No dia de hoje, completam-se 100 anos do nascimento do escritor português José Saramago. Foi autor de obras como “Ensaio sobre a Cegueira”, “O Homem duplicado”, “Intermitências da morte” e muitas outras, conhecidas amplamente no Brasil e em Portugal.
José Saramago é um dos escritores mais famosos do gênero conhecido como “realismo fantástico”, que tem também entre seus representantes o colombiano Gabriel García Márquez. O realismo fantástico na literatura são aquelas histórias com elementos de realidade misturados com sonhos e acontecimentos oníricos, folclóricos ou míticos. A mistura entre esses elementos é o que produz histórias como a de “Ensaio sobre a cegueira”, em que toda a população da Terra é acometida por uma doença contagiosa que deixa todos cegos.
José Saramago nasceu a 16 de novembro de 1922, na cidade de Golegã, localizada na freguesia de Azinhaga, em Portugal. Viveu pouco tempo ali, em 1924 sua família se mudou para Lisboa, onde ele passou a maior parte de sua vida. Antes de alcançar o sucesso com sua obra, chegou a trabalhar como serralheiro mecânico e depois foi funcionário público.
Publicou seu primeiro romance, “Terra do Pecado”, aos seus 25 anos. Posteriormente, publicou três livros de poesia: “Os Poemas Possíveis”, “Provavelmente Alegria” e “O Ano de 1993”.
Nesse período, ainda lançou muitas outras obras, trabalhou também como tradutor e jornalista. No entanto, o livro que inaugura o estilo pelo qual ficou conhecido é o de 1980, “Levantado do Chão”, em que ele relata as dificuldades da população pobre do Alentejo. Logo depois, publicou “Memorial do Convento” (1982), que chamou a atenção definitivamente de leitores e de críticos. Ao estilo do realismo fantástico, Saramago misturou fatos com personagens inventados: o rei D. João V e Bartolomeu de Gusmão, com os fictícios Blimunda e o operário Baltazar. O contraste entre a parasitária aristocracia e os operários que trabalham para a construção do país são a sua forma de apresentar uma crítica social
A partir daí, Saramago publicou muitas outras obras e foi premiado com o Prêmio Camões (1995), a distinção máxima oferecida a um escritor de língua portuguesa; e o Nobel de Literatura (1998).
Saramago também teve uma atuação política, tendo entrado no Partido Comunista Português (PCP), em 1969, tendo se lançado candidato a vários cargos pelo PCP e pela Coligação Democrática Unitária, uma coligação do PCP com o Partido Verde.
Ele também foi vítima de campanha identitária por parte dos sionistas, tendo sido acusado de anti-semita por ter afirmado que os sionistas não mereciam “simpatia pelo sofrimento por que passaram durante o Holocausto… Vivendo sob as trevas do Holocausto e esperando ser perdoados por tudo o que fazem em nome do que eles sofreram parece-me ser abusivo. Eles não aprenderam nada com o sofrimento dos seus pais e avós”.
José Saramago foi um escritor com estilo muito próprio, celebrado por gerações de leitores e até de espectadores de cinema que viram algumas de suas obras que se tornaram filmes, como “Ensaio Sobre a Cegueira” e “O Homem Duplicado”. Além disso, também teve uma atuação política e grande reconhecimento em seu país de origem e no Brasil.