Fronteira em disputa

A imposição do caos entre Quirguistão e Tadjiquistão

A OTSC, por intermédio da operação "Frontier-2022", visa impedir um novo Afeganistão no vale entre Quirguistão e Tadjiquistão

A delimitação e demarcação das fronteiras do Quirguistão e do Tajiquistão não é apenas uma questão entre os países e seus respectivos territórios. Trata-se de uma questão relacionada aos meios de subsistência, recursos naturais, infraestrutura e cultura. As tensões sobre recursos como água, terra e pastagens continuam e o imperialismo se oportuniza. Somente em 2022, ocorreram duas guerras que tiveram cessar fogo mediado por Vladimir Putin, mesmo em meio ao conflito com a Ucrânia.

Antecedentes

Em geral, a questão quirguiz-tadjique com recursos terrestres e hídricos vem acontecendo desde a década de 1920, desde os tempos da União Soviética. Os primeiros confrontos entre Quirguistão e Tajiquistão foram registrados em 1936, 1938, 1969, 1975 e 1989. Depois de ganhar a soberania, do total de 971 km de fronteiras, apenas 519 km foram demarcados e delimitados. O resto da fronteira permanece contestada, com cerca de 70 áreas de conflito não coordenadas, especialmente nas regiões de Batken (Quirguistão) e Isfara, incluindo o enclave Vorukh (Tajiquistão).

Enclave Vorukh

Nos últimos 10 anos, mais de 150 conflitos ocorreram nas fronteiras do Quirguistão e do Tajiquistão com cidadãos feridos e vítimas de ambos os lados, e todos os anos há confrontos nas áreas fronteiriças. É nessa complexidade territorial que atuará o imperialismo, utilizando o mesmo método de organização de frentes mercenárias em ambos os lados do conflito.

“Frontier-2022”

A Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC) desde o dia 17, iniciou uma campanha de exercícios conjuntos com as forças coletivas de implantação rápida da região da Ásia Central “Frontier-2022”, no Tajiquistão, informou o centro de imprensa conjunto dos exercícios OTSC. “Hoje, uma fase ativa de um exercício conjunto com as forças coletivas de implantação rápida da região da Ásia Central “Frontier-2022″ começou no Tajiquistão no campo de treinamento de Kharbmaydon”, diz a mensagem.

Os territórios indefinidos entre os dois estados tornam-se periodicamente uma zona de conflito. A última vez que a situação na fronteira Tadjique-Quirguistão aumentou foi de 14 a 16 de setembro. O lado do Quirguistão registrou 63 mortos e 198 cidadãos feridos como resultado dos confrontos. O Tajiquistão anunciou 41 mortos e 30 feridos.Em 25 de setembro, representantes do Quirguistão e do Tadjiquistão assinaram um protocolo sobre a solução da situação, no qual concordaram em encerrar os conflitos na fronteira e acelerar o processo de delimitação e demarcação. Além disso, de acordo com o documento, as partes concordaram em parar os ataques em quatro pontos de fronteira onde os conflitos ocorreram com mais frequência.

O explosivo crescimento populacional nas regiões fronteiriças do Tajiquistão, se contrastam com o Quirguistão, onde o crescimento vegetativo populacional é negativo. Os quirguizes temem que os tadjiques os superem por razões naturais. A proporção nas áreas fronteiriças é de cerca de seis para um; há muito menos quirguizes do que tadjiques, por isso os quirguizes temem seriamente que a migração interna, somada aos número emigrados do Quirguistão, eventualmente crie uma situação de vácuo no lado quirguiz, e um aumento absolutamente dominante no número do lado tajique, onde as pessoas sofrerão com a falta de recursos terrestres e hídricos.

O patamar da disputa e os grupos envolvidos

A situação de superlotação é impulsionada pela pobreza e pela falta de recursos. Quase toda a população do vale fronteiriço depende da pecuária e da agricultura, então cada pedaço de terra vale seu peso em ouro. Fazendeiros e pastores e vários clãs reivindicam esta terra. Rotas de tráfico de drogas e contrabando de armas passam pelo vale. Essa situação geográfica favorece a entrada de grupos financiados pelo imperialismo para impor ainda mais caos, aí entram mais armas, mais drogas e guerra de informações contra os dois lados. Os Estados Unidos, em uma política de caos, procura impor bases e organizar estratégias de tomada para um “novo Afeganistão”.

A Ásia Central tem sido sistematicamente atacado pelo imperialismo, desde conflitos na Geórgia, que tenta recuperar a Ossétia do Norte, até a tentativa de esfacelamento da unidade da União Econômica Eurasiática, manifesta pelas ações no Cazaquistão no início de 2022, até o desenvolvimento da guerra na Ucrânia, todos esses conflitos fazem parte da mesma forma de organização das relações internacionais nesta década. O capitalismo, em profunda crise, utiliza expediente de guerras de desgaste no entorno sino-eurasiático, a fim de fortalecer a antiga tese de Halford Makinder, isto é, quem controla o Coração do Mundo (Rússia e Ásia Central), controla o mundo. Apesar dos avanços técnicos na aeronáutica e marinha, o poder terrestre ainda é o mais fundamental, de onde se é possível organizar e desorganizar as relações internacionais em favor do imperialismo.

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