Nesta semana, Miriam Leitão, uma das principais porta vozes da imprensa golpista da Rede Globo, divulgou áudios revelados pelo historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nestes áudios, ministros da ditadura, em suma, militares das mais variadas patentes de direção do exército, conversavam em mais de 10 mil horas de gravação, sobre tortura e ocorridos relacionados durante o regime militar.
Os áudios datam do início da década de 70, e revelam a brutalidade da ditadura, que por meio do exército e das polícias, torturaram e assassinaram milhares de brasileiros. Os áudios ganharam grande repercussão devido a sua enorme brutalidade, chegando até o vice-presidente, o general Hamilton Mourão.
No entanto, conforme dito em entrevista pelo general bolsonarista, os áudios “não servem para nada”. Em suas próprias palavras, não há nada a ser apurado sobre as torturas na ditadura feitas pelos militares, pois os mesmos já se encontram mortos. É fato que, conforme disse Mourão, todos estão mortos, no entanto, o riso com desdém de Mourão revela que por parte da cúpula militar atual e do regime golpista, as práticas adotas na ditadura nada mais são que um “meio” de ação contra a classe trabalhadora. A falta de preocupação com os áudios revelados e as acusações contra os “terroristas” de esquerda denota que os que hoje mantém o regime golpista, são os alunos diretos dos militares da ditadura.
Por outro lado, as matérias escandalosas vistas na imprensa burguesa em relação à fala de Mourão não passam de uma mera campanha eleitoral contra Bolsonaro. A campanha trata-se de um grande cinismo por parte da imprensa burguesa, que em primeiro lugar, apoiou a ditadura militar em todo o seu período, sobretudo a Rede Globo, como porta-voz do regime militar. Além disso, a campanha se mostra completamente farsesca, dado o fato de que esta mesma imprensa impulsionou o golpe de estado em 2016 contra Dilma Rousseff, e apoia o governo Bolsonaro contra os trabalhadores.
Agora, com a chegada das eleições, a imprensa burguesa finge se preocupar com os torturados do passado, enquanto a burguesia brutalmente assassina, por meio de suas forças de repressão, milhares de pessoas, todos os anos nas periferias. O golpe já matou mais de meio milhão na pandemia, um verdadeiro genocídio. No entanto, como uma boa campanha eleitoral, a preocupação sempre é levada as questões que já não podem mais ser solucionadas.
Ao contrário do que pode parecer, esta campanha da imprensa não visa favorecer uma candidatura à esquerda de Bolsonaro, mas sim, a política “democrática” da terceira-via.
A demagogia não tem nenhum caráter prático para a esquerda, muito menos para os trabalhadores. Denunciar a ditadura do passado é fundamental, no entanto a campanha real é contra a ditadura do presente, contra os golpistas e contra a burguesia. Algo que a imprensa burguesa está muito longe de realizar.