloqueios das forças de repressão de Israel. O grupo ressurgiu após o assasssinato de alguns de seus combatentes, no que Israel acreditava estar pondo fim ao movimento, o que ocorria era o contrário.
A questão ainda colocou a Autoridade Palestina (AP), liderada pela Fatah, o governo da Cisjordânia, em cheque, pois é um sinal claro da falência política total do regime de submissão a Israel. A AP vem buscando coibir o movimento armado, inclusive oferecendo cargos e dinheiro para aqueles que entregarem suas armas, mas sem sucesso.
Tendência de enfrentamento
O Centro Palestino para Política e Pesquisa por Censo (PCPSR) demonstrou que 72% dos palestinos apoia a criação de grupos armados do tipo na Cisjordânia, com 60% acreditando que uma rebelião armada arrisca conflito com a Autoridade Palestina. Ainda, 79% recusa a questão da rendição dos combatentes à AP, e 87% rejeitam a autoridade da AP para conduzir tais prisões.
A política supremacista racial de Israel, com seu governo de apartheid, sua tendência de extrema-direita fascista e o completo desinteresse na pacificação da situação, além da falência política do governo da Autoridade Palestina, vem estimulando o crescimento de grupos armados, especialmente com a crescente violência contra o povo palestino.
Desde os acordos de Oslo, em 1993, nenhuma das pautas — a situação da Jerusalém ocupada, refugiados, fronteiras, água, etc. — avançou para a população palestina e nenhuma sequer está vendo qualquer tipo de avanço. Ao invés disso, as ocupações por colonos israelenses na Cisjordânia crescem a cada dia, e a coisa pode inclusive ser considerada uma política oficial do Estado de Israel, que utiliza suas forças armadas para proteger os colonos e expulsar das terras os palestinos.
Apesar da participação de ONGs na Palestina, financiadas pelos mesmos apoiadores do Estado de Israel, seu efeito foi o de acentuar discrepâncias sociais, atendendo algumas regiões centrais, como Ramallah e outros centros urbanos mais ligados à AP, enquanto os campos de refugiados são deixados à míngua.
Não só o Cova dos Leões, mas outros grupos armados surgiram no último período, como a Brigada de Balata, a Brigada de Jenin e o Batalhão Osh al-Dababir.
Grupo Brigada de Balata, no campo de refugiados Balata, em 4 de novembro. – Foto: Reprodução
Os enterros de combatentes assassinados levaram milhares de pessoas às ruas, e o movimento armado conta com apoio crescente. O símbolo do Cova dos Leões se multiplica na Cisjordânia, pelos bairros.
O grupo foi banido do TikTok, e divulga informações pelo canal no Telegram. O movimento ainda organiza protestos e até mesmo greves gerais, as quais têm adesão da população, contra os bloqueios realizados pela repressão sionista.
Ao mesmo tempo, incursões israelenses para matar lutadores do povo palestino ocorrem numa tentativa de conter a tendência combativa da população. A crise do imperialismo chegou à Palestina.