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"Foda-se"

Waters diz “não” a Zuckerberg e denuncia censura do Facebook

Em evento em defesa de Julian Assange, o ex-líder do Pink Floyd denunciou o esquema de controle das redes sociais

Em recente evento pro-Julian Assange, Roger Waters (ex-baixista da banda Pink Floyd) discursou sobre um email que recebeu de Mark Zuckerberg lhe oferecendo uma grande quantidade de dinheiro em troca do direito de utilizar a canção Another Brick In The Wall Part II (uma das canções mais conhecidas do Pink Floyd) em uma propaganda do Instagram. 

“Chegou pela internet essa manhã. É uma solicitação para usar a minha música Another Brick In The Wall na produção de um filme promocional do Instagram. É uma carta de Mark Zuckerberg para mim com uma oferta de uma grande quantia de dinheiro…”, disse Roger Waters, “…e a minha resposta é: foda-se! Nem fudendo! Só estou mencionando essa carta porque é um movimento traiçoeiro de controlar absolutamente tudo”, justifica. “Então, aqueles de nós que possuem um pouco de poder, e eu tenho um pouco – pelo menos enquanto tenho controle das minhas próprias músicas – eu não serei parte dessa mentira, Zuckerberg. Querem usar minha música com o intuito de fazer com que o Facebook e o Instagram sejam mais poderosos do que já são para que permaneçam censurando todos nós que estamos nesta sala. Querem evitar que a história de Julian Assange seja publicada e o público em geral se revolte”, completou. 

Em outra ocasião, na turnê de 2018, Roger Waters já havia mencionado Zuckerberg nos telões do palco com os dizeres “resist”, sugerindo que o público resista ao Facebook e à censura da rede social. 

Em contrapartida, não são incomuns as tentativas de calar Roger Waters. Qualquer fã mais atento de Pink Floyd sabe que, no núcleo da banda, há antigos atritos entre o Waters e o guitarrista David Gilmour que, recentemente, voltaram à tona devido a uma tentativa de censura por parte de Gilmour. O conteúdo censurado seria uma nota que Mark Blake escreveu para o encarte da próxima reedição do icônico disco Animals (1977), do Pink Floyd. Segundo Waters, o objetivo de Gilmour é o de receber mais crédito pelo trabalho que fez no Pink Floyd (de 1967 a 1985) do que mereceria, e que chegou ao cúmulo de adulterar os fatos a respeito da história da banda e a mentir sobre seu papel no Pink Floyd durante os últimos 35 anos. 

Waters acusa Gilmour de bani-lo da página oficial do Pink Floyd com 30 milhões de seguidores no Facebook, assim como ocorreu em maio de 2020 quando Waters foi impedido, na mesma página, de postar seu novo arranjo da canção Mother

O fato é que Mark Blake, na nota do encarte, deixa bem claro que Animals é um disco que permanece obscuro até os dias de hoje devido à crítica direta ao capitalismo. 

“…Apesar de ter sido gravado em Londres durante a longa onda de calor do verão de 1976, o álbum Animals permanece sombrio. Sua crítica ao capitalismo e à ganância refletia o clima predominante na Grã-Bretanha: uma época de conflito industrial, turbulência econômica, os problemas na Irlanda do Norte e os motins raciais de Notting Hill…”, diz a nota. 

É possível deduzir que essa nota possa, de fato, prejudicar o objetivo lucrativo de Gilmour, uma vez que reforça um determinado obscurantismo em relação ao conceito do disco e reafirma, ironicamente, a posição política e ideológica de Roger Waters, um artista necessário.

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