No último período, impulsionado pelo aumento do desmatamento e queimadas na Amazônia Brasileira e no Pantanal e no desastre ambiental causado pelas fortes tempestades nas regiões norte/nordeste e a onda de secas na região sul, tem se colocado uma série de ataques a agricultura brasileira pelos países imperialistas.
Os países imperialistas, em particular os EUA, têm financiado organizações não-governamentais e a imprensa de seus países para criar um clima contra os produtos agrícolas brasileiros com a justificativa de que os produtos agrícolas estariam financiando a destruição ambiental e os ataques aos povos indígenas do país.
O latifúndio no Brasil, que foi rebatizado de agronegócio para dar um ar mais moderno a esses parasitas do campo, tem sim atuado para a destruição dos recursos naturais e nos ataques aos povos indígenas, visando o roubo de suas terras. Mas os latifundiários não estão sozinhos nesse fato e contam com amplo apoio de bancos estatais e privados, além dos grandes monopólios dos mesmos países que colocam em prática essa campanha contra os produtos agrícolas brasileiros.
São acusações infundadas e que servem apenas aos interesses do agronegócio dos países imperialistas e seus monopólios da produção de sementes, fertilizantes e defensivos agrícolas.
E o mais grave é que a esquerda não enxerga o problema e nem tem noção de uma solução, fazendo uma campanha vergonhosa das mentiras e dissimulações dos países imperialistas contra a agricultura nacional e acaba acertando os pequenos produtores rurais e a agricultura familiar que acaba sendo atingida por acusações sem fundamentação.
Isso pode ser observado nas acusações contra a agricultura brasileira em relação às mudanças climáticas, que pasmem, são defendidas pelos mesmos países imperialistas que arrasam países em busca dos interesses de suas grandes corporações internacionais.
Em um artigo recentemente publicado pelo Jornal Brasil de Fato com o título Matopiba: crescimento do agronegócio é um dos responsáveis por enchentes que assolam Nordeste demonstra como a esquerda não tem a mínima noção do que está fazendo.
No artigo, o Brasil de Fato entrevista “cientistas” onde afirmam sem nenhuma prova e sem nenhuma relação científica que a culpa dos desastres ambientais é da agricultura da região do Cerrado brasileiro denominado de Matopiba (MA de Maranhão, TO de Tocantins, PI de Piauí e BA de Bahia). Essa região vem sendo alvo do latifúndio e é grande produtora de commodities que “prejudicam” o agronegócio dos países imperialistas devido à possibilidade de aumento da área plantada e de produtividades recordes da agricultura brasileira.
O Matopiba reúne 337 municípios, 31 microrregiões e representa um total de cerca de 73,1 milhões de hectares (51% da área dos quatro estados), das quais segundo dados da Embrapa aproximadamente 8,9 milhões estão convertidos a agricultura. Com esses dados fica a dúvida, como uma área que representa apenas 12% de toda a área do Matopiba pode ser responsabilizada pelos desastres que ocorreram devido ao fenômeno La Ninã e trouxeram grandes quantidades de chuvas para a região.
Culpa as plantações em uma área reduzida desse território é esconder os verdadeiros culpados que são os governos que apesar da previsão de enormes quantidades de chuvas e dos alertar de desastres emitidos não fizeram absolutamente nada para minimizar o impacto das chuvas.
Outro discurso são as entidades, principalmente ONGs que pedem para o boicote dos produtos agrícolas brasileiros, uma ação ainda mais atrativa para o imperialismo. Com o discurso de “salvar” o clima do planeta, os países imperialistas através do IPCC e das famosas COP (Conferência das Partes sobre as mudanças climáticas) acusam o Brasil de ser o 5° maior poluidor do planeta e o maior culpado seria o desmatamento e o uso da terra, que é a agricultura e a pecuária.
É claro que esses dados são uma farsa e como não é para ficar surpreso que dentre os maiores “poluidores” estão Brasil, China e Rússia, além dos EUA que ficaria estranho de não aparecer, mas observem que não há um país europeu nessa lista. Seriam esses os mais “limpos”. É claro que não!
O alvo é a agricultura brasileira
O Brasil é um dos países que mais produzem produtos agrícolas no mundo. Está entre os primeiros em produção de soja, milho, algodão, feijão, arroz, bovinos, suínos e aves. Sua produtividade é uma das maiores do mundo e atinge em cheio os monopólios imperialistas da agricultura e da indústria de insumos.
Não é por acaso que frequentemente pedem boicote ao produtos brasileiros, acusam a agricultura nacional de destruir o planeta e mudar o clima, quando na verdade os interesses são outros, destruir a agricultura brasileira e que esse setor seja controlado pelos “monopólios” verdes dos países imperialistas.
Não é por acaso que o governo de Joe Biden colocou as empresas frigoríficas brasileiras na mira e montou um plano, incluindo combate a corrupção para destruir empresas como a Friboi e a Marfrig, que dominam o mercado mundial de carne.
Esse discurso de culpar a agricultura brasileira vem do discurso de países imperialista em relação às mudanças climáticas. A bola da vez é principalmente a pecuária brasileira.
Não podemos é a defesa do latifúndio, mas se apoiar no imperialismo para destruir o latifúndio é ainda pior, porque o latifúndio não vai sumir e o agronegócio vai ficar nas mãos do imperialismo.
É preciso denunciar esses ataques do imperialismo a agricultura brasileira e colocar em prática uma série de reivindicações para destruir o latifúndio, verdadeiro culpado dos ataques aos trabalhadores e indígenas no campo, não se apoiando em Biden ou Macron, mas fazendo a reforma agrária e estatizando os grandes complexos do agronegócio e colocando estes sob administração dos trabalhadores e da população local.