Polêmica

A esquerda nunca foi pacifista

A esquerda pequeno-burguesa mundial choraminga quando vê uma guerra contra o imperialismo, mas nada diz quando o imperialismo massacra o próprio povo

Diante da ação russa contra alvos militares da Ucrânia, alguns setores procuraram apresentar a ideia de que a esquerda deve ser sempre pacifista. A direção do PT se posicionou assim e de outros partidos também. Trata-se de uma ideia infantil, se levarmos em conta o fato de que o imperialismo cercou a Rússia com suas tropas, ameaçando, assim, seu território.

A esquerda pequeno-burguesa está sempre tecendo os mais melosos “argumentos” a respeito da paz, definindo-a como algo que jamais deveria se sacrificar, que valeria mais do que qualquer outro objetivo.

É evidente que a guerra, ou melhor, a violência em geral, é uma coisa que a maioria das pessoas do mundo procura evitar. O ponto aqui é que muitas situações são extremamente terríveis para a maioria da humanidade: o desemprego, a fome, o medo de não ter condições de dar um futuro minimamente digno para os filhos. Essas são violências que atormentam a maioria da população mundial nos dias de hoje, além da violência explícita cometida diariamente pelo estado burguês através de seus órgãos repressivos: polícia, forças armadas, tribunais.

Qualquer revolucionário de esquerda sabe que será obrigado a recorrer à violência para efetivar vitória se seu objetivo principal for a revolução. Isso se explica pelo fato de que a classe dominante reacionária não abrirá mão de seu poder pacificamente.

As leis, na sociedade de classes, refletem o poder da classe dominante e mantêm essa situação de dominação. Nos momentos de crise aguda de qualquer modo de produção, essas leis passam a ser insuficientes para manter o domínio da classe dominante, e ela tende a recorrer cada vez mais ao endurecimento dessas leis, ilegalidades, ditaduras e guerra civil contra os que se rebelam e contra o povo em geral, para piorar as suas condições de vida e melhorar as da classe dominante.

É natural pensar que quem tem privilégio não abrirá mão disso sem resistir, não importando o quanto a lei permita discussões parlamentares inócuas.

Todavia, não se descartaria a possibilidade teórica de uma transformação revolucionária pacífica, mas isso exigiria condições ideais em grau máximo, o que é que algo absolutamente raro e, no momento histórico atual, impossível, se consideramos que o maior poder da Terra, o imperialismo, é o grande inimigo dessa transformação, e já age com violência diariamente. Isso exige que a classe revolucionária esteja de prontidão para responder à altura.

Se a classe dominante, sentindo que seu mundo de privilégios está chegando ao fim, procura agir de forma cada vez mais violenta, é óbvio que a violência acabará sendo um recurso que a esquerda revolucionária usará, mais cedo ou mais tarde.

Mesmo que a classe dominante não recorresse a métodos ilegais contra os revolucionários (o que não é fato, já que eles cometem crimes contra o povo o tempo todo), estes terão que fazê-lo, já que o objetivo de uma revolução é justamente mudar a realidade material – a infraestrutura da sociedade – qualitativamente, o que leva a um enfrentamento contra a ordem vigente e sua superestrutura, o que abrange as leis, e que terão que ser violadas. Nesse ponto, agindo em nome da lei da sociedade moribunda, a classe dominante age com mais violência, contra a qual igual violência deve ser exercida pelos revolucionários.

Se isso vale para a revolução socialista que marca nossa época, vale também para a luta contra o imperialismo, a outra marca do nosso tempo.

O imperialismo, principalmente o norte-americano, utiliza-se da violência constantemente. Países são invadidos e governos derrubados para manterem os lucros das empresas dos países imperialistas, populações são exterminadas para recursos naturais sejam usurpados, bombas atômicas são jogadas em Hirsoshima e Nagasaki quando a guerra já estava vencida apenas para demonstrar força.

Qualquer violência que se use contra o imperialismo é legítima porque todo e qualquer meio usado pelos povos oprimidos contra os opressores é legítimo. Isso vale tanto para a Revolução Cubana como para a guerra vitoriosa do Talibã contra os EUA e a guerra defensiva da Rússia contra o regime ucraniano dominado por nazistas fruto do golpe de estado dirigido pelo imperialismo norte-americano e europeu em 2014.

A violência nos dias de hoje no mundo é decorrente quase 100% da ação do imperialismo, e qualquer pessoa de esquerda deveria compreender que apenas o fim da opressão de poucos sobre a maioria da humanidade poderá nos conduzir a um futuro de paz, justa e duradoura.

Na situação atual, o problema da guerra e dos conflitos está colocado pelo próprio imperialismo, que não iria jamais se impressionar com pedidos de “paz” e “união entre os povos”, já que seu principal objetivo é o de oprimir e esmagar o resto do mundo. A reação russa é apenas defensiva e colocada para sobreviver diante da ofensiva imperialista.

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