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Após investigações ocorridas na semana passada, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) divulgou nesta terça-feira (6) o seu relatório sobre a atual situação da maior usina nuclear da Europa.
Embora tenha recebido diversas evidências, entregues por Moscou, de que as forças ucranianas atacaram a usina reiteradas vezes nos últimos meses, a AIEA divulgou um documento protocolar, instando Rússia e Ucrânia a garantir uma comunicação fiável sobre a usina.
Vladimir Rogov, membro do conselho da administração civil-militar da região de Zaporozhie, criticou o relatório e disse que a AIEA “fechou os olhos” para a situação dos bombardeios ucranianos, tendo sido impedida de realizar os seus deveres oficiais.
“Não há um único apelo específico para o lado ucraniano parar o terrorismo nuclear e o bombardeio da usina nuclear, embora a missão tenha recebido todas as provas exaustivas do envolvimento dos terroristas de [Vladimir] Zelensky nos ataques contra a usina”, disse Rogov à Sputnik.
A missão da AIEA registrou danos à estação, incluindo em uma unidade especial para armazenar resíduos radioativos e combustível nuclear fresco. A agência também observou que a usina “perdeu parcialmente a energia” várias vezes.
Entretanto o comunicado da agência afirmava apenas que “o bombardeio da usina nuclear de Zaporozhie (ZNPP, na sigla em inglês) deve ser interrompido para que a instalação não seja danificada”, sem citar que os ataques partem do lado ucraniano.
Em vez de condenar os ataques ucranianos, o documento emitido pela AIEA pediu que as hostilidades sejam imediatamente interrompidas, sob o risco de afetar a operação dos sistemas da ZNPP.
O documento diz que, se a usina for danificada, sobretudo seus equipamentos críticos, pode haver a liberação de materiais radioativos, causando um desastre atômico de grandes proporções.
“A AIEA recomenda que os bombardeios no local e em suas proximidades sejam interrompidos imediatamente para evitar mais danos à usina e instalações associadas, para a segurança da equipe operacional e para manter a integridade física para apoiar a operação segura”, afirma o documento.
A agência recomendou que sejam garantidas “cadeias de suprimentos eficazes para a segurança nuclear contínua, assim como a proteção da usina sob todas as condições, incluindo corredores de transporte seguros”.
Na última quinta-feira (1º), uma missão da agência, liderada por Rafael Grossi, chegou à central nuclear. O chefe da delegação da companhia estatal russa de energia nuclear Rosatom e funcionários da usina conduziram a equipe da AIEA pelo território e mostraram as seções da estação que foram danificadas durante o bombardeio das tropas ucranianas.
A usina nuclear de Zaporozhie, a maior da Europa, está localizada no sudeste da Ucrânia, perto da cidade de Energodar, e desde março está sob o controle dos militares russos.
Na semana passada, Grossi explicou que seis funcionários da AIEA seguirão na usina, após a visita de 14 técnicos às instalações. Esse número será reduzido para dois na próxima semana, e esses dois seriam uma presença contínua da agência no local.
Mikhail Ulyanov, representante permanente da Federação da Rússia em organizações internacionais em Viena, confirmou à Sputnik que dois funcionários da AIEA permanecerão na central nuclear de Zaporozhie de forma permanente.
Nas últimas semanas, a Rússia acusou a Ucrânia de bombardear diariamente as instalações da usina. Moscou também afirma que sua presença militar na ZNPP visa evitar vazamentos de materiais nucleares e radioativos.