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Corrente Sindical

Aprender com as derrotas para lutar por uma nova direção parte I

Um balanço necessário da crise da burocracia sindical

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O ano de 2021 expressou claramente o início do desenvolvimento das tendências à resistência dos explorados do País contra a política de destruição da economia nacional e do martírio do desemprego, da fome, da miséria e da morte impostos pelo golpe de Estado e  levada à frente por seu presidente de plantão, o fascista Jair Bolsonaro, e por toda a direita golpista.

Deslocamento à esquerda

A revolta geral dos trabalhadores diante da situação foi expressa nas mobilizações que se iniciaram a partir de maio, e levaram centenas de milhares de pessoas às ruas, em centenas de atos. Em mais de uma oportunidade aprofundou a tal ponto a crise do regime golpista, que chegou mesmo a ameaçar a derrubada do próprio governo Bolsonaro.

No interior desse movimento se processou uma importante evolução política, evidenciada no crescente repúdio de significativa parcela dos manifestantes à tentativa da  direita golpista de se infiltrar  nas mobilizações. O que se daria por meio da frente ampla, com apoio de setores da esquerda pequeno burguesa e burguesa. Isso ficou público, dentre outros, na expulsão do PSDB do ato do dia 3 de julho, e pelas vaias estridentes contra Ciro Gomes (PDT), no ato do dia 2 de outubro, ambos na Avenida Paulista.

Além do repúdio à direita, viu-se também a negativa das massas em usar o verde amarelo. Quem procurou introduzir as cores do golpismo foi a esquerda defensora da frente ampla para tirar do movimento o caráter combativo, de classe, de luta contra Bolsonaro e toda a direita; descaracterizar os atos da esquerda, e apresentá-los como da “oposição” golpista.

Os atos foram marcados cada vez mais pelos gritos e pelo apoio a “Lula presidente”, expressando um posicionamento crescente em favor de uma alternativa própria dos trabalhadores e da esquerda diante da situação, contra a sistemática tentativa da direita e dos defensores da frente ampla de fazer calar esse grito sob o argumento cínico de que se tratavam de atos apenas pelo “Fora Bolsonaro” e não “atos de campanha eleitoral de um candidato”. Enquanto isso, os direitistas que sequer apoiam o impeachment de Bolsonaro tentavam viabilizar suas próprias candidaturas sem apoio popular nos atos.

O apoio popular a Lula é a expressão da polarização política do País, que vem se acentuando, e que assumiu – ainda que com limitações -a forma de luta geral contra o governo e o regime golpista. Isso foi puxado pela mobilização da esquerda, em oposição à defensiva anterior que deixou a esquerda paralisada diante dos ataques da direita.

A polarização política ainda não foi aos extremos justamente por conta da política da frente ampla em subordinar toda e qualquer luta a acordos com a direita golpista em nome da “luta contra o fascismo”, como se essa direita não fosse ela mesma responsável pelo golpe e pela fraude que garantiu a eleição de Bolsonaro e a ascensão do governo liderado pelo capitão fascista.

Se os defensores “esquerdistas” da frente ampla não conseguiram  entregar a direção das mobilizações para a direita golpista, conseguiram, por outro lado, por meio de manobras a partir da coordenação do movimento Fora Bolsonaro, derrotar esse primeiro ciclo de grandes mobilizações por todo o País, o que aponta que toda a política da frente ampla não passava de uma tentativa de reciclar a própria direita que deu o golpe diante das massas.

Os sindicatos diante da mobilização

No momento em que os trabalhadores davam claros sinais de disposição para levar adiante a luta contra o governo, a esmagadora maioria das direções sindicais agiram como uma verdadeira retaguarda. Dominados pela política do “fica em casa” e “morra sem lutar”, ficaram paralisados pela política de apoio à suposta ala progressista da burguesia, “científica”. Setor que usou a pandemia para, juntamente com Bolsonaro, o negacionista, promoverem uma expropriação gigantesca da classe operária, com aumento do desemprego, rebaixamento dos salários diante da inflação, com medidas como a suspensão do contrato de trabalho e diminuição da jornada com redução salarial etc.

Enquanto milhares de trabalhadores morriam trabalhando, milhões eram demitidos e a ofensiva geral se intensificava, os sindicatos estavam literalmente fechados, com seus dirigentes, quando muito, realizando lives quase sempre inúteis.

Enquanto os sindicalistas e setores da classe média se “preservavam”, a política do “fica em casa” não era uma realidade para a classe operária. Apenas 15% dos trabalhadores tiveram o “privilégio” do trabalho remoto, ou seja, os outros 85% tinham que se submeter aos transportes públicos superlotados País afora, sem contar as dezenas de milhões de desempregados que tinham de estar nas ruas para garantir a sua sobrevivência e a dos seus.

A paralisia da burocracia sindical criou as melhores condições para uma ofensiva brutal dos patrões e seus governos contra os salários. Com uma cesta básica custando na capital paulista, segundo o Dieese, R$ 673,45, mais do que 50% do salário mínimo; nada menos do que 48,8% dos acordos trabalhistas de 2021, analisados também pelo Dieese, ficaram abaixo da inflação oficial medida pelo INPC-IBGE, sendo que apenas 16,5% ficaram acima da inflação.

O resultado é óbvio: a política do “fica em casa” não salvou vidas, pois a esmagadora maioria da população não teve direito de ficar em casa; e ainda foi um impedimento para que os trabalhadores lutassem pelos seus direitos, inclusive diante da pandemia. Em suma, o que vigorou no País foi a máxima de  que o trabalhador era obrigado a trabalhar presencialmente, mas tinha dificuldades de protestar, porque seus sindicatos estavam fechados. Enquanto isso, a Corrente Sindical Causa Operária (militantes e simpatizantes do PCO) desde o início da pandemia procurou realizar mobilizações e atos para combater a política dos governos federal e estaduais, a luta por vacina, por condições elementares de trabalho, entre outras reivindicações, o que resultou no grande ato nacional de 1º de maio deste ano, na Praça da Sé. Esse ato histórico foi o estopim para o início das grandes mobilizações de rua, enquanto a maioria das direções sindicais, nem quando o povo já saia às ruas em dezenas de milhares, se sensibilizaram e muitos sindicatos continuam praticamente fechados ou entraram de “férias” depois de um longo período de paralisia.

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