Nesta quinta (24) os brasileiros acordaram com um coro estridente e histérico da imprensa monopolista brasileira e internacional. Afirmando em uníssono “Rússia invade Ucrânia, veja imagens, veja fotos etc”. Uma mera repetição de expressões, de jargões e constatações rasas realizadas de forma imediata que mostram mais um aspecto de como a imprensa se tornou uma fábrica de mentiras em proporções gigantescas.
A questão aqui, não é exatamente debater os detalhes do conteúdo, se foi invasão, se é ataque, se é defesa etc, mas sim mostrar como a grande imprensa há muito tempo deixou de fazer jornalismo e age somente como agente da propaganda política dos países imperialistas contra os países oprimidos.
Para entender um pouco essa manipulação podemos começar com uma simples busca nos mecanismos de busca na internet. Ao buscar a palavra “Ucrânia” uma cadeia de “notícias” repetidas aparecem, todas repetindo a mesma posição da imprensa imperialista internacional, no caso, a “invasão” da Ucrânia pela Rússia, apenas com palavras diferentes.
Cada uma das notícias tem o papel de dar sustentação por baixo, como pequenas engrenagens idênticas que compõem um grande sistema superior. Porém, a semelhança não é idêntica, pois, ao contrário de um sistema celular em que cada pequena unidade realiza um trabalho que incrementa o um trabalho maior, na realidade, este fato é ainda agravado porque não há trabalho das “células”, das pequenas engrenagens, mas sim uma pura reprodução de conteúdo feita pelos veículos de “imprensa” locais. A “notícia” é criada pelos grandes veículos (jornais, agências, canais de TV) internacionais como Reuters, Associated Press (AP), France-Presse (AFP), The New York Times, CNN, BBC e é literalmente reproduzida pelos veículos locais, muitos também associados economicamente.
A falência da imprensa
Há alguns fatores importantes que explicam essa desmoralização completa da imprensa capitalista, principalmente quando comparada com uma atividade jornalística mais desenvolvida. Primeiro, as próprias mudanças no setor de comunicação trazem desafios constantes, pelo menos, nos últimos 30 anos, aonde viu-se o enxugamento de redações, a redução ou extinção de atividades de suporte técnico, o fim do vínculo empregatício dos jornalistas com a empresa, todos fatores produto das várias crises econômicas que impactaram os monopólios. Outro produto das crises, é a dependência do Estado seja como financiado direto (contratando seus serviços), indireto (com medidas legais que facilitam a atividade e reduzem custos).
Há muito tempo, prestar um serviço de informação deixou de ser atividade principal das grades empresas do setor, atividade substituída por uma venda de serviços a poderosos grupos políticos que comandam o Estado e os mercados financeiros. Um trabalho sujo que faz com que qualquer as chamada grande imprensa seja uma prostituta dos maiores capitalistas internacionais e sua longa teia de interesses na dominação política, fazendo uma propaganda intensa, diária de suas posições.
A farsa do teatro de guerra
É o que estamos assistindo, por exemplo, no caso do conflito entre a Rússia e o governo semi nazista da Ucrânia. Bastou o conglomerado industrial militar dos EUA darem a ordem através da boca mecanizada de Joe Biden que as grandes engrenagens, do que se acredita ser imprensa, começarem a reproduzir as ordens em forma de frases de agitação e propaganda:
“Urgente: Rússia invade a ucrânia”; “Milhares de pessoas lotam as ruas para fugir da guerra”; “Bombardeios russos na madrugada”; “Rússia invade Kiev”; Além das “constatações” há algo pior, as conclusões estapafúrdias pinceladas com justificativas transloucadas, deixando qualquer entendedor, mínimo, das disputas internacionais, “de queixo caído”.
Conclusões como: “Putin age como Hitler”; “De onde vem o interesse de Putin em tomar a Ucrânia?”; “Rússia ataca a Ucrânia, entenda o conflito”.
Além das já esperadas propagandas positiva para os reais culpados da crise, os EUA. “EUA enviarão toda a ajuda para ucranianos”; “Biden, acusa Putin de romper acordos”; “EUA irá sancionar russos pela invasão”. Pura propaganda pois, a ajuda é mais moral que material, não irão colocar um soldado sequer na Ucrânia, os acordo foram rompidos pela Ucrânia e pela OTAN, no caso os de Minsk, as sanções não terão efeito algum na Rússia que já está “sancionada desde 2014”.
Esses são só alguns exemplos da completa falência dos grandes veículos de imprensa internacional e também da rede por eles montada, que acumula cada vez mais descrédito da população. A subserviência ao poder dos grandes capitalistas, tem acabado de enterrar esse modelo antigo de manipulação, muito por conta do advento da popularização da internet também.
Essa grande imprensa, que há décadas atrás, executou um papel de grande relevância para a burguesia internacional ao difundir e aumentar os níveis de aceitação da política tocada pelos capitalistas no momento, está à beira do precipício, se segurando pelos dedos, juntamente com setores centrais do imperialismo europeu e norte-americano por não ter conseguido fazê-los vitoriosos de antemão – antes mesmo dos conflitos começarem – somente inundando o ambiente político com mentiras e sufocando as pessoas comuns com uma massa de “notícias” martelando nos pontos principais elencados pelos grandes capitalistas.
Em nosso benefício, hoje vivemos a época da internet e das redes sociais aonde é possível buscar informações desvencilhadas desse sistema falido da grande imprensa. É claro que não é simples, é um processo em que a grande maioria da população não faz nem ideia, o que é normal por questões econômicas. Mas, o fato é que esta possibilidade existe, está se difundindo e ajudando a enterrar de vez esse velho sistema de propaganda imperialista.