─ Granma PT ─ Pouco antes da meia-noite de domingo,7 de agosto, ocorreu uma grande explosão no local incendiado da base de navios-tanque de Matanzas e provocou a expansão do fogo para os depósitos contíguos, pretensamente por causa do colapso do que estava se queimando desde a madrugada do sábado 6 de agosto.
Na área do Comando especial No. 2 de navios-tanque de Matanzas, onde agora há bombeiros, socorristas e coragem de muitas partes de Cuba, não importa que seja domingo nem que esteja caindo a noite.
Talvez muitos desses homens e mulheres não saibam sequer o dia da semana que é exatamente; o tempo é contado pelas horas que passaram, pelas «vezes que entrei e saí», ou pelas «ligações que recebi dos meus pais».
Vários deles apresentam queimaduras na nuca ou nas orelhas, vendas em uma mão ou em um pé, e lá estão, descansando debaixo de uma barraca, na erva, em condições claramente improvisadas. «Poderíamos ir para os locais que estão preparados na cidade – esclarecem – mas daqui ninguém quer sair, lá dentro estão os nossos».
Um pouco mais longe na base de navios-tanque, a presença do fogo é próxima e ameaçadora, e os operários e chefes trabalham com sangue frio que espanta: a questão é instalar outras bombas, conseguir transportar mais água, poder fazer a espuma.
Quando o vento aumenta e as chamas se atiçam, os de fora ficam mais tensos, não há quem não procure uma rota de escape e calcule mentalmente até onde poderia chegar o perigo, que distancia é prudencialmente segura. Entretanto, os homens de resgate e salvamento seguem entrando em seus caminhões ao coração do desastre; os técnicos continuam empatando tubagens e calculando metros por segundo; e as autoridades controlando indicações.
Tudo se faz com a naturalidade do dever nesse pedaço de Matanzas onde a Ilha toda tem situados suas preces e solidariedades; e embora não se corram aqueles riscos mais do que os imprescindíveis, na aceitação dessa margem vai todo o heroísmo deles.
Lá se luta contra a adversidade, contra o tempo e o vento, lá se tornou uma regra a coragem porque ninguém quer mais uma dor, porque é coletiva a ânsia de poder dizer mais uma vez, segundo os versos da poetisa Carilda Oliver: Matanzas, «quando amanheces em calma / minha carne se torna alma».