No último domingo (03), o vice-primeiro ministro da Polônia, Jaroslaw Kaczynsk, deu uma entrevista ao jornal alemão Die Welt na qual defendeu não só a presença da OTAN no leste europeu, mas o avanço em todos os sentidos — quantidade de tropas, de equipamentos e instalações de comando — e a instalação de misseis nucleares no país para, segundo ele, “conter uma crescente agressividade russa”.
Kaczynsk, que já foi primeiro-ministro entre 2006 e 2007 e desde 2017 é vice-primeiro-ministro no governo de Mateusz Morawiecki, reafirmou o tom ofensivo que o governo polonês tem adotado em relação à Rússia, usando a mesma narrativa ao mesmo tempo de se tratar de uma busca por “maior proteção”. Na entrevista, o político deixa claro que os Estados Unidos devem bancar um avanço da política de expansão da OTAN por toda a Europa oriental, compartilhando o que chamam de “benefícios, responsabilidades e riscos de dissuasão nuclear” entre todos os países da aliança. Continuou “fundamentalmente, faz sentido expandir o compartilhamento nuclear para o flanco oriental”.
Mostrando concretamente a que está disposto seu governo, propôs a criação de um grande centro de comando da OTAN no país, similar aos que existem na Holanda e Alemanha, inclusive aumentando o contingente de soldados norte-americanos no continente de 100 mil para 150 mil e ainda propôs que metade destes sejam posicionados diretamente nas fronteiras dos países do leste com a Rússia e mais 50 mil por toda a região oriental.
Kaczynsk, que não se deteve a citar seu país, fez duras críticas também à Alemanha, afirmando que deveriam enviar mais armamento à Ucrânia e que deveriam suspender integralmente a compra de petróleo russo, afirmou:
“Você não pode apoiar continuamente um grande poder como a Rússia com bilhões de vendas de energia” completando “a Alemanha deve finalmente tomar uma posição inequívoca sobre isso“. Concluindo que “se livrar” da dependência do petróleo e do carvão russo seria relativamente simples, já sobre o gás natural seria mais complexo.
Velha estratégia do Imperialismo
As declarações do governante polonês deixam muito claro de onde partem as agressões no conflito entre a Rússia e o imperialismo. O avanço agressivo, totalmente inescrupuloso proposto Kaczynsk mostra qual é o sentido da evolução do conflito, que não começou agora com a situação na Ucrânia. O avanço das estruturas da OTAN e a presença de tropas norte-americanas no leste do continente europeu tem sido um fato que vem evoluindo há décadas, concretamente desde o fim da União Soviética.
Os Estados Unidos e seus parceiros europeus, sempre utilizam o falso argumento de se tratar de uma aliança de defesa, que buscam “promover a paz internacional duradoura”, algo que não faz o menor sentido e tem revelado o cinismo de seus governantes. Atualmente existem mais de 70 bases da aliança que, em alguma medida, estão posicionadas em volta da Rússia, o que é um sinal inequívoco de agressão, pois não é possível assistir passivamente seus vizinhos “se armarem até os dentes” e apontarem que você é uma ameaça a eles e simplesmente não fazer nada.
Por outro lado, apesar deste avanço constante da OTAN, não vemos a criação de bases em territórios estrangeiros, de posicionamento de estruturas militares e armas de combate em outros países, por parte dos russos. Nestes mais de 30 anos após o fim da URSS, o que se tem visto na Rússia, além da tentativa desesperada de salvar a economia do país nos anos 1990 e 2000, é buscar reativar a sua capacidade de defender seu vastíssimo território, o que naturalmente envolve estar atento às suas fronteiras e países vizinhos.
O discurso agressivo e altamente beligerante do vice-primeiro ministro da Polônia não está descolado da política de seu governo, muito menos da política do imperialismo, principalmente do norte-americano. Pelo contrário, a recente visita de Joe Biden à Polônia, em alguma medida, aumentou a sintonia da política agressiva dos EUA/OTAN através da Polônia.
O que nos leva a concluir que, a Polônia está sendo preparada, ou pelo menos, há planos para “armá-la até os dentes”, contra a Rússia, assim como estava sendo feito com a Ucrânia, inclusive alimentando os batalhões nazistas para acelerar o processo.
Paralelamente a imprensa monopolista dos países imperialistas reproduz bovinamente os eixos principais da propaganda de guerra que ficou conhecida nas últimas décadas, como “acusar seu inimigo, daquilo que você é ou faz”. Os EUA e sua imprensa cartelizada tem alardeado uma suposta agressividade crescente dos russos, o que estaria comprovado com a operação na Ucrânia agora. Entretanto, é uma peça de ficção somente pois, não é a Rússia que tem centenas de bases espalhadas por todo o mundo, não foi a Rússia que invadiu mais de 40 países nos últimos 50 anos, matando milhões de pessoas, não foram os russos que detonaram a única arma nuclear já usada contra uma população no mundo, mas sim foram os americanos e seus parceiros imperialistas.
Finalmente, o conflito na Ucrânia tem deixado cada vez mais “nua” a política de guerra imperialista com argumentos esfarrapados, fajutos e que não sustentam mais a lógica de lucro através de guerras fabricadas e usam países para realizar suas guerras por procuração e joga populações inteiras para morrerem como “buchas de canhão”. A confrontação da Rússia com imperialismo tem se mostrado um dos maiores acontecimentos das últimas décadas, ampliando a crise da dominação imperialista no mundo, o que pode abrir precedentes para os povos oprimidos em todo o mundo, na luta contra a burguesia internacional.