Antônio Frederico de Castro Alves, também conhecido como o “Poeta dos Escravos”, ou apenas Castro Alves, foi talvez o maior expoente da poesia romântica na história do Brasil. Ele nasceu na Bahia, no dia 4 de março de 1847 e, curiosamente, viveu apenas 24 anos, quando veio a falecer em 1871 vítima de tuberculose.
O Poeta dos Escravos expressou em suas poesias a indignação aos graves problemas sociais de seu tempo, o período Imperial (1808-1889), trazendo à tona questões do povo. É patrono da cadeira n.º 7 da Academia Brasileira de Letras.
Naquele tempo, o Brasil era governado por uma monarquia, o rei era Dom Pedro II e, por isso, o poeta viveu cotidianamente com a escravidão. A luta em torno da abolição e o movimento republicano foram causas que ele apoiou e motivações para algumas de suas obras importantes. Sobre o tema republicano, ele escreveu “O século”, que traz trechos que criticam o poder monárquico:
“(…)
Quebre-se o cetro do Papa.
Faça-se dele — uma cruz!
A púrpura sirva ao povo
P’ra cobrir os ombros nus.
Que aos gritos do Niagara
— Sem escravos, — Guanabara
Se eleve ao fulgor dos sóis!
Banhem-se em luz os prostíbulos,
E das lascas dos patíbulos
Erga-se a estátua aos heróis!
(…)”
E sobre os ideais abolicionistas, escreveu o famoso poema “O Navio Negreiro”, que denuncia a escravidão do trabalhador negro, como no trecho abaixo:
“(…)
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder…
Hoje… cúm’lo de maldade,
Nem são livres p’ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute… Irrisão!…
(…)”
Apesar de ser baiano, erradicou-se para morar em Recife, onde veio estudar direito na Faculdade de Direito do Recife. Na capital pernambucana, apoiou politicamente o movimento praieiro, movimento republicano de caráter liberal que, naquela época, se posicionou em torno do combate às arbitrariedades da centralização política imposta pela monarquia.
Castro Alves foi um dos maiores nomes da poesia brasileira e deve ser celebrado pelos trabalhadores como um poeta que coloca a arte à serviço dos interesses do povo. Em termos literários, o Poeta dos Escravos deu ao movimento da poesia romântica um sentido social e revolucionário, se aproximando intimamente da escola realista. Por fim, foi um artista que usava do propósito político da arte que é, sobretudo, o de contribuir para ampliar o debate em torno dos problemas políticos que interessam ao povo trabalhador.


