O fim da corrida presidencial se aproxima, e com o segundo turno se tornando cada vez mais uma expressão do conflito de classes no Brasil, uma polarização entre a vontade do povo e a vontade da burguesia, a campanha de Lula precisa agir para se colocar à frente dessa necessidade política fundamental. As pesquisas cada vez mais diminuem a diferença entre Lula e Bolsonaro, e a imprensa capitalista perdeu completamente a postura agressiva que tinha com Bolsonaro no primeiro turno, onde tratava o atual presidente como o anti-Cristo encarnado que traria o fim dos tempos ao Brasil, e que todos estariam unidos em torno de removê-lo do poder. Essa fantasia acabou, e com isso, o coma em que a campanha do PT se colocou tem que acabar junto. O momento pede por mobilização, e para isso o PT tem a faca e o queijo na mão, o PT tem a CUT, e a CUT tem os sindicatos.
Assim que começou o segundo turno, a guinada da candidatura de Lula à esquerda foi visível, e foi um aceno positivo ao potencial mobilizador que a campanha presidencial possuía. Os comícios largaram a escolta e as revistas e se tornaram grandes atividades de massa que atraíram milhares de pessoas Brasil afora. O problema neste momento é outro. É que essa tendencia de mobilização popular da campanha de Lula, apesar de não estar mais sendo represada, está desorganizada e esparsa. Sendo assim, as bases militantes do PT precisam fazer um esforço para que haja um aproveitamento dessa tendência e esses últimos dias de campanha se tornem em um verdadeiro movimento de massas por Lula presidente e por um governo dos trabalhadores.
A CUT com seus quase 2400 sindicatos filiados tem o poder de mudar os rumos dessa eleição e da situação política brasileira. Apesar do que dizem certos elementos do PT, a eleição não está ganha, e essa garantia só não existe porque a agitação da campanha eleitoral não se traduziu em agitação nos sindicatos, bairros populares e bases operárias. Esse é o setor da população que tem o potencial de mudar o jogo e pesar a balança para a esquerda. A falta de uma campanha mais politizada faz com que determinados setores do eleitorado natural do PT, como é o caso da classe operária mais especializada, que é o setor mais politizado e dinâmico da população, e é justamente o setor do povo que a CUT teria de influenciar através dos sindicatos, está sob grande influência do bolsonarismo, que tem se colocado a disputar politicamente esse pedaço do eleitorado, juntamente com setores da classe média baixa e do setor menor da burguesia nacional.
Esse cenário é por um lado preocupante, pois acena para uma adesão de setores populares à extrema direita, mas por outro lado, mostra a insatisfação e a tendência de mobilização desses setores diante do desastre econômico neoliberal que vêm sendo perpetrado desde o fim da ditadura até os dias de hoje. Essa fatia do eleitorado está para jogo, e pode ser ainda influenciada a votar em Lula, caso ele se mostre como um elemento pró-mobilização e mudança no sistema político e econômico atual, que esmaga a economia nacional e, por consequência, o proletariado nacional, que é este que o PT tem de ganhar através da CUT.





