Dentre as inúmeras influências de Pelé sobre o futebol, uma das que mais se destaca é a importância da camisa 10. A Dez é destinada, em geral, ao melhor jogador do time, ao craque, ao líder. Essa camisa até já virou música do cantor e compositor Luiz Américo. A letra critica a Seleção de 1974, quando Pelé já não jogava no time. O refrão diz o seguinte:
“É camisa dez da seleção, laia, laia, laia
Dez é a camisa dele,
Quem é que vai no lugar dele?”
Ninguém sabe ao certo como esse número foi parar com o craque. A numeração nas camisas foi criada para facilitar a identificação dos jogadores e passou a ser utilizada no começo do século, em 1924. Naquela época, os números eram fixos e partiam do 1 com o goleiro, e aumentavam em direção ao ataque, sendo que a 2 e a 3 ficavam com os zagueiros; 4, 5 e 6 com os meias etc. Se um jogador deixasse de atuar em determinado jogo, o atleta substituto utilizaria o número daquela posição.
No início de sua carreira, ainda no Bauru Atlético Clube, Pelé jogava com a 8. Quando passou a treinar no Santos, em 1956, Pelé continuou com a 8. Após uma fratura tirar Válter Vasconcelos dos gramados, Pelé o substitui e passou a atuar com a 10. Isso já no ano de 1957.
Pelé estreou com a camisa 9 na Seleção, e no Mundial de 1958 passou a usar a 10. Ninguém sabe ao certo como isso aconteceu. Pelé chegou a dizer que talvez fosse pelo número de registro dos jogadores na Federação. Na Copa da Suécia (1958) teria sido o décimo jogador inscrito. Em outra oportunidade, teria dito que foi um sorteio e acabou recebendo a camisa.
Zagallo, que à época jogava na Seleção, acredita que era por conta da numeração que eles tinham em suas malas. Ele, por exemplo, tinha a mala de número 7 e jogou com a camisa do mesmo número.
Depois que aquele garoto, de 17 anos, foi campeão naquela Copa, fazendo gol dando chapéu dentro da área, com aquela camisa, o número passou a ter importância. A camisa dez virou um símbolo e todo mundo sabe o peso que ela tem, ainda mais se for na Seleção Canarinha.
Hoje, todos os times, todas as seleções do mundo destinam a camisa 10 para seus destaques. Na Argentina, por exemplo, já passou por Maradona e Messi. No Brasil, os jogadores que mais vestiram essa camisa foram Pelé (105 vezes), Neymar, Rivaldo, Rivelino, Zico, Ronaldinho, Kaká, Raí, Didi e Leonardo.
Com a morte de Pelé, o mais justo, talvez, seria aposentar essa camisa na nossa Seleção. Isso deixaria marcado que só existiu um verdadeiro Camisa 10, aquele que criou o mito desse número e é seu único merecedor.