No dia 9 de março, por volta das 17h40 do horário local, houve um suposto ataque de artilharia russo ao hospital e maternidade em Mariupol, Ucrânia, repercutido pelas autoridades Ucranianas. Houve a divulgação de um vídeo de partes do hospital completamente devastado pelo ataque russo, onde seria possível visualizar corredores, quartos e o pátio sobre pilhas de destroços e escombros.
As autoridades do Conselho da Cidade de Mariupol relataram 17 feridos pela explosão. O ataque foi descrito como uma “atrocidade” pelo presidente do país, Volodymyr Zelensky, que, em seguida, apelou à OTAN para declarar uma zona de exclusão aérea, ao expressar indignação pelas vítimas civis.
Os antecedentes de uma mentira
Em reportagem veiculada pelo órgão Lenta.ru, publicada no dia 8 de março, um dia antes do “ataque”, o correspondente de guerra situado na Ucrânia visitou a aldeia de Bezymennoye, no sul da Republica Popular de Donetsk (RPD), para entrevistar moradores de Mariupol que fugiram do conflito. Dentre os poucos que conseguiram passar pelos corredores humanitários e fugir dos batalhões nazistas que cercam a população civil, está Igor, um morador que conseguiu atravessar por conta própria, que relata o que passou para chegar à aldeia:
“Um homem passa pelas tendas para onde os refugiados são levados. Ele está no limite e não larga o telefone, seu rosto mostra que ele não está sem dormir há vários dias. Seu nome é Igor, ele passou cerca de um dia na estrada para chegar à Bezymennoe da Crimeia . Ele constantemente se aproxima dos militares, funcionários do Ministério de Situações de Emergência, pedindo para ver as listas para descobrir se seus pais idosos conseguiram evacuar de Mariupol. Ele está tentando ir junto com os soldados em direção à linha de frente, mais perto da cidade. Nos últimos dias de fevereiro, pessoas uniformizadas chegaram à maternidade (a maternidade mencionada, trata-se do suposto ataque russo) onde sua mãe trabalha. Ele não sabe se eram combatentes das Forças Armadas da Ucrânia ou do batalhão nacionalista “Azov”. Os militares derrubaram todas as fechaduras, dispersaram o pessoal da maternidade e montaram posições de tiro no prédio para, como explicaram aos médicos, preparar a “fortaleza de Mariupol” para a defesa. A reação dos militares às objeções é padrão: golpes com coronhas, tiros para o ar.”
A entrevista revela detalhes muito importantes sobre o modo de agir dos batalhões nazistas: ocupar regiões residenciais com civis como reféns, para então poder divulgar os “crimes de guerra” das Forças Armadas da Rússia. O hospital evacuado à força, para se estabelecer posições de combate, não havia médicos e pessoas internadas, apenas militares. Então, de onde vieram as supostas vítimas do ataque?
Os estúdios de gravação do bombardeiro
Após o suposto incidente, foi gravado um vídeo do interior do hospital, onde é possível ver muitos destroços e entulhos. A mesma cena se repete nos quartos. O vídeo passa por diversos corredores e mostra algumas parte do pátio, mas sem corpos ou marcas de sangue. O vídeo em questão foi publicado pela CNN, que, ao longo da matéria, apresenta a fotografia de uma mulher grávida ferida, carregada numa maca improvisada por militares.
A mulher que se apresenta ferida carregada por militares, como apresentado pelo tweet da Embaixada Russa na Inglaterra (o tweet foi excluído pela plataforma por “violar as regras”), é a modelo ucraniana Marianna Podgurskaya, que interpretou em duas oportunidades mulheres grávidas feridas. Como demonstrado pelo companheiro Eduardo Vasco em seu Twitter, a mulher em destaque é a protagonista da encenação montada para fins de propaganda contra a ação russa.
O modelo de atuação da imprensa imperialista é de total falsificação da realidade, e tal é a receita para grande parte dos acontecimentos na Ucrânia. A atribuição à Rússia de qualquer ação que possa denegrir a imagem do exército russo, parte de uma campanha de falsa bandeira que, finalmente, serve para incitar a opinião pública a atacar a Rússia em sua guerra contra a Ucrânia e contra todo o bloco imperialista.