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Roberto França

Militante do Partido da Causa Operária. Professor de Geografia da Unila. Redator e colunista do Diário Causa Operária e membro do Blog Internacionalismo.

Suruba imperialista

A obscenidade do imperialismo desperto

O voto em Lula, somente no segundo turno é capitulação e golpe

“A soberania do pensamento realiza-se através de uma série de seres humanos pensantes muito pouco soberanos; os conhecimentos que podem alegar títulos incondicionais de verdade se impõem depois de uma série de erros relativos; nenhuma soberania pode converter-se em plena realidade a não ser através da duração infinita da própria realidade”. (Anti-Dühring, Friedrich Engels, Verdades Eternas)

ATENÇÃO: Esta coluna não é machista, misógina, cis e patriarcal, utiliza-se de fontes abertas, não apela para a atuação em propagandas para o Jorge Paulo Lemann, e atuações vips na GNT, Multishow e E! (da NBC).

De pin-up à porta voz do golpe continuado

O ator Guilherme Terreri Pereira foi recentemente aclamado pela esquerda pequeno-burguesa universitária, pelos indigentes intelectuais do Esquerda Diário, e pelo Partido da Imprensa Golpista (PIG), por ter se apresentado como uma das melhores armas do imperialismo contra Lula, declarando seu apoio ao PCB, UP ou PSTU, um “voto radical no primeiro turno”.

Rita conseguiu o prêmio que queria, ao dizer o que os golpistas gostariam de ouvir, caindo no colo de protetores de golpistas, como Guilherme Boulos. Isso significa o seguinte: Quando a autoproclamada “esquerda radical” ataca Lula parece mais verossímil, como se as escolhas políticas de “influenciadores”, “confirmassem”, aos seguidores, que o candidato do PT supostamente seja mero espantalho a serviço da burguesia e do imperialismo.

Chico Alves, em sua coluna para o PIG escreveu em letras garrafais: “Influenciadora da esquerda, Rita von Hunty reprova voto em Lula no 1º turno”. Alves, que assina a reportagem para o UOL, aproveita-se da mesma tinta fosca e descarrega: ”tom de reconciliação com os golpistas responsáveis pela desgraça que hoje acomete os trabalhadores e povos pobres do Brasil”. 

Não vamos falar aquilo que quase todo mundo já sabe, que Guilherme Terreri, participou do golpe, não se sabe se por ingenuidade ou via patrocínios de que dispõem atualmente como a Editora Boitempo, atuante oficial de rede financiada pela Fundação Ford, conforme demonstraremos em subtítulo doravante.

O que se coloca no cardápio para a esquerda é um tempero indigesto que reproduz o quinta-colunismo histórico de setores esquerdistas, especialmente ligados ao PCB e satélites stalinistas e pseudo-trotskistas. 

Trocando em miúdos, além de tripa seca, o tempero é o imperialismo é um panis et circences para uma esquerda domesticável, por intermédio dos setores oportunistas, como é o caso da maquinaria Boitempo e todos os atuantes no canal e na publicação de livros da editora, que intercala clássicos mal traduzidos, com livros bibliodiversité (palavra que fará sentido na crítica à Boitempo, em item à parte).

Por trás da “retórica radical”, existe um menu com diversas opções: identitarismo, reformismo, moralismo e performances para ludibriar até mesmo aqueles que se auto-proclamam a intelligentsia, como o próprio ator, que gosta de fazer pin-ups, Guilherme Terreri. Para um site da USP, o ator descreve que faz da “arte performática um meio de interferir nos discursos normativos da sexualidade”. 

Em entrevista para o Jornalismo Júnior, Terreri afirmou também: “O que eu gosto de fazer no palco é performance de gênero. Eu gosto de criar uma atmosfera burlesca, de brincar com a identidade da pin-up. Mas eu quero que, em algum ponto da minha performance, o meu público se indague se eles estão assistindo a um homem ou uma mulher e que eles levem esse questionamento de gênero adiante”, afirma.

Nenhum marxista colocaria a identidade como força motriz do desenvolvimento da sociedade. Se o marxista coloca a identidade no centro da luta política, a luta política se torna a luta de grupos políticos por um naco do regime.

Como vimos denunciando sobre a “woke culture”, ou simplesmente cultura identitária. O imperialismo “desperto” identificou uma forma de oprimir sem utilizar arsenal bélico, mas performances vazias de conteúdo, importando elementos distorcidos do marxismo.

Para identificar onde o imperialismo “desperto” (woke), temos que defini-lo primeiro. 

Identitarismo é um sub-regime controlado pelo capitalismo baseado na reforma moral, utilizando-se a retórica “inclusiva” para continuar oprimindo os trabalhadores. Trata-se apenas de cooptação política utilizando-se a máquina de softpower dos filantropos e até mesmo do Estado, como o caso do NED. Assim como o identitarismo europeu chauvinista, que serve aos interesses imperialistas em tempos de crise, como no caso ucraniano contra a Rússia, o identitarismo supostamente de esquerda, inclusivo, também é voltado à repressão moral, intelectual e no “cancelamento”.

A doutrina da Responsabilidade ao Proteger (R2P) foi oficializada pelas Nações Unidas em 2005, mas suas raízes remontam aos bombardeios da OTAN sobre a Iugoslávia. Durante os anos Obama, o termo “intervenção humanitária” tornou-se doutrina de Estado e elevou a condição dos imperialistas como guardiões de todas as “civilizações”.

O imperialismo desperto é a evolução da própria arte da guerra, o prolongamento da política dos Estados Unidos para o mundo. Trata-se de um “capitalismo arco-íris”, adaptando-se, ao mesmo tempo, moldando um público ávido por novidades sensoriais e de mercado. Os capitalistas não querem contratar acompanhantes para se passarem por homens brancos cis, já podem sair do armário diretamente para o controle dos negócios.

Voltando ao Guilherme Terreri, o Jornalismo Júnior contou um pouco da trajetória de Terreri: 

“Terreri descobriu RuPaul’s Drag Race em 2011 e acabou incorporando essa cultura em fevereiro de 2013, movido pela falta que lhe fazia o teatro enquanto trabalhava apenas como professor de língua e literatura inglesa.
Com a bagagem que adquiriu em seus estudos sobre arte, Guilherme foi construindo Rita von Hunty, a elegante showrunner do canal Tempero Drag, uma homenagem a Rita Hayworth e a tantas outras celebridades hollywoodianas, como Lauren Bacall, Bette Davies e Elisabeth Taylor, bem como as pin-ups e a melancólica Betty Boop. Dentre as drags de RuPaul’s Drag Race, as maiores influências são as de Carmen Carrera, Tammy Brown e BenDeLaCreme.”

Referências norte-americanas da cultura pop de massas e celebração do imperialismo como via de transformação da sociedade constam nessas colocações. Evidentemente que não condenamos a cultura alheia ao nosso país, mas há clara e evidente contemplação à ícones pop que passam no programa de TV da NBC desde 2009.

Boitempo, a incubadora do Tempero Drag e a Fundação Ford

A Boitempo, editora por onde passam figuras de ecossocialistas, a turba do PCB e PSOL, tem relações diretas com a Open Democracy. Assim como a Carta Capital, o Blog da Boitempo é referência latino-americana da ONG imperialista do Reino Unido, holding da Open Society.

Além da relação com a Open Society, a Boitempo faz parte de uma ONG imperialista francesa, que atua como uma rede de editoras “independentes”, a Alliance internationale des éditeurs indépendants. Essa ONG é financiada pelo imperialismo francês, além da Unesco. De acordo com a Alliance, a ONG é  apoiada pela Charles Léopold Mayer, Fundação Ford, a UNESCO, a União Latina, a Organização Internacional de La Francophonie e a Fundação Prince Claus.

Partícipe do Golpe de 2016, com obras como Ocuppy e Cidades Rebeldes, a Boitempo obteve um grande volume financeiro em 2014. Muitos recursos para mobilizar o golpe de Estado. Uma busca pelos grants no site pode ser feito por qualquer pessoa, podendo ser encontrado muitos atores políticos do movimento Não Vai Ter Copa, por exemplo.

A Alliance, além de mobilizar, via Boitempo, energia para desestabilizar o Brasil, organiza um Observatório com “indicadores de Bibliodiversidade”, daí a publicação de traduções mal feitas das obras marxistas. A ideia é justamente se camuflar de radicais, mas mobilizar a cultura identitária com forte influência.

Não foi a toa, que a antimarxista Rita Von Hunty, persona drag de Guilherme Terreri, apresentou o programa da Boitempo em homenagem ao aniversário de Marx, com figuras que distorcem o marxismo em favor da real política de conciliação, como a Marilena Chauí, que fez uma fala vergonhosa, antimarxista, a serviço do identitarismo (1h20).

Por fim, a Boitempo é vetor da tentativa de desmoralização do marxismo e, principalmente, da luta da classe trabalhadora, como tentou fazer Düring, o Boulos do tempo de Engels. Enquanto a realidade impõe a luta concreta, os marxistas precisam denunciar as infiltrações como identitários, como Guilherme ,ou Rita, que fez trajetória política nas mãos do PIG, do imperialismo e sobe em cima do marxismo, sem o mínimo rigor e pudor, sem análise, como se estivesse em seu início de carreira, como defensora do veganismo, da luta abstrata contra o machismo e todas as pautas que não unificam a luta contra o regime político.

*A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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