_ Rafael Dantas, de Moscou
As manobras militares conjuntas da Milícia Popular de Lugansk e das Forças Armadas da Rússia na República Popular de Lugansk (RPL) conseguiram enfraquecer e tornar mais próxima a derrota das tropas ucranianas na região.
O conflito está localizado em torno das cidades de Severodonetsk e Lisichansk, próximas à fronteira da RPL com a Ucrânia. As cidades, que até um mês atrás eram o último bastião dos ucranianos (incluindo o batalhão nazista Aidar) na RPL, foram cercadas na Operação Especial para a Desmilitarização e Desnazificação, que cortou as linhas de suprimento e comunicação dos ucranianos.
Trata-se da tática do “caldeirão”, aplicada pelos russos em outras oportunidades. O cerco russo às posições ucranianas forçou a rendição e de tropas e a prisão de milhares de militares ucranianos, compelidos a se render tal como ocorreu em na batalha de Mariupol.
O conflito militar na RPL se dá em condições muito diferentes das guerras de agressão promovidas pelo imperialismo ao longo das últimas décadas no Iraque e no Afeganistão, por exemplo.
Ao invés de pesados bombardeios aéreos e do uso desproporcional de força das operações de “choque e pavor”, com altos prejuízos para a população civil, as forças da RPL e da Rússia aplicam táticas de guerra urbana, policiamento e contra-ataques. Seu objetivo é justamente evitar danos à infraestrutura e população civis.
Isso ocorre porque as forças ucranianas adotaram como tática a ocupação de edifícios e instalações sociais, e não militares, forçando a população a servir de escudo humano e impedir o uso de artilharia pesada pelos russos.
A investida russa sobre Kiev no início da Operação Especial (fevereiro–abril), apresentada pela imprensa imperialista como uma tentativa frustrada de tomada da capital, serviu para dividir e enfraquecer as forças ucranianas. Os russos foram bem-sucedidos. A dispersão das forças ucranianas por seu território com avanços das forças da Rússia ao Norte, Sul e Oeste do país, diminuíram o ritmo da ofensiva ucraniana sobre o Donbass.
É justamente para compensar essa disparidade que o imperialismo mundial, os países da OTAN, estão enviando armas de todos os calibres e outros recursos (como aviões não-tripulados, os drones, usados para identificação e bombardeio das posições russas) para sustentar as forças armadas ucranianas já bastante enfraquecidas.
Ao mesmo tempo, a Operação Especial teve êxitos importantes ao longo do último mês com a prisão de diversos mercenários europeus de todas as patentes – incluindo generais. O apoio da OTAN aos ucranianos é indispensável e torna evidente que o País se converteu em um instrumento de agressão imperialista contra a Rússia.
Deixou claro também que a tática avançada em primeiro lugar pelos nazistas durante os oito anos de crimes de guerra e agressões contra o Donbass (o ataque sistemático à população civil) tem o respaldo do imperialismo “democrático”.
O bombardeio diário da cidade de Donetsk, capital da República Popular de mesmo nome, pelas forças ucranianas, prova que, em nome da defesa, o imperialismo ataca ao mesmo tempo que acusa a Rússia de agressão quando esta, na realidade, está apenas se defendendo.