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Fábio Picchi

Militante do Partido da Causa Operária (PCO). Membro do Blog Internacionalismo e do Coletivo de Tecnologia do Partido da Causa Operária. Programador.

Operação coordenada

A censura das massas avança a passos largos

O caso Monark não tem nada a ver com apologia ao nazismo e está longe de ser um caso isolado

Antes de escrever esta coluna, abri a página principal deste Diário e vi manchetes e manchetes sobre o “caso Monark”. A cara do podcaster estava por todos os lugares. O tema foi eloquentemente esclarecido ontem (12) pelo companheiro Rui Costa Pimenta na Análise Política da Semana, no que foi uma verdadeira aula de marxismo, teoria política e filosofia.

Peço desculpas ao leitor, talvez já cansado do tema, mas não tenho cabeça para outro assunto. Vou tentar, ao menos, abordá-lo por um outro ângulo.

Ao mesmo tempo em que a imprensa brasileira promove uma verdadeira campanha de difamação contra um dos líderes do podcast mais ouvido no Brasil, outra ação similar ocorre no estrangeiro. Joe Rogan, o apresentador do The Joe Rogan Experience, também é alvo de perseguição. A imprensa monopolista mundial dedica algumas manchetes por semana, há pelo menos um mês, atacando o podcaster mais ouvido do mundo.

Para que tenhamos noção do alcance de Rogan, trago os dados. Cada episódio de seu programa na internet atrai mais de 11 milhões de ouvintes. Rogan é tão popular que o principal serviço de streaming de áudio do mundo, o Spotify, comprou direitos para reproduzir com exclusividade seu podcast por US$100 milhões em 2020.

O programa de Rogan é similar ao Flow, de Monark. Cada episódio consiste numa entrevista com uma pessoa diferente, no formato de conversa informal. Assim como o Flow, as conversas de Rogan se estendem às vezes por 3 ou 4 horas. Seus convidados vão de celebridades, como o diretor de cinema Oliver Stone, a políticos como Bernie Sanders a até bilionários como Elon Musk, que raramente concede entrevistas à imprensa corporativa.

Os ataques da imprensa a Rogan também se assemelham aos feitos a Monark. A ideia central é que a liberdade de informação não pode ser ilimitada. Rogan, porém, não veiculou o caso hipotético da legalização de um Partido Nazista que, por curiosidade, existe em seu país, os EUA. Rogan é atacado não pelo que disse, mas por quem decidiu escutar em seu programa. Ele trouxe ao podcast o Dr. Robert Malone, médico que participou dos estudos iniciais envolvendo vacinas baseadas em mRNA, no início dos anos 1970, e que possui diversas patentes na área. Rogan trouxe um especialista em imunologia que possui uma visão diferente dos monopólios farmacêuticos — e dos políticos burgueses que os representam — sobre as vacinas usadas no combate ao coronavírus, especialmente as da Moderna e da Pfizer. Malone também critica, de uma forma geral, a política adotada quase que unanimemente no combate à pandemia.

Certo ou não, o entrevistado claramente tem credenciais para opinar sobre o assunto. Não que eu defenda que se deva tê-las para falar sobre qualquer coisa! Mas, enfim, é difícil alegar que Malone deve ser calado sob o pretexto de que não sabe o que diz. Cria-se então o conceito do “consenso científico” para ostracizá-lo e, por consequência, perseguir Rogan. Sim, estamos numa época em que não só a liberdade de expressão é restrita, como a transmissão de informações indevidas torna o transmissor cúmplice no crime.

A perseguição por veicular “desinformação” sobre a COVID-19 e suas vacinas, porém, caducou e foi substituída pela acusação de racismo. Oportunamente, alguém realizou uma montagem de Rogan falando a palavra “nigga” por quase 5 minutos. Uma compilação sem contexto de todas as vezes que o podcaster falou o termo pejorativo em relação aos negros na língua inglesa. Em nenhuma delas, obviamente, Rogan tinha a intenção de ser racista, mas a infantilização de problemas sociais chegou a tal ponto que nos EUA não se pode mais nem falar essa palavra. Usa-se o termo “n-word”, como se estivéssemos no universo do Harry Potter onde não se pode falar Voldemort, sob o risco de invocar o vilão. Aqui, o vilão invocado pela “n-word” seria o racismo que, como todos podemos averiguar, está, no momento, desaparecido.

Loucuras norte-americanas à parte, eu acredito que o fato de Monark e Rogan estarem sendo “cancelados” não é mero acaso. O PCO já tratou do problema no livro “A Era da Censura das Massas”, em que explicamos com dados como certos conteúdos na internet estão sendo sorrateiramente empurrados para baixo do tapete. O Flow e o Joe Rogan Experience, porém, não podem ser silenciados sem que a sua ampla audiência perceba — eles precisam ser condenados publicamente por uma dura campanha midiática para que se adaptem, isto é, reproduzam apenas conteúdo autorizado pela burguesia, ou desapareçam dos meios de comunicação eletrônicos.

A situação com a qual nos deparamos é o enorme esforço da burguesia para tolher essa que é uma das maiores conquistas sociais e tecnológicas da humanidade: a internet. Relacionando Rogan e Monark, quero chamar a atenção do leitor para o fato de que isso não é mero acaso. A operação acontece em escala global e avança a passos largos, infelizmente com o apoio de amplos setores da esquerda.

Colocar-se ao lado da censura de Rogan, Monark e quem quer que seja na internet é colocar-se à favor dessa operação. Não se trata de uma luta antifascista ou em defesa da “ciência” como propalam a grande imprensa e seus papagaios da pequena-burguesia dão à entender. É um esforço global para acabar com a livre comunicação nos meios digitais, com espaços como este.

A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a posição deste Diário.

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