Em junho, Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), incluiu o Partido da Causa Operária (PCO) no Inquérito das Fake News. Por meio de um despacho, o skinhead de toga do STF impôs o bloqueio de todas as contas nas redes sociais do Partido, algo efetivamente acatado pelas empresas de comunicação. Além disso, Moraes determinou a intimação do Presidente Nacional do PCO, Rui Costa Pimenta, junto à Polícia Federal.
Semanas depois, o ministro que não foi eleito por ninguém encaminhou uma investigação do PCO para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a alegação de “uso do fundo eleitoral para impulsionar atividades antidemocráticas”. Uma verdadeira farsa em forma de processo.
Anterior a isso, diversos episódios pavimentaram o caminho para a decisão do STF contra o PCO. Foi o caso da perseguição também jurídica contra Daniel Silveira, Alan do Santos e a cruzada identitária contra Monark. Estava claro que se tratava de uma operação política que, apesar de, à época, se voltar contra figuras pequenas da direita, serviu como um pretexto para, posteriormente, atacar a esquerda. O caso do PCO já deixou isso claro e, agora, temos ainda mais uma prova cabal disso.
Nessa quarta-feira (10), 15 vídeos do canal TV 247, ligado ao jornal Brasil 247, foram derrubados pelo YouTube. Segundo reportagem publicada no site do veículo, a decisão da plataforma se deu em decorrência da “prática de discurso de ódio” por parte do canal. Mais um pretexto farsesco, algo evidente pelo fato de que a maioria dos vídeos retirados do ar tratavam da alegada facada em Bolsonaro nas eleições de 2018.
A continuação do golpe
Estamos diante de ainda mais uma etapa do golpe de Estado que assola o Brasil há mais de uma década. Primeiro, veio o julgamento do Mensalão. Depois, a Lava Jato. Então, a prisão de Lula com a consequente eleição de Bolsonaro e, agora, um cerco generalizado aos direitos democráticos do povo.
É uma situação gravíssima, afinal, agora, não é apenas o PCO que está sendo censurado, tampouco meia dúzia de marginais da direita. Antes, se trata do maior canal de esquerda do Brasil, canal que possui quase 1 milhão de inscritos.
Agora, com a falta de dúvidas de que é uma operação política principalmente contra a esquerda, deve-se entender que é, acima de tudo, um artifício para, mais uma vez, aplicar um golpe contra Lula neste momento. Afinal, o regime golpista, com Bolsonaro, não conseguiu se estabilizar no País. Logo, é preciso aprofundá-lo e garantir a eleição de um representante mais firme do imperialismo, papel que, neste momento, é ocupado pela terceira via de Tebet.
A eleição de Lula, nesse sentido, representaria um gigantesco ataque ao golpe imperialista. Uma conquista dos trabalhadores que colocaria um grande freio nos planos da burguesia, algo que, necessariamente, resultaria em uma acentuação da polarização no País e, consequentemente, no nosso continente e mesmo no mundo.
É por isso que os direitos democráticos estão sendo atacados. No geral, a estratégia da burguesia é “comer pelas beiradas”. Veja-se o caso da Lava Jato: o pretexto era uma cruzada contra a corrupção, algo que, inicialmente, foi direcionado contra figuras políticas menores, muitas inclusive da própria direita. No final, a operação tornou-se o símbolo e o principal pilar do golpe contra Lula. Algo que garantiu sua prisão. O mesmo com o Mensalão em relação ao impeachment de Dilma.
A operação é internacional
É importante ressaltar que esta operação não representa uma política somente da burguesia brasileira. Finalmente, o processo golpista foi encomendado e orquestrado pelo imperialismo americano. Nada mais natural do que a continuação dessa relação para garantir o desenvolvimento do golpe no País.
Nos Estados Unidos, a situação é muito similar. Donald Trump, ex-presidente do país, por exemplo, foi banido do Twitter no meio das eleições presidenciais de 2020, pleito que garantiu a vitória de Biden que, indiscutivelmente, é um representante muito mais concreto do imperialismo do que Trump.
Recentemente, inclusive, teve sua casa invadida pelo FBI, mais uma violação flagrante da constituição americana. Sem contar no caso de um militante comunista que também sofreu o mesmo que Trump sob a alegação de “relações com a Rússia”. Uma reprodução evidente da política macarthista da época da Guerra Fria.
Já passou da hora de revidar
Enquanto a burguesia monta uma gigantesca operação, a esquerda permanece em coma cerebral. Para essa quinta-feira (11), por exemplo, a Fiesp e a Febraban convocaram um ato “em defesa da democracia” baseado na chamada Carta pela Democracia lançada por esses mesmos setores e amplamente divulgada pela imprensa burguesa.
Acima de qualquer coisa, foi um ato da terceira via, fabricado para legitimar toda a perseguição que o judiciário vem fazendo contra os direitos democráticos do povo. É uma manifestação contra a candidatura de Lula disfarçada de luta contra o “perigo” que o bolsonarismo representaria para o inexistente estado democrático brasileiro. O que, por sua vez, é uma grande farsa, tendo em vista que esses mesmos setores foram responsáveis pela eleição de Bolsonaro. Sem contar no fato de que ele não faz nada de concreto contra as instituições democráticas brasileiras. Apenas late.
Nesse sentido, a esquerda precisa romper completamente com a política da burguesia e travar uma luta consequente em prol da candidatura de Lula. Nem o povo, tampouco a esquerda, precisam da direita para levar adiante as suas reivindicações.
Caso contrário, o que vimos em 2018 se repetirá quase que por completo. A diferença é que, ao invés de Bolsonaro, quem tomará o poder é a terceira via, representante venal da política neoliberal que, por definição, serve para devastar o máximo possível o País. Política que terá resultados ainda mais massacrantes do que o que ocorreu durante o governo FHC.
Por isso, o Partido da Causa Operária convoca todos os leitores a participarem do ato que ocorrerá neste domingo, na Avenida Paulista, contra a censura do STF ao PCO e, consequentemente, contra a censura do YouTube ao 247. É preciso colocar o povo na rua o mais rápido possível para, de maneira efetiva, por um fim ao golpe no Brasil e eleger Lula presidente sobre a mobilização dos trabalhadores.
Todas as organizações, partidos, coletivos e demais agrupamentos da esquerda devem participar dessa mobilização. É, talvez, o momento mais crucial deste ano que já entrou para a história como uma das disputas mais polarizadas do País.